Petrobras terá duas bases para tratar fauna marinha na margem equatorial

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
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À medida que a margem equatorial desponta como uma nova fronteira exploratória de petróleo no Brasil, a Petrobras se prepara para atender às exigências ambientais com a criação de dois Centros de Reabilitação e Despetrolização de Fauna (CRD). Enquanto a base de Belém (PA) já está em funcionamento, a unidade de Oiapoque (AP) deve ser concluída até o primeiro trimestre de 2025, reforçando a infraestrutura para resposta rápida em casos de acidentes ambientais.

Os Centros de Reabilitação e Despetrolização de Fauna (CRD)

Os Centros de Reabilitação e Despetrolização de Fauna (CRD) representam um marco importante no compromisso da Petrobras com a proteção ambiental durante suas atividades na margem equatorial.

O primeiro CRD, localizado em Belém (PA), foi inaugurado em fevereiro de 2023 e conta com uma infraestrutura de ponta, equipada para atender até 25 animais simultaneamente, com capacidade de expansão caso necessário. A instalação ocupa uma área de 3 mil metros quadrados, com setores especializados para triagem, estabilização, lavagem, secagem e reabilitação de aves, tartarugas e mamíferos marinhos, como peixes-boi e cetáceos.

A estrutura inclui corredores de voo para aves em recuperação, além de áreas específicas para quarentena e procedimentos veterinários avançados, como análises clínicas, anestesia e monitoramento cardíaco e respiratório. Uma equipe composta por veterinários, biólogos e tratadores permanece de prontidão para eventuais emergências.

Já o segundo CRD, em construção no Oiapoque (AP), segue os mesmos padrões da unidade de Belém e deverá reduzir significativamente o tempo de resposta em caso de um incidente. Localizado mais próximo à área de perfuração, o centro poderá atender animais impactados em 12 horas, tempo muito menor do que as 22 a 31 horas estimadas para deslocamento até Belém.

Esse investimento robusto em infraestrutura reflete não apenas o cumprimento das exigências do Ibama, mas também um compromisso concreto com práticas responsáveis de exploração petrolífera.

Margem Equatorial: Potencial Econômico e Desafios Ambientais

A margem equatorial brasileira, que se estende do Rio Grande do Norte até o Amapá, tem atraído grande atenção devido ao seu alto potencial petrolífero. Descobertas recentes de petróleo e gás em países vizinhos, como Colômbia, Guiana, Guiana Francesa e Suriname, sugerem que a região pode conter reservas expressivas de petróleo, comparáveis às do pré-sal.

Estudos da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) indicam que apenas na Bacia da Foz do Amazonas, o volume potencial recuperável pode chegar a 10 bilhões de barris de óleo equivalente. Para efeito de comparação, o Brasil tem atualmente 66 bilhões de barris entre reservas provadas, prováveis