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Do Haiti ao COpPazNav: a missão da Capitão-Tenente que inspira mulheres no CFN

Soldado da ONU armado em frente a veículos militares.
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A trajetória da Capitão-Tenente Débora Ferreira de Freitas Sabino é um exemplo de superação, pioneirismo e liderança no Corpo de Fuzileiros Navais (CFN). Primeira mulher da tropa a integrar uma missão de paz no exterior, Débora rompeu barreiras ao servir no Haiti e hoje é uma das referências no Centro de Operações de Paz e Humanitárias de Caráter Naval (COpPazNav), onde prepara novas gerações de militares para atuar sob a égide da ONU.

Missão no Haiti: pioneirismo e desafios no terreno

Military brasileiro em missão de paz da ONU.
Durante missão no Haiti, Capitão-Tenente (Auxiliar Fuzileiro Naval) Débora apoiou comunidades em situação de vulnerabilidade – Imagem: Acervo Pessoal

Em 2016, a então recém-formada no Curso de Especialização em Guerra Anfíbia foi selecionada para compor o 25º Contingente de Fuzileiros Navais em missão da ONU no Haiti. Como Oficial de Assuntos Civis e de Comunicação Social, atuava diretamente com a população local, enfrentando o desafio duplo de liderar em um ambiente hostil e, ao mesmo tempo, quebrar barreiras culturais por ser mulher em uma posição de comando.

Débora relata que situações de tensão, como a distribuição de alimentos em áreas carentes, exigiam preparo emocional e tato estratégico. Ela chegou a coordenar a escolta de mulheres até suas residências após episódios de saques. “Conquistei o respeito das comunidades e dos colegas pela firmeza com empatia. Ao final, era reconhecida como líder — isso, para mim, foi um marco”, conta.

Formação, ascensão e liderança no COpPazNav

Militar em treinamento noturno na selva
Curso de Especialização em Guerra Anfíbia foi realizado em igualdade com militares do sexo masculino – Imagem: Acervo Pessoal

Sua jornada na Marinha começou em 2004 como sargento do Quadro de Músicos, influenciada pelo irmão, também militar. Atuou por dois anos na Banda Sinfônica do Batalhão Naval, até decidir migrar para a área operativa, onde ingressou no Quadro Auxiliar de Fuzileiros Navais. Após três tentativas, foi aprovada no concorrido curso de Guerra Anfíbia, rompendo um novo limite em sua carreira.

Hoje, Débora é coordenadora do Curso de Operações de Paz para Mulheres no COpPazNav. O curso capacita militares e civis, inclusive estrangeiras, com foco nas diretrizes da Resolução nº 1.325 da ONU, tema de seu MBA em Relações Internacionais e Estudos Estratégicos. Ela também atua na elaboração de manuais operacionais e planejamento de exercícios multinacionais, consolidando-se como uma das vozes mais influentes do setor.

O papel transformador das mulheres no CFN

A presença de Débora no CFN representa uma mudança de paradigma. Sua trajetória comprova que o espaço da mulher nas forças operativas não se limita à exceção — ele é parte do novo normal das Forças Armadas brasileiras. Desde 1981, quando a Marinha abriu suas portas às mulheres, o avanço foi contínuo, culminando em 2024 com a presença feminina em todos os Corpos e Quadros da Instituição.

Ao ser a primeira mulher a concluir o estágio de artilharia no Batalhão de Artilharia dos Fuzileiros Navais, Débora abriu caminho para que outras sigam seu exemplo. “Mais do que conquistar espaço, quero abrir caminhos para outras mulheres. As portas estão abertas — e agora você não estará mais sozinha”, afirma. Seu legado já inspira uma nova geração de combatentes femininas em busca de excelência, reconhecimento e liderança.

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