Não é só no filme Top Gun que o sonho de “voar” pode se tornar uma realidade. Pilotar uma aeronave supersônica e defender os céus do território brasileiro; transportar um coração que vai ser transplantado e dar uma nova chance de vida a quem já não tinha mais esperança; buscar e resgatar uma pessoa que sofreu um acidente, que passou mal ou que ficou à deriva em uma embarcação. Essas são algumas das ações reais que os militares da Força Aérea Brasileira (FAB) realizam diariamente no exercício da profissão que escolheram para a vida. E é a eles e à Força Aérea Brasileira que a data de 23 de outubro é dedicada, em alusão ao primeiro voo do avião de Alberto Santos-Dumont, o 14-Bis, realizado em 1906, no Campo de Bagatelle, na França.

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Formação do Oficial Aviador

i22101713025406196É ao longo de quatro anos de formação na Academia da Força Aérea (AFA) que esses Aviadores são preparados, enquanto Cadetes, para a vida na caserna e para o voo. Na AFA, eles são instruídos não só a fazer manobras nas aeronaves T-25 e T-27, mas também a incorporar preceitos básicos como dedicação e comprometimento. É com a teoria e a prática que eles, enfim, ficam aptos para cumprir a missão.

“A Força Aérea vive hoje uma fase de modernização, tendo como símbolos dessa evolução as aeronaves KC-390 Millennium e F-39 Gripen. Assim, é o esforço individual que possibilitará que os Cadetes que estão se formando, com dedicação e paciência, assumam o comando desses novos vetores com o tempo”, destaca o Major Aviador Gustavo Abreu Bastos, piloto de Caça da FAB.

i22101713025508211Hoje, com 14 anos de experiência na Aviação de Caça, o Major Bastos lembra bem como foi voar pela primeira vez sozinho na Academia. “A sensação indescritível do primeiro voo solo na aeronave T-25 era renovada cada vez que eu dominava uma aeronave diferente. Todavia, não poderia deixar de mencionar a honrosa experiência de ter cumprido uma missão de combate aéreo, pilotando um F-5”, relembra.

Ao final da árdua formação na AFA, os militares agora Aspirantes a Oficial vão para a cidade de Natal (RN), onde recebem instruções do Programa de Especialização Operacional (PESOP), por um ano, dentro de alguma das Aviações da FAB.

A escolha

Foi o brilho nos olhos, ao observar desde os pequenos monomotores até os grandes aviões de transporte, que deu a certeza a muitos jovens de que essa era a carreira que desejavam seguir. “Como todas as crianças, eu sonhava em um dia poder voar. E hoje, integrando o Esquadrão Falcão, tenho a possibilidade de ajudar a salvar vidas também. Lembro muito bem de uma missão em que resgatamos um pescador que tinha sofrido um AVC e estava a 150 milhas de Macapá (AM). Foi inesquecível!”, relembra o Major Aviador Leir Gomes de Oliveira, piloto de Busca e Salvamento da FAB.

i22101713025501186Já para a Tenente Aviadora Jeciane Ribeiro de Lima Victório, da Aviação de Transporte, foram os desafios impostos pela carreira que a fizeram escolher a FAB. “Na época em que me interessei pelo militarismo, comecei a pesquisar, entre as escolas militares das Forças Armadas, aquelas que aceitavam o público feminino. Descobri então a AFA, que abria vaga para o Quadro de Oficiais Aviadores, e achei que seria desafiadora e dinâmica essa carreira”, conta.

Das missões marcantes em sua carreira, a jovem militar destaca uma do ano passado. “Levei os cadetes da AFA para fazer a Instrução de Sobrevivência na Selva no Campo de Provas Brigadeiro Veloso (Cachimbo). Quando eu era Cadete e estava indo fazer essa mesma instrução, fui a bordo de um C-130 Hércules do Esquadrão Gordo. Na época, não imaginava que, sete anos depois, faria parte desse momento com os Cadetes e estaria pilotando o C-130 Hércules como Oficial”, recorda.

