Foto: Luiz Camões / Defesa em Foco

Marca o início de nossa singradura a criação da primeira escola de aviação militar no País, em 23 de agosto de 1916, durante a gestão do Almirante ALEXANDRINO FARIA DE ALENCAR como Ministro da Marinha. Desde então, a trajetória da Aviação Naval é contada por fases, todas repletas de desafios, sonhos e, sobretudo, conquistas. Ineludível salientar que, ainda no ano de 1911, a Marinha do Brasil, antevendo as possibilidades de utilização de aeronaves para a defesa da Pátria, recebia o primeiro aviador militar brasileiro formado na França, o Tenente JORGE HENRIQUE MÖLLER, que empresta seu nome ao nosso aeródromo.

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Neste contexto, a derrota da jovem Aviação Naval, assim como a dos navegadores portugueses de outrora, percorreu mares nunca dantes navegados. O período compreendido entre 1916 e 1941 marca, pois, o pioneirismo da aviação militar no Brasil, impulsionado por personalidades como o insigne Almirante PROTÓGENES PEREIRA GUIMARÃES, nosso patrono. No que se costuma aludir como primeira fase, nossos marinheiros foram responsáveis por conectar cidades com o Correio Aéreo Naval (CAN), pela prontificação de cartas de navegação aérea, por levantamentos aerofotogramétricos, pela edificação de Bases e Campos de Aviação estratégicos ao longo do litoral e pela construção de uma fábrica de aviões na Ponta do Galeão. No campo operativo, voos cada vez mais longos foram sendo conduzidos ao longo de nossa costa, inclusive à noite. Destaca-se, ainda, a participação de Aviadores Navais em operações reais de patrulha durante a Primeira Guerra Mundial, integrando o 10º Grupo de Operações da Real Força Aérea Britânica.

Em janeiro de 1941, por força de Decreto, a Aviação Naval, então Corpo de Aviação da Marinha, se funde à Arma de Aeronáutica do Exército e institui-se a Força Aérea Brasileira, a qual recebe todo o aparato aeronáutico militar, incluindo aeronaves, infraestrutura e, principalmente, os aviadores, engenheiros, médicos e mecânicos.

Após um interlúdio silencioso de onze anos, o renascimento. As experiências da Segunda Guerra Mundial demonstraram, inequivocamente, a importância da aviação nas Operações Navais. Foi natural, portanto, a recriação da Diretoria de Aeronáutica da Marinha, pelo então Ministro, Almirante RENATO DE ALMEIDA GUILLOBEL, em 4 de agosto de 1952. O cargo de Diretor foi entregue ao Almirante OLAVO DE ARAÚJO, um dos pioneiros enviados à Inglaterra durante a Primeira Grande Guerra. Considerada a segunda fase de sua história, observou-se, nesse período, a reconstrução da Aviação Naval. Em 1955, foi criado o Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval e, em 1961, foi recebido o Navio-Aeródromo Ligeiro “Minas Gerais”.

Neste mesmo ano foram concebidos o Comando da Força Aeronaval e os primeiros Esquadrões de aeronaves. Ademais, ainda em 1961, iniciaram-se as operações em São Pedro da Aldeia, região que recebe a carinhosa alcunha de “Macega”.

No ano de 1965, por força do “Decreto Castelo”, a Aviação Naval passa a operar, exclusivamente, aeronaves de asas rotativas. Nossos aviões são entregues à Força Aérea Brasileira e recebemos helicópteros antissubmarino. Esse ato político marca o início da terceira fase da Aviação Naval, que consolidou muitos dos meios e práticas atualmente em uso e representa, de modo geral, o desenvolvimento e aperfeiçoamento da Aviação de asas rotativas na Marinha do Brasil.

Em 1998, o Almirante de Esquadra MAURO CESAR RODRIGUES PEREIRA, com singular visão estratégica à frente do Ministério da Marinha, efetua as tratativas políticas que resultaram no Decreto que autorizou a operação de aeronaves de asa fixa, iniciando a nossa quarta e atual fase. Aviões A-4 Skyhawk passam a incorporar o inventário de nossa Força, auferindo nova magnitude às Operações Navais conduzidas pela Esquadra, incluindo a possibilidade de projeção estratégica e a indispensável defesa aeroespacial. Outrossim, a complexa operação de aeronaves de alta performance a bordo de Navios-Aeródromos inseriu o Brasil em um seleto grupo de países com esta capacidade, constituindo relevante fator dissuasório.

Recentemente, a Marinha do Brasil incorporou a seu inventário suas primeiras Aeronaves Remotamente Pilotadas e a Aviação Naval dá seus primeiros passos no desenvolvimento doutrinário e no emprego operacional das mesmas. Em consonância com o observado em outras Marinhas, essas aeronaves possuem o potencial de complementar e, por vezes, incrementar importantes capacidades existentes. De igual importância, as operações assistidas por Óculos de Visão Noturna conferem novas importantes capacidades para o cumprimento de nossa Missão.

Chegamos, então, aos 107 anos, com uma estrutura madura e profissional, composta pela Diretoria de Aeronáutica da Marinha, pelo Comando da Força Aeronaval e suas doze Organizações subordinadas, e por quatro Esquadrões Distritais, localizados a Norte, Sul, Oeste e Noroeste de nosso país, cada qual subordinado ao Distrito Naval correspondente. Sob a égide do Comando de Operações Navais, somos dezessete Organizações Militares diretamente relacionadas ao emprego do componente aéreo do Poder Naval, cada qual contribuindo para que operemos na plenitude, com aeronaves de asa fixa e rotativa, a partir dos mais variados convoos e bases terrestres.

Além da precípua Missão de contribuir para a defesa da Pátria, nossas aeronaves são, rotineiramente, empregadas em uma vasta gama de missões, tais como busca e salvamento, resgate de enfermos de navios mercantes e apoio à defesa civil em situações extremadas, como enchentes e desastres ambientais. É igualmente importante ressaltar que a Aviação Naval faz-se presente junto à população brasileira em todos os rincões do país, realizando missões de assistência a ribeirinhos e povos indígenas na Amazônia e no Pantanal, bem como participando de projetos estratégicos e em operações na Antártica e no entorno estratégico brasileiro.

Como um seguro voo por instrumentos, Honra, Abnegação, Espírito de Sacrifício e Fidelidade, pontos cardeais da “Rosa das Virtudes”, guiaram a Aviação Naval até aqui. Revisitar sua história é mister para a conservação de nossos valores e tradições navais. Neste diapasão, ovaciono, com profunda gratidão, os Aviadores Navais de outrora, os “Velhas Águias”: “Muito obrigado pelo seu legado”. Ademais, aos agraciados com o Diploma Mérito Aeronaval, agradeço o apoio e os nobres feitos em prol de nossa Aviação, assim como parabenizo os contemplados pelas Láureas de Segurança e pelo Troféu Distinção de Segurança de Aviação por sua dedicação à preservação do que temos de mais importante: os nossos militares.

Importantíssimo, também, exaltarmos e reconhecermos, de forma solene e especial, aqueles que, no exercício da invulgar arte de voar, sacrificaram a vida e, hoje, encontram-se imortalizados no Memorial da Aviação Naval.

Ao completarmos 107 anos, concito que honremos o legado daqueles que nos conduziram ao presente momento com esmero e dedicação, relembrando que somos, por essência:

  • cidadãos orgulhosos de nascerem nesta grande nação: somos brasileiros;
  • abnegados ao serviço da Pátria e escolhemos, como sacerdócio, singrar e proteger a nossa Amazônia Azul: somos marinheiros; e
  • responsáveis pelo componente aéreo do Poder Naval: somos Servidores Civis, Praças e Oficiais da Aviação Naval.

Esta é a nossa identidade. Brasileiros, Marinheiros, Aviadores Navais, presentes ou já no eterno descanso, da ativa ou veteranos, com asas no peito ou no coração, não importa. Um simples brado nos une em eterna irmandade.

“No Ar, os Homens do Mar”!

EMERSON GAIO ROBERTO
Contra-Almirante
Comandante

Marcelo Barros, com informações da Marinha do Brasil
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Assessoria de Comunicação (UNIALPHAVILLE), MBA em Jornalismo Digital (UNIALPHAVILLE), Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).