Indústria espacial brasileira é tema de destaque em seminário da ESD

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No auditório da Escola Superior de Defesa, em Brasília, o espaço deixou de ser apenas uma fronteira tecnológica e passou a ser o centro de uma discussão estratégica para o Brasil. Durante o “Primeiro Seminário de Segurança, Desenvolvimento e Defesa no Ambiente Espacial”, a indústria espacial brasileira foi reconhecida como um setor-chave para o futuro do país. No painel sobre o mercado espacial, a AIAB destacou que, com investimentos consistentes, o Brasil pode assumir papel de protagonismo no cenário global.
Perspectivas e desafios para o Programa Espacial Brasileiro segundo a AIAB
Durante sua participação no evento, o presidente da AIAB, Julio Shidara, foi direto: o Brasil vive uma “janela histórica de oportunidade” para transformar seu Programa Espacial Brasileiro (PEB) em referência internacional. Essa possibilidade, no entanto, está condicionada à continuidade dos investimentos atualmente em curso, além de ações de fortalecimento da base industrial e institucional.
Shidara ressaltou que a indústria espacial brasileira possui expertise técnica consolidada, mas ainda carece de previsibilidade orçamentária, amparo legal eficiente e articulação entre os diversos atores do ecossistema espacial. O seminário reforçou que a construção de uma política de longo prazo, baseada na cooperação entre Estado, setor produtivo e academia, é fundamental para impulsionar o avanço tecnológico e a inserção internacional do Brasil no setor.
O papel da indústria, do Estado e do marco legal na inovação espacial brasileira
Um dos pontos centrais do discurso da AIAB foi a necessidade de tornar viável o uso da Encomenda Tecnológica (ETEC) com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). Apesar de regulamentada há sete anos, a ETEC ainda não pode ser utilizada pelo FNDCT por falta de respaldo legal — um entrave que poderia ser solucionado com a aprovação do PL 3751/23, atualmente em tramitação no Congresso.
A adoção dessa medida permitiria a ampliação dos investimentos diretos em inovação, aumentando a competitividade da Base Industrial Espacial Brasileira e viabilizando novos projetos em áreas como lançadores, satélites e aplicações comerciais. Para a AIAB, esse passo é essencial para consolidar o Brasil como fornecedor estratégico no mercado global, com capacidade de gerar empregos de alta qualificação e autonomia tecnológica.
Espaço e soberania: riscos da dependência tecnológica internacional
Outro alerta feito por Julio Shidara no evento foi em relação à dependência do Brasil de infraestruturas espaciais estrangeiras, principalmente nos setores de comunicações, geolocalização, meteorologia e monitoramento ambiental. Essa vulnerabilidade expõe o país a riscos operacionais e limitações estratégicas em cenários de crise ou tensões geopolíticas.
“O espaço está mais próximo do cotidiano da sociedade do que se imagina”, afirmou o presidente da AIAB, lembrando que serviços essenciais como bancos, energia elétrica, transportes e defesa dependem de sistemas espaciais para funcionar. Para ele, o avanço do Programa Espacial Brasileiro deve ser entendido como uma questão de soberania nacional, com impactos diretos na vida dos cidadãos e no poder de dissuasão do país.
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