Desafios

i22101713133005748É essa expectativa, de poder contribuir para o país, que motiva os Cadetes Estevão Verburg Ribas, do 4º ano, e Maria Fernanda Figueiredo de Castro, do 2º ano, a continuarem firmes e fortes na missão de se tornarem pilotos da FAB. “Espero poder contribuir para a FAB e para a população brasileira sendo piloto, ajudando nas mais variadas missões que são realizadas”, diz o Cadete Ribas. “Pretendo me formar e seguir carreira na aviação a que for selecionada, progredindo operacionalmente e me dedicando para fazer o melhor para o meu país”, complementa a Cadete Figueiredo.

Aviações ainda mais operacionais

Transporte mais robusto

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O primeiro Airbus A330-200 a ser convertido em avião-tanque sob o Programa KC-30 da FAB foi incorporado ao Esquadrão Corsário no dia 27/07 de 2022. Sua integração à Aviação de Transporte representa um salto operacional na área, pois, com a nova aquisição, a FAB aumenta sua capacidade em ações estratégicas, como reabastecimento em voo, apoio logístico, ações humanitárias e evacuação aeromédica, sejam elas nacionais ou internacionais. Duas aeronaves foram adquiridas em processo licitatório, vencido pela empresa Azul Linhas Aéreas e atuarão com as matrículas FAB 2901 e FAB 2902. Os dois novos aviões, com 59 metros de comprimento cada, serão os maiores já operados pela Força.

Renovação da frota

i22101713025502710O Comando da Aeronáutica assinou contrato com a empresa Airbus Helicopters visando a modernização da frota. O acordo assinado, no dia 15/09, pelo Presidente da Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate (COPAC), Brigadeiro do Ar Antonio Luiz Godoy Soares Mioni Rodrigues, e pelo Vice-Presidente da Airbus Helicopters América Latina, Alberto Robles, permitirá a aquisição de 12 aeronaves H-125 em substituição às aeronaves H-50 Esquilo, da Aviação de Asas Rotativas. O mesmo contrato também prevê a aquisição de 15 aeronaves do modelo pela Marinha do Brasil (MB).

Mais duas aeronaves F-39 Gripen chegam ao Brasil

i22101713025608036No dia 25/09, desembarcaram no Brasil mais duas aeronaves F-39 Gripen. Elas se somam a outros dois caças de produção em série já recebidos no mês de abril. O FAB 4103 e o FAB 4104 chegaram ao porto de Navegantes (SC) em um navio proveniente da Suécia. Durante a madrugada do dia 26/09 foram conduzidos ao aeroporto da cidade, em uma operação que envolveu dezenas de militares da FAB, além de outros órgãos e entidades locais.

As aeronaves passaram por uma série de procedimentos necessários para que pudessem decolar em direção ao Centro de Ensaios em Voo do Gripen (Gripen Flight and Test Centre GFTC), na planta da Embraer, em Gavião Peixoto (SP). Os trabalhos incluíram a instalação de assento ejetável e de kit sobrevivência, abastecimento e preparo de acionamento em solo.

Em Gavião Peixoto, pilotos de prova da FAB, da Embraer e da Saab executam ensaios em voo até que as aeronaves estejam prontas para receber o certificado militar. O documento é uma espécie de licença inicial de operação. Finalizada essa fase, os caças serão transferidos para a Base Aérea de Anápolis, onde passam pelas etapas finais de entrega e início da operação pelo Primeiro Grupo de Defesa Aérea (1º GDA).

Fotos: Sargento Felipe Viegas e Müller Marin / CECOMSAER e Arquivo pessoal

Marcelo Barros, com informações da Agência Força Aérea
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Assessoria de Comunicação (UNIALPHAVILLE), MBA em Jornalismo Digital (UNIALPHAVILLE), Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).