A história inspiradora das gêmeas que seguiram o sonho do pai na Marinha

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O mar sempre fez parte da vida de Bianca e Bruna Guido, não apenas pela proximidade com a costa fluminense, mas por algo ainda mais especial: o exemplo de um pai militar. As gêmeas seguiram o caminho do Suboficial Edson Guido, transformando o sonho dele em um destino comum para ambas. Unidas desde o nascimento, as irmãs agora navegam juntas pelo mesmo ideal, como Segundos-Sargentos da Marinha do Brasil.
História de Vida e Influência Familiar

A trajetória de Bianca e Bruna Guido começou a ser traçada muito antes de elas decidirem ingressar na Marinha. O Suboficial Edson Guido, armamentista, iniciou sua carreira na Força em 1985, e ao longo dos anos, construiu uma relação de amor e dedicação ao serviço naval que contagiou toda a família. Veterano da Marinha, Guido se aposentou em 2018, mas deixou um legado que continuaria a ser explorado por suas filhas.
Desde pequenas, as irmãs gêmeas viam o pai fardado e cultivaram uma admiração natural pela carreira. “Minha história na Marinha começou no momento em que nasci. A admiração que tinha por ver o meu pai fardado, quando eu ainda era pequena, fez surgir essa vontade… eu me imaginava ali também”, relembra Bianca. Quando chegaram ao final do Ensino Médio, a ideia de seguir os passos do pai já estava clara para ambas.
Foi uma conversa em família que consolidou a decisão. As gêmeas perguntaram ao pai se o curso técnico de contabilidade, que haviam concluído, poderia abrir portas na Marinha. Edson Guido fez uma pesquisa e descobriu que elas poderiam prestar o concurso para o Corpo Auxiliar de Praças, e o resto, como dizem, é história. Em 2011, Bianca e Bruna entraram juntas no Centro de Instrução Almirante Alexandrino (CIAA), prontas para transformar o sonho do pai em um destino compartilhado.
Desafios e Realizações na Carreira Naval

Ingressar na Marinha representou uma grande conquista para as gêmeas, mas também trouxe desafios inesperados. Logo após serem aprovadas no concurso e iniciarem sua formação, veio a primeira separação significativa de suas vidas: Bianca foi designada para servir no Colégio Naval, no Rio de Janeiro, enquanto Bruna foi para a Escola de Aprendizes-Marinheiros de Santa Catarina (SC). “Conversávamos todos os dias pelo Skype. Fiquei perdida por um tempo e chorava todos os dias”, recorda Bianca, destacando a dificuldade de se adaptar à nova realidade sem a presença constante da irmã.
Mas a vida naval trouxe também momentos memoráveis. Em uma de suas primeiras missões juntas, as irmãs participaram de um exercício de vistoria e segurança da aviação no Navio-Patrulha “Benevente”, vivendo um dia de mar e se familiarizando com a rotina a bordo. Essa experiência foi marcante e reforçou o desejo de ambas de seguir carreira na Marinha, com o sonho de, um dia, navegarem em águas internacionais, como seu pai fez.
Atualmente, Bianca e Bruna servem no Comando do 5º Distrito Naval, em Rio Grande (RS). Mesmo atuando em setores diferentes dentro da área financeira, as duas encontram maneiras de se manter próximas no dia a dia. As pausas para o café, o almoço e o Treinamento Físico Militar (TFM) são momentos de reconexão e apoio mútuo, permitindo que sigam fortes e unidas em suas jornadas.
Vida Pessoal e o Equilíbrio com a Carreira
Para as irmãs Guido, a vida militar é apenas uma parte de uma rotina cheia de responsabilidades e desafios. Ambas são casadas com militares, o que fortalece ainda mais a conexão com o universo naval. Bianca, além de Segundos-Sargento, é mãe de duas meninas, Maria Alice e Helena. Ela se descreve como uma pessoa reservada, que preza pelos momentos em família e pelos pequenos instantes de descanso entre uma atividade e outra.
Já Bruna, que tem uma filha de 10 anos chamada Manuella, é mais extrovertida e sempre esteve disposta a puxar conversa e se entrosar com os colegas de trabalho. Apesar de suas personalidades diferentes, as irmãs compartilham muitos gostos e hábitos, e até as confusões com a identidade das duas são comuns. “Claro que a confusão sempre vem acompanhada de risos e, logo depois, a correção do nome”, conta Bianca, com bom humor. A similaridade entre elas é tanta que, dentro da Marinha, são conhecidas como “irmãs Guido”.
Fora do ambiente naval, as irmãs mantêm um vínculo forte com a família. A mudança para o sul do país permitiu que as duas se reaproximassem dos pais após anos de separação. Para Bianca, a nova fase é um resgate dos momentos simples que tiveram na infância. “Nossa família sempre foi muito unida, e nosso pai fez questão de fortalecer esses laços. Agora, podemos aproveitar cada momento, como aniversários e almoços de domingo”, explica. A mãe das gêmeas, Mônica Guido, brinca que, apesar de não ser oficialmente da Marinha, considera-se uma “Almirante” em casa e celebra a escolha das filhas com orgulho.
Apesar de já terem alcançado muito, as irmãs Guido ainda têm um grande objetivo: servir em missões internacionais, de preferência juntas. “Estamos juntas nessa missão, e isso faz toda a diferença. A Marinha é nossa segunda família e estamos prontas para enfrentar o que vier, seja mares tranquilos ou turbulentos”, declara Bruna. A história das gêmeas Bianca e Bruna Guido é uma prova de que o amor pelo mar e o respeito pela farda são valores que podem atravessar gerações, inspirando e transformando destinos.
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