PF e DEA desmontam rede internacional após ataque naval dos EUA

Mergulhador, barco em chamas e barco ancorado.
Foto: Reprodução
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Em fevereiro de 2023, um veleiro brasileiro navegando rumo à África foi alvejado por disparos da Marinha Americana. A bordo, três toneladas de cocaína confirmaram os indícios de que a embarcação fazia parte de um esquema sofisticado de narcotráfico transatlântico. A ofensiva naval impulsionou a Operação Narco Vela, que atravessou fronteiras e escancarou a atuação de um consórcio criminal com base na Baixada Santista.

Como operava a rede de tráfico internacional via mar

A operação revelou um esquema logístico altamente articulado, com embarcações de diferentes portes e uma engenharia criminosa de alto nível. Segundo a Polícia Federal, o grupo utilizava pequenas lanchas rápidas para transportar a droga da costa brasileira até o alto-mar, onde ocorriam os transbordos para veleiros e pesqueiros de longo curso. Essas embarcações atravessavam o Atlântico até chegarem à costa africana ou às Ilhas Canárias, onde novos barcos menores recolhiam os entorpecentes para distribuição local.

O monitoramento era realizado por equipamentos de rastreamento via satélite, permitindo à organização manter contato em tempo real com as embarcações. A estrutura envolvia rotas rotativas, técnicas de camuflagem e tripulações experientes. A ação dos Estados Unidos, ao interceptar o veleiro brasileiro, foi determinante para a coleta de provas que impulsionaram as investigações da Operação Narco Vela, com o apoio de forças de segurança da Itália, Espanha, França e Paraguai.

Pescadores no alvo do crime: promessa de dinheiro e risco de morte

Um dos aspectos mais sensíveis da investigação foi a descoberta de que pescadores tradicionais estavam sendo cooptados para integrar a logística do tráfico. O aliciamento ocorria com promessas de ganhos altos e rápidos — uma isca eficiente diante da vulnerabilidade social e da escassez de oportunidades legítimas em comunidades do litoral paulista.

A Baixada Santista, em especial, foi identificada como o principal núcleo de recrutamento. Pescadores eram usados para levar a carga até o alto-mar ou, em alguns casos, participar da própria travessia internacional. O envolvimento dos trabalhadores do mar expõe um dilema social: como impedir que populações costeiras se tornem elo frágil no combate ao narcotráfico quando o Estado falha em oferecer alternativas reais de sustento?

Narcotráfico e geopolítica: o Atlântico Sul como rota de guerra

A atuação da Marinha dos Estados Unidos no abate do veleiro brasileiro, somada à intervenção de forças navais europeias em outras ocasiões, mostra que o Atlântico Sul se consolidou como corredor estratégico do narcotráfico internacional. A vastidão oceânica e a ausência de fiscalização contínua tornam a área um campo fértil para o crime transnacional.

O caso reforça a necessidade de cooperativas multinacionais de segurança, com trocas de inteligência e atuação conjunta em águas internacionais. O Brasil, pela sua posição geográfica e extensão de costa, torna-se peça-chave tanto na origem quanto no combate ao tráfico. O desafio é conjugar soberania nacional, cooperação internacional e controle efetivo do espaço marítimo.

Com informações do G1

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Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).

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