A popularidade do WhatsApp faz com que o mensageiro seja a ferramenta escolhida por cibercriminosos para a aplicação de golpes. A tentativa mais comum feita pelos criminosos é a de, após clonar o aplicativo de um usuário, se passar pela vítima e solicitar aos contatos o depósito de valores.

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Até então, isso era feito por meio de transferências bancárias comuns, que levavam algumas horas ou até um dia para de fato serem efetivadas. Com a chegada do PIX, que promete transações instantâneas entre contas – sejam elas de bancos tradicionais ou digitais -, os golpes estão se modificando – e trazendo um detalhe bastante perigoso: a dificuldade para recuperação dos valores.

Isso porque, devido à rapidez com que os pagamentos são enviados, os criminosos conseguem movimentá-lo quase que imediatamente, diminuindo drasticamente o tempo que a vítima tem para entender que caiu em um golpe e acionar o banco para solicitar o cancelamento da transação.

De acordo com alguns bancos, a devolução até é possível, mas deve ser analisada caso a caso, já que o usuário autorizou a transferência do dinheiro.

Mesmo assim, é recomendado que, assim que o usuário perceber que foi vítima de um golpe, comunique o banco que o dinheiro foi destinado. Em segundo lugar, é importante se resguardar por meio de um boletim de ocorrência. Por fim, se houver problemas para resolver a questão com o banco, é possível registrar uma reclamação no Banco Central.

Proteção contra golpes

É normal que, quando uma transação PIX é realizada, o nome do destinatário, bem como parte de seu CPF, seja mostrado na tela de quem está efetivando a transferência – além dessas informações ficarem registradas no extrato da movimentação.

Com isso, é possível relatar ao banco o golpe e, após constatação da fraude, a instituição pode bloquear a conta e impedir sua movimentação. Se, por sorte, o dinheiro ainda estiver em posse do criminoso, fica mais fácil ser ressarcido.

Para proteger o usuário de possíveis problemas do tipo, o Banco Central afirma que o PIX possui um sistema de segurança que “marca” as contas notificadas como fraudulentas.

Esse dado então é enviado para outros bancos, o que impede a criação de mais chaves envolvendo aquelas informações – e, consequentemente, novas tentativas de golpe com outras vítimas.

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As informações exibidas antes da transação podem ajudar na investigação do golpe. Foto: Brian A Jackson/Shutterstock

No entanto, o banco não é necessariamente obrigado a devolver os valores roubados, já que o golpe é aplicado em uma plataforma que as instituições não conseguem fiscalizar. Mesmo assim, ainda há uma esperança.

Segundo o Banco Central, cabe “ao prestador de serviço de pagamento a análise do caso de fraude e o eventual ressarcimento, a exemplo do que ocorre hoje em fraudes bancárias”.

A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) também afirma que cada banco “tem sua própria política de análise e ressarcimento, que é baseada em análises aprofundadas e individuais considerando as evidências apresentadas pelos clientes, informações das transações realizadas”.

Golpes usando PIX e outras formas de pagamento

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O PIX foi adotado pelos criminosos justamente por sua facilidade e rapidez. Foto: Danielala/Shutterstock

Como citado, antes do PIX, os criminosos normalmente solicitavam que o dinheiro fosse enviado por transações bancárias, como TED e DOC. No entanto, as restrições de cada um poderiam fazer com que os criminosos fossem descobertos antes de colocarem as mãos no dinheiro.

Isso porque, apesar do DOC ser efetivado apenas no próximo dia útil, o TED é mais rápido, mas ainda possui restrições – como em relação ao horário bancário e disponibilidade durantes os dias úteis da semana.

O PIX, por outro lado, pode ser efetivado em qualquer dia e horário, além de ser totalmente gratuito para pessoas físicas. A facilidade de operação pode ser considerado um encorajador para que as vítimas façam as transferências.

Recomendações para evitar ser vítima

Em primeiro lugar, especialistas em segurança recomendam que nunca se deve fazer transferências bancárias sem antes conversar pessoalmente com o solicitante – ou até por chamada telefônica. Apesar de ser complicado fazer isso em alguns casos, pode ser o fator decisivo para não cair em um golpe.

Outro detalhe é sempre verificar os dados da conta para onde o dinheiro está sendo transferido. No entanto, muitas vezes, os criminosos falam que o valor é para pagar uma dívida com alguém.

Essa justificativa serve para que transferir o dinheiro para uma conta de uma terceira pessoa não seja alvo de desconfiança. Porém, por mais que você esteja disposto a ajudar um amigo, sempre desconfie antes de enviar dinheiro para uma conta de alguém desconhecido.

Via: UOL

Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).