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No cenário contemporâneo do conflito Ucrânia-Rússia, os drones emergiram como protagonistas de uma transformação tática, embora não revolucionária, na condução da guerra. A omnipresença dessas máquinas sobre as linhas de frente levantou debates acalorados sobre seu papel decisivo nos desfechos das batalhas. Contrariando a ideia de uma mudança fundamental no caráter da guerra, observa-se que os drones estão, de fato, redefinindo as estratégias em nível tático. Estas máquinas voadoras proporcionam capacidades acessíveis e em larga escala, antes inexistentes, complicando a concentração de forças e a realização de operações ofensivas surpresa.

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A Verdadeira Natureza dos Drones na Guerra

Contrapondo-se à narrativa de drones autônomos caçadores, a realidade nos revela um uso mais pragmático desses aparelhos. Desde pequenos quadricópteros comerciais a sofisticados drones de reconhecimento militar, sua aplicação varia significativamente. Evidencia-se que, ao invés de substituírem a artilharia tradicional ou obterem superioridade aérea, os drones atuam como amplificadores da precisão e eficácia dos ataques artísticos, evidenciando uma evolução, e não uma revolução, nas táticas de combate.

A Inovação dos Drones Kamikaze e de Primeira Pessoa

Um desenvolvimento notável no uso dos drones é a proliferação dos modelos kamikaze e de visão em primeira pessoa (FPV). Estes drones, construídos a partir de tecnologias comerciais, introduziram uma nova dimensão de precisão em ataques contra alvos móveis e fortificações, complementando eficazmente o poder de fogo da artilharia tradicional. Apesar de suas limitações de alcance e carga útil, sua capacidade de realizar ataques precisos em condições adversas representa um avanço significativo nas táticas de guerra terrestre.

A Autonomia e o Futuro dos Drones no Combate

Embora muitos acreditem na iminência de uma era de drones completamente autônomos, a realidade atual destoa dessa visão. A maioria dos drones empregados no conflito Ucrânia-Rússia ainda depende significativamente do controle humano, tanto para navegação quanto para a execução de ataques. Isso reflete uma autonomia limitada, focada em funções específicas como decolagem, pouso e evasão de colisões, mas ainda distante do conceito de “robôs assassinos” autônomos capazes de decisões independentes sobre alvos. O desenvolvimento de drones mais autônomos é uma possibilidade futura, mas atualmente enfrenta limitações técnicas e éticas significativas.

Uma Perspectiva Realista sobre os Drones

Ao final, a verdadeira história dos drones no conflito Ucrânia-Rússia é uma de evolução, não revolução. Estas ferramentas ampliam as capacidades táticas das forças em campo, mas não alteram fundamentalmente o caráter da guerra. A sua importância reside na capacidade de adaptar-se e integrar-se às estratégias existentes, potencializando o impacto da artilharia e fornecendo inteligência crítica sobre o campo de batalha. Como tal, a evolução contínua dos drones e suas capacidades será um fator chave nos futuros conflitos, mas não o único determinante dos resultados.

Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).