Revolução tecnológica transforma o setor logístico nos portos

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Dos antigos cargueiros aos modernos portacontêineres, a logística aquaviária evoluiu com o tempo — mas nunca tão rapidamente como agora. O setor vive um momento de ruptura, impulsionado por inovações que vão muito além do aperfeiçoamento: elas redesenham todo o modelo operacional. Navios autônomos, portos inteligentes e cadeias logísticas baseadas em blockchain anunciam uma nova era, e o Brasil precisa decidir se quer ser passageiro ou protagonista dessa mudança.

Navios sem capitão e portos que não dormem: a nova era logística

A revolução tecnológica na logística aquaviária é liderada por três pilares principais: automação naval, digitalização portuária e segurança de dados.

Navios autônomos, como os desenvolvidos pela Rolls-Royce e já testados com sucesso, são embarcações que navegam sem tripulação, orientadas por sensores, algoritmos de inteligência artificial e sistemas de posicionamento em tempo real. A promessa é ousada: operar com maior segurança, menor consumo de combustível e menos erros humanos.

Portos inteligentes, como o de Rotterdam, já operam com robôs, esteiras automatizadas e sistemas de IA capazes de movimentar cargas 24 horas por dia, sem interrupções. O ganho operacional pode chegar a 50% de eficiência em relação aos modelos tradicionais.

O uso de blockchain, por sua vez, revoluciona a rastreabilidade e a integridade da cadeia logística. Ao registrar cada movimentação de carga de forma inviolável, a tecnologia reduz fraudes, acelera processos alfandegários e melhora a confiabilidade dos dados logísticos.

Os resultados esperados impressionam: até 70% de redução nas emissões de CO₂, queda de 40% nos custos logísticos e ganhos expressivos na fluidez do comércio internacional.

Brasil entre o atraso e a oportunidade: o que está em jogo

Embora essas tecnologias já estejam em operação ou em fase avançada de testes em países como Holanda, Noruega e Japão, o Brasil ainda enfrenta grandes desafios para implementá-las.

A primeira barreira é o alto investimento necessário para modernizar frotas e portos, que exige aportes bilionários e planejamento de longo prazo. Além disso, há entraves legais: o arcabouço regulatório atual não prevê a navegação autônoma, nem operações portuárias sem intervenção humana direta.

Outro obstáculo é a falta de infraestrutura digital, sobretudo nos pequenos e médios portos brasileiros, que ainda dependem de sistemas manuais e processos burocráticos.

Por outro lado, o Brasil possui uma extensa malha hidroviária e portuária, e um mercado de comércio exterior em constante crescimento. Se houver uma estratégia nacional coordenada, o país pode assumir protagonismo regional nessa nova era logística, consolidando-se como hub tecnológico da América Latina.

O momento é decisivo: a escolha entre modernização ou estagnação passa por decisões que exigem visão de futuro, investimentos estruturantes e articulação entre governo, setor privado e academia.

Planejamento, capacitação e inovação: os pilares da virada

Para que a revolução tecnológica na logística aquaviária ocorra de forma eficaz e segura, é fundamental investir na capacitação da força de trabalho. Operadores portuários, engenheiros navais, técnicos em automação e especialistas em cibersegurança serão protagonistas dessa transição.

As universidades e centros de inovação tecnológica, como os ligados à Marinha do Brasil, podem e devem atuar como vetores de desenvolvimento, promovendo pesquisas aplicadas e formando profissionais preparados para a era digital dos mares.

Além disso, o envolvimento das Forças Armadas, especialmente da Marinha, é estratégico. Por sua expertise em navegação e por sua presença institucional em áreas sensíveis do território nacional, as Forças podem contribuir para a adoção segura e coordenada de novas tecnologias, inclusive em áreas de dupla utilização — civil e militar.

O desafio não é apenas técnico ou econômico, mas estrutural e institucional. É preciso integrar os setores de defesa, infraestrutura e ciência em um projeto de país que valorize sua vocação marítima, aposte em inovação e esteja pronto para liderar a próxima fase da logística global.

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Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).

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