Imagem: iStock

Principal fato do comércio internacional dos últimos dias, o bloqueio do Canal de Suez pelo supernavio Evergiven causou enormes transtornos em uma das principais rotas do transporte marítimo mundial. Foram mais de 400 navios parados por seis dias na entrada do estreito que divide a África do Oriente Médio até a conclusão da operação de desencalhe da embarcação.

Entre os principais impactos causados para as operações de comércio internacional que envolvem o transporte marítimo, o frete para a China quintuplicou, segundo o trader de commodities e sócio da Raad International Trading, Thomas Raad. “Os negócios futuros envolvendo cargas de grandes quantidades como frango, carne bovina, soja, milho terão impacto direto nos preços durante alguns meses”, enfatiza.

Embora o incidente tenha ocorrido na região, Raad afirma que o Oriente Médio não sofreu ou se sofreu foi muito pouco um impacto tão grande nos preços tanto de produtos quanto de fretes em função dos operadores marítimos utilizarem outras rotas. “Estou cotando frete para os destinos que sempre vendo, Jebel Ali, Jeddah, Doha mas os preços ainda estão dentro do normal. Talvez o transit time aumente. Depende dos operadores de transporte marítimo e donos de navios. São várias rotas que podem ser feitas, por exemplo, uma operadora pode preferir ir para a Espanha primeiro ou para a Itália para depois ir para o Oriente Médio. Já outra pode preferir ir para a África primeiro para depois subir”, exemplifica.

Nos siga no Instagram, Telegram ou no Whatsapp e fique atualizado com as últimas notícias de nossas forças armadas e indústria da defesa.

Entretanto, no caso do incidente com o Evergiven, Raad afirma que não há o que fazer. “A recomendação para o importador é sempre colocar a carga no seguro. Se uma empresa está importando do Brasil para a China ou Dubai, por exemplo, deve segurar a mercadoria porque é um valor muito insignificante em relação ao total da carga. Muitas empresas com as quais já fiz negócio não colocaram seguro na carga. É a famosa economia burra”, critica.

Raad cita o caso de um importador do Líbano que quando a carga chegou ao porto, o piso do contêiner estava todo molhado e o café que ele importou pegou mofo, tendo perda parcial da carga. E não tinha seguro. “Foi um dinheirão jogado fora e não adianta reclamar porque essas empresas donas dos navios são multibilionárias e não fazem nada, não adianta nem tentar processar”, adverte.

Como a responsabilidade de contratar seguro para a carga é toda do importador, Raad ressalta que sempre orienta os clientes a fazer, até para evitar problemas como o que aconteceu no Canal de Suez.

Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).