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A implementação do novo Índice de Produtividade Operacional (IPO) pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), em abril, gerou controvérsias entre servidores. O modelo, que pontua diferentes tipos de atuação, foi criticado por atribuir mais pontos à apreensão de veículos do que à apreensão de armas e drogas, levantando questionamentos sobre as prioridades da fiscalização.
Estrutura do IPO: como funciona o sistema de pontuação
O Índice de Produtividade Operacional (IPO) foi criado como uma ferramenta de gestão para mensurar, de maneira objetiva, as atividades dos policiais rodoviários federais. A estrutura divide os serviços em quatro grandes categorias: enfrentamento ao crime, segurança viária, serviços à sociedade e espectro amplo. Cada ação gera uma pontuação específica, utilizada para acompanhamento da atuação individual, definição de progressões na carreira e seleção para cursos e férias.

No entanto, a pontuação gerou polêmica: uma simples apreensão de veículo ou autuação administrativa rende 25 pontos, enquanto a apreensão de armas ou drogas concede apenas 5 pontos. Servidores questionam a lógica do sistema, apontando que atividades de maior risco e relevância social acabam sendo desvalorizadas.
Efeitos sobre o engajamento e a efetividade da fiscalização
A reação negativa de parte da corporação evidencia preocupações mais profundas sobre a motivação dos policiais e as possíveis consequências práticas do IPO. Para muitos, a tabela de pontuação pode redirecionar esforços operacionais, priorizando ações que pontuam mais, como a fiscalização veicular rotineira, em detrimento do combate ao tráfico de drogas e armas — ações que, apesar de mais perigosas e estratégicas, oferecem retorno inferior no sistema de avaliação.
Esse desalinhamento entre o reconhecimento institucional e o risco enfrentado em campo pode, a longo prazo, impactar a qualidade da fiscalização, o engajamento dos servidores e a própria imagem pública da PRF como instituição de combate ao crime.
Novo sistema nacional: avanços e desafios de gestão
A PRF defende que o IPO é uma ferramenta moderna de gestão de desempenho, padronizando a avaliação da produtividade em nível nacional. Segundo a corporação, o modelo — testado no Ceará antes da implementação nacional — permite uma melhor identificação de áreas que precisam de reforço e favorece o aprimoramento estratégico das operações.
Entretanto, o desafio será equilibrar a busca por indicadores de eficiência com a necessidade de valorizar ações de alta complexidade e risco. O sucesso do novo sistema dependerá não apenas da aplicação rígida dos pontos, mas também de ajustes que reconheçam adequadamente o impacto estratégico de determinadas atividades essenciais para a segurança pública e a proteção da sociedade.
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