Terezinha de Castro: A Geopolítica esquecida que pode salvar o Brasil

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Em um país acostumado a ignorar seus estrategistas, a professora Terezinha de Castro figura como um dos nomes mais relevantes – e ao mesmo tempo negligenciados – da geopolítica nacional. Formada em Geografia e História pela antiga Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil (atual UFRJ), sua obra é uma das mais robustas tentativas de pensar o Brasil a partir de seu território, história e posição internacional.
Com uma trajetória marcada pela lucidez analítica e pela coragem intelectual, Terezinha de Castro projetou o Brasil como um ator central no tabuleiro global, antecipando debates que hoje mobilizam os setores de defesa, diplomacia e meio ambiente. Apesar disso, permanece quase ausente dos currículos acadêmicos e dos centros de formulação estratégica. Mas por que?
A resposta é tão simples quanto incômoda: o Brasil perdeu a capacidade de pensar em longo prazo.
Um pensamento geopolítico nacional, realista e independente
Ao contrário de muitas abordagens idealistas e utópicas, Terezinha desenvolveu uma geopolítica pragmática, nacionalista e funcional, voltada para a preservação da soberania brasileira. Sua análise parte de duas premissas centrais:
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O Brasil como centro estratégico no Atlântico Sul;
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A necessidade de consolidar a integração territorial plena, com destaque para a Amazônia e a Antártica.
Seu diagnóstico é claro: apenas 18% do território brasileiro exercia, na década de 1980, algum tipo de predominância geopolítica. O restante permanecia marginalizado, mal integrado e vulnerável a pressões externas — um problema que continua atual.
Amazônia e Antártica: Os dois pulmões estratégicos do Brasil
Terezinha de Castro defendeu com veemência a importância da ocupação efetiva, ordenada e inteligente da Amazônia, não apenas como fonte de recursos, mas como pilar de segurança nacional. Para ela, a região amazônica é um subsistema dentro da América do Sul, com papel decisivo na articulação geopolítica continental.
Em suas obras, denuncia a tentativa de internacionalização da Amazônia por meio de ONGs, pressões ambientais externas e o discurso do “falso humanismo”, o qual buscaria fragilizar a soberania brasileira sob o pretexto da proteção indígena ou ecológica.
Já a Antártica, em sua visão, deveria ser tratada como o “outro flanco” da defesa nacional. Ela propôs que o Brasil delimitasse uma área de interesse direto entre os meridianos de Martin Vaz (a leste) e do Arroio Chuí (a oeste), projetando uma zona de influência estratégica e científica que antecipou, com precisão, a importância da Estação Comandante Ferraz, instalada na ilha Rei George.
Para Terezinha, tanto a Amazônia quanto a Antártica representam espaços de disputa geoestratégica, com potencial de guerra climática, domínio tecnológico e manipulação política. Hoje, suas advertências se tornam cada vez mais reais diante da crescente militarização do clima e do avanço do neocolonialismo ambiental.
Modelo de classificação geopolítica
Uma das contribuições conceituais mais interessantes de Terezinha é sua tipologia dos Estados, divididos em cinco níveis:
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1º Nível: Grandes potências (EUA, Rússia, China, Japão, UE);
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2º Nível: Potências regionais com alcance internacional (Brasil, México, Nigéria, Canadá);
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3º a 5º Níveis: Estados de influência meramente regional, local ou inexistente.
O Brasil, segundo ela, poderia ascender ao primeiro nível se implementasse uma estratégia de integração nacional, defesa territorial efetiva e projeção internacional ativa.
Como aplicar Terezinha de Castro hoje?
Em um mundo marcado pela transição de ordens – da bipolaridade Guerra Fria à multipolaridade fragmentada do século XXI – o pensamento de Terezinha de Castro é um manual de sobrevivência soberana. Algumas aplicações concretas:
1. Reorganização Territorial Estratégica
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Integrar a Amazônia e o Centro-Oeste com infraestrutura, tecnologia e políticas de povoamento.
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Reforçar a presença das Forças Armadas nas regiões fronteiriças e sensíveis.
2. Fortalecimento da Projeção Marítima
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Consolidar o Brasil como potência atlântica, com ênfase na proteção das rotas do agro, do pré-sal e do Atlântico Sul.
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Valorizar o papel do Brasil no Sistema do Tratado da Antártica.
3. Resgate da Política Externa Independente
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Abandonar o alinhamento automático e desenvolver uma diplomacia de interesses nacionais, com foco em alianças estratégicas Sul-Sul.
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Valorizar o Itamaraty como ferramenta de inteligência e defesa dos interesses do Estado.
4. Educação Estratégica e Patriótica
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Incluir o pensamento geopolítico de autores nacionais nos currículos escolares e militares.
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Promover campanhas de conscientização sobre os riscos da desinformação ambiental, da sabotagem tecnológica e da submissão estratégica.
Defesa ou Submissão?
Terezinha de Castro nos adverte: o Brasil enfrentará dois caminhos – ou aceita a submissão imposta pela nova ordem internacional (neoliberal, tecnocrática e antinacional), ou recupera sua capacidade de pensar estrategicamente com base em seu território, povo e história.
O pensamento dela permanece uma bússola ignorada. Mas se o Brasil quiser sobreviver como Estado soberano, forte e influente, terá que revisitar Terezinha, não como peça de museu, mas como manual de ação para o presente e o futuro.
📌 “A Amazônia é uma bola colorida de borracha que o Brasil carrega há séculos sobre a cabeça. Muitos querem estourá-la para tomar seus pedaços.”
— Terezinha de Castro
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