Sem reajustes, militares lidam com queda no poder aquisitivo

Foto: Cb Estevam - Exército Brasileiro
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Desde 2016, os militares da base das Forças Armadas enfrentam uma dura realidade: a ausência de reajustes salariais compatíveis com a inflação tem corroído progressivamente seu poder aquisitivo. Enquanto a cúpula recebe benefícios adicionais, soldados, cabos, sargentos e tenentes sofrem com o impacto da alta dos preços e acumulam perdas significativas.

O Impacto da Inflação nos Militares da Base

O último reajuste salarial significativo para os militares foi concedido em 2016, por meio da Lei 13.321, que previa aumentos divididos em quatro parcelas e totalizava cerca de 27%. Apesar disso, os valores já não eram suficientes para compensar as perdas acumuladas nos anos anteriores. Desde então, a inflação continuou a avançar, e, segundo cálculos baseados em dados do IBGE, a reposição salarial justa hoje seria de aproximadamente 54%.

Na prática, isso significa que um militar da base que recebia R$ 2 mil líquidos em 2016 deveria estar ganhando R$ 3.080 em 2024 para manter o mesmo poder aquisitivo. A realidade, no entanto, é bem diferente. Comparativamente, o salário mínimo, que era de R$ 880 em 2016, foi corrigido em cerca de 60% até 2024, alcançando R$ 1.412, enquanto os vencimentos dos militares da base permaneceram estagnados.

Por outro lado, os oficiais generais foram contemplados com benefícios adicionais em 2019, incluindo aumentos nos valores recebidos por cursos e indenizações por funções comissionadas. Isso ampliou a desigualdade entre a base hierárquica e a cúpula, tornando mais evidente o impacto da inflação sobre os soldados, cabos, sargentos e tenentes.

Cenário Comparativo: Salário Mínimo e Poder Aquisitivo

A comparação entre a evolução do salário mínimo e os vencimentos dos militares da base deixa clara a defasagem. Enquanto o mínimo teve um aumento de cerca de 60% desde 2016, a remuneração dos militares sofreu uma estagnação que não reflete a alta dos preços no período. Esse cenário tem gerado dificuldades crescentes no orçamento das famílias militares, especialmente aquelas com maior dependência dos vencimentos de cabos, soldados e sargentos.

A falta de reajustes não afeta apenas a qualidade de vida, mas também a moral da tropa. Um soldado que enfrenta desafios financeiros para sustentar sua família não pode desempenhar suas funções com o mesmo grau de tranquilidade e comprometimento. A discrepância entre a base e a cúpula também cria um senso de injustiça que pode impactar negativamente o espírito de corpo, fundamental para as Forças Armadas.

O cenário político desfavorável

A defasagem salarial dos militares da base das Forças Armadas é um problema que vai além das finanças individuais: é uma questão de dignidade, justiça e sustentabilidade institucional. Enquanto soluções paliativas ajudam temporariamente, é indispensável que o governo reavalie a política salarial para assegurar que aqueles que servem ao país tenham condições financeiras compatíveis com o custo de vida atual.

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Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).

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