PEM Nordeste: UFPE lidera mapeamento estratégico do uso do mar

A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) deu um passo importante na gestão sustentável do litoral nordestino ao sediar, no dia 17 de junho, o lançamento do Planejamento Espacial Marinho (PEM) da Região Nordeste. O projeto, que integra uma política pública nacional, busca mapear e organizar os diferentes usos do mar. A UFPE, uma das 13 universidades envolvidas, tem papel de destaque na coordenação das atividades em Pernambuco, com o trabalho liderado pelos professores Marcelo Nóbrega e Tereza Araújo, do Departamento de Oceanografia.

O que é o Planejamento Espacial Marinho (PEM) e sua aplicação no Nordeste

O Planejamento Espacial Marinho (PEM) é uma iniciativa estratégica que busca organizar os diversos usos do espaço marítimo, conciliando atividades econômicas, sociais e ambientais de forma sustentável. Inspirado em modelos internacionais e alinhado com diretrizes da ONU para a governança dos oceanos, o PEM é uma resposta brasileira aos desafios da gestão costeira.

No caso do PEM Nordeste, o foco é mapear as características físicas, ecológicas, sociais e econômicas da plataforma continental, das regiões estuarinas e costeiras, abrangendo os estados de Pernambuco, Alagoas, Bahia, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí. A UFPE integra um consórcio com outras 12 universidades da região, atuando sob coordenação da Fundação Norte-Rio-Grandense de Pesquisa e Cultura (Funpec).

O projeto, que vai até 2028, prevê a construção de um amplo banco de dados com informações ambientais, usos tradicionais e novos interesses econômicos, como o turismo, a aquicultura e a exploração de energia renovável no mar.

A participação de comunidades e atores locais na gestão do uso do mar

Um dos principais diferenciais do PEM Nordeste é a sua abordagem participativa. Durante a cerimônia de lançamento na UFPE, representantes de colônias de pescadores, organizações não governamentais e gestores públicos marcaram presença, reforçando o caráter inclusivo do projeto.

No período da tarde, a dinâmica “Mapa Vivo do Mar” foi realizada como atividade colaborativa. Nela, os participantes identificaram, de forma interativa, os diferentes usos do ambiente marinho, incluindo áreas de pesca, turismo, navegação, conservação ambiental e pesquisa científica.

O reitor da UFPE, professor Alfredo Gomes, destacou a importância de envolver não apenas a academia, mas também as comunidades locais e os diversos atores que utilizam o mar, tornando o planejamento mais representativo e eficaz.

Essa integração entre conhecimento científico e saberes tradicionais busca construir um plano de gestão costeira que reflita os interesses de toda a sociedade nordestina.

Os desafios e oportunidades do PEM para o desenvolvimento sustentável da costa nordestina

A implementação do PEM Nordeste representa uma oportunidade única para promover o desenvolvimento sustentável na região. A expectativa é que, com o mapeamento detalhado dos usos e das vocações do território marinho, seja possível equilibrar a exploração econômica com a conservação ambiental.

Além de fortalecer setores tradicionais como a pesca artesanal e o turismo de base comunitária, o PEM pode abrir espaço para investimentos em energia eólica offshore, aquicultura sustentável e pesquisa científica.

Do ponto de vista geopolítico, o Brasil reforça sua posição internacional ao avançar na gestão integrada do espaço marinho, seguindo as metas da Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável, promovida pela ONU.

O grande desafio, segundo os coordenadores do projeto, será garantir que todas as vozes — desde pesquisadores até comunidades costeiras — sejam ouvidas e que o resultado final seja uma ferramenta eficaz de governança oceânica para o Nordeste brasileiro.