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Quando ouvimos falar em plástico “biodegradável”, é fácil imaginar um material que desaparece magicamente no meio ambiente, sem deixar rastros. No entanto, a realidade é bem diferente. Muitos desses plásticos são, na verdade, oxibiodegradáveis, e ao invés de se decompor completamente, eles se fragmentam em microplásticos que persistem na natureza por décadas. Por trás da promessa de sustentabilidade, há um perigo invisível que ameaça os oceanos, a vida marinha e até a saúde humana.
Plástico oxibiodegradável: uma solução que agrava o problema
O plástico oxibiodegradável é, na prática, um plástico comum com aditivos que aceleram seu processo de fragmentação quando expostos ao sol e ao oxigênio. Isso faz com que ele se quebre em pedaços extremamente pequenos, chamados microplásticos.
Essas partículas microscópicas não desaparecem; pelo contrário, elas se dispersam no solo, nos rios e nos oceanos, tornando-se quase impossíveis de filtrar. Seu tamanho diminuto facilita sua entrada na cadeia alimentar: são ingeridas por peixes, moluscos e, eventualmente, acabam no prato dos consumidores.
Além disso, os plásticos oxibiodegradáveis interferem diretamente nos processos de reciclagem. Sua composição química faz com que eles contaminem lotes inteiros de plástico reciclável, inviabilizando o reaproveitamento de toneladas de materiais. Em alguns casos, esses plásticos ainda contêm metais pesados, que se acumulam no solo e representam uma ameaça silenciosa para os ecossistemas.
Microplásticos: a ameaça invisível que vem do plástico “verde”
A promessa de um plástico que desaparece na natureza pode parecer encantadora, mas os microplásticos resultantes do processo de degradação oxibiodegradável representam um problema ainda maior. Essas partículas têm menos de cinco milímetros e são praticamente invisíveis a olho nu.
Nos oceanos, os microplásticos são confundidos com alimentos por diversas espécies marinhas, causando bloqueios intestinais, intoxicações e até a morte de animais. Além do impacto direto na fauna marinha, esses resíduos também carregam substâncias químicas tóxicas que se acumulam nos organismos e, eventualmente, chegam até nós através do consumo de frutos do mar e peixes contaminados.
Estudos já apontam a presença de microplásticos no sangue humano, na placenta de gestantes e até em órgãos vitais como fígado e pulmões. Esses materiais não apenas poluem o ambiente, mas também representam uma ameaça direta à saúde humana.
Soluções reais para a crise do plástico: além do biodegradável
A verdadeira solução para a crise do plástico não está em alternativas que apenas mascaram o problema, como o plástico oxibiodegradável. O caminho mais eficaz passa por políticas públicas robustas, educação ambiental e, principalmente, pela redução do uso de plásticos descartáveis.
Reduzir, reutilizar e reciclar continuam sendo os pilares mais sólidos para combater a poluição plástica. Investir em materiais verdadeiramente biodegradáveis, como embalagens feitas de fibras naturais, e incentivar o uso de produtos reutilizáveis são passos importantes.
Além disso, é essencial que haja regulamentações mais rigorosas para evitar o uso de termos enganosos, como “biodegradável”, sem comprovações científicas claras de que esses materiais realmente se decompõem sem deixar microplásticos como resíduos.
Empresas e governos têm um papel fundamental nesse processo, mas cada consumidor também carrega uma responsabilidade individual. Escolhas diárias, como optar por garrafas reutilizáveis, sacolas de pano e produtos com embalagens sustentáveis, fazem uma diferença significativa na luta contra o plástico.
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