Maduro critica Brasil após exclusão do Brics e acusa “agressão diplomática”

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O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, reagiu duramente à decisão do Brasil de barrar o ingresso venezuelano no Brics, classificando o ato como uma “agressão diplomática”. O Itamaraty, por sua vez, negou ter vetado diretamente o país, explicando que o processo de seleção se pautou por critérios de consenso, incluindo relações diplomáticas amigáveis entre os países membros.
Posição do Brasil e Critérios do Brics para Novos Membros
O Itamaraty esclareceu que a escolha dos novos membros associados ao Brics foi baseada em critérios previamente acordados entre os integrantes do bloco. Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, os países membros concordaram que novos ingressos devem cumprir condições específicas, como a defesa da reforma da ONU, a ausência de sanções econômicas unilaterais e o requisito de manter boas relações com todos os integrantes do bloco. Em coletiva de imprensa, o secretário de Ásia e Pacífico do Itamaraty, embaixador Eduardo Paes Saboia, reforçou que o Brasil não direcionou seu voto contra a Venezuela, mas defendeu a implementação de critérios que garantam a harmonia dentro do grupo.
A Rússia, encarregada de definir a lista de novos membros, propôs 13 países como potenciais candidatos a membros associados. Entre os selecionados na América Latina estão Cuba e Bolívia. Ao ser questionado sobre a exclusão da Venezuela, o presidente russo Vladimir Putin indicou que entende a posição brasileira, embora espere que a situação diplomática entre Brasil e Venezuela seja resolvida no futuro.
Reação da Venezuela e Acusações Contra o Itamaraty
O governo venezuelano emitiu nota classificando a exclusão do Brics como um ato hostil e “imoral” da diplomacia brasileira, acusando o Itamaraty de manter “o pior das políticas de Jair Bolsonaro contra a Revolução Bolivariana” de Hugo Chávez. A nota reflete a indignação da Venezuela com o que considera um veto ao seu ingresso no bloco. Além disso, o comunicado expressa a decepção do governo Maduro com o que considerou um alinhamento do Brasil com as nações que se opõem ao governo venezuelano.
A relação entre Brasil e Venezuela passou por um período conturbado após as recentes eleições de julho deste ano, que resultaram na reeleição de Nicolás Maduro e foram contestadas pela oposição e pela comunidade internacional, incluindo o Brasil, devido à falta de transparência. Em função disso, o distanciamento diplomático entre os países cresceu, impactando o interesse venezuelano em participar do Brics.
Análise de Especialistas e Contexto Geopolítico
A decisão do Brasil foi bem-recebida por analistas que interpretam o afastamento como coerente com a atual postura diplomática. A professora Maria Elena Rodríguez, da PUC-Rio, destacou que o Brasil mantém relações tensas tanto com a Venezuela quanto com a Nicarágua, dois países com interesses recentes em ingressar no bloco. Segundo Rodríguez, seria imprudente para o Brasil permitir que o bloco inclua países com os quais possui divergências políticas significativas, uma vez que a ausência de relações amigáveis é um fator de desestabilização dentro de alianças multilaterais.
A exclusão da Venezuela levanta questionamentos sobre as implicações para a política regional, particularmente sobre o papel de países latino-americanos no Brics. A inclusão de Cuba e Bolívia mostra que há espaço para aliados ideológicos do governo Maduro no grupo, mas que fatores diplomáticos mais amplos pesam na adesão dos candidatos. A decisão, portanto, reflete tanto o momento de tensão nas relações Brasil-Venezuela quanto a tentativa do Brics de manter consenso entre seus membros para garantir estabilidade e coesão.
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