4ª Jornada de Prospectiva em Defesa discute Economia do Mar e Guerra do Futuro

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Realizada entre os dias 2 e 4 de abril, a 4ª Jornada de Prospectiva em Defesa reafirmou a vocação da Escola de Guerra Naval para a ciência aplicada à estratégia nacional. Em formato híbrido, o evento proporcionou um mergulho profundo nos desafios e tendências do século XXI, tratando de temas como meio ambiente, escassez de recursos, guerra do futuro e a indispensável integração entre civis e militares na formulação de políticas de longo prazo.

Tecnologia e Prospectiva: o papel das simulações estratégicas

Militares discutem pesquisa Delphi em conferência.

No centro das discussões esteve o trabalho do Laboratório de Simulações e Cenários (LSC), responsável por aplicar metodologias avançadas de análise prospectiva, com o objetivo de antecipar tendências e riscos estratégicos. O coordenador do LSC, CMG RM1 IM Cláudio Corrêa, ressaltou que o laboratório atua com ferramentas de simulação e construção de cenários, alinhadas às melhores práticas internacionais em foresight estratégico. O uso dessas tecnologias permite que a Defesa brasileira projete impactos de transformações globais — como mudanças climáticas, escassez energética e disputas geopolíticas — sobre o território e os interesses nacionais.

A análise técnica realizada no evento mostrou que os estudos prospectivos têm função vital para a tomada de decisões em médio e longo prazo, oferecendo subsídios confiáveis para a formulação de políticas públicas de Defesa. A EGN, com seu corpo técnico e parceria com instituições como a Fundação de Estudos do Mar (FEMAR), atua como hub de inteligência estratégica, contribuindo diretamente para a resiliência e soberania nacionais.

Integração civil-militar na produção do conhecimento em Defesa

Outro destaque da jornada foi a presença significativa de instituições civis e militares, unidas em um mesmo espaço de construção de conhecimento. Pesquisadores acadêmicos, oficiais das Forças Armadas e representantes do governo participaram dos debates e das apresentações, reforçando a importância de uma abordagem multidisciplinar e interinstitucional na área de Defesa.

Essa integração não é apenas simbólica, mas estruturante. Ao articular saberes distintos, a jornada fortalece a cooperação entre universidades, centros de pesquisa e estruturas de governo, alinhando interesses acadêmicos e operacionais. Além disso, o evento marcou o lançamento de três livros organizados pela Escola Superior de Guerra (ESG), frutos do projeto PROCAD Defesa, coordenado pela EGN — um exemplo claro de como a produção intelectual em Defesa pode ser amplamente compartilhada e aplicada.

O Brasil de 2045: cenários, desafios e oportunidades para a Defesa

Entre os temas debatidos, o Projeto Brasil 2045, do Ministério do Planejamento e Orçamento, ganhou espaço central. A proposta busca antecipar transformações estruturais e preparar o país para cenários futuros em áreas como energia, segurança alimentar, governança dos oceanos e inovação tecnológica. Dentro dessa lógica, a Defesa Nacional é vista não apenas como vetor de proteção, mas como agente de desenvolvimento e estabilidade, em um mundo marcado por disputas híbridas, guerras cognitivas e desafios ambientais complexos.

A economia do mar, por exemplo, foi debatida como um eixo estratégico do futuro brasileiro, dada a importância do Atlântico Sul e da Amazônia Azul. Da mesma forma, as novas modalidades de conflito, como a guerra do futuro e a desinformação em larga escala, foram discutidas como ameaças emergentes que exigem formação intelectual e doutrinária atualizada. A jornada, nesse sentido, se mostrou fundamental para antecipar riscos e sugerir caminhos viáveis para o país.

Ao reunir especialistas, lançar publicações e projetar cenários, a 4ª Jornada de Prospectiva em Defesa reafirma o papel da Escola de Guerra Naval como uma das principais instituições de pensamento estratégico do país, comprometida com a segurança, o desenvolvimento e a soberania do Brasil.

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Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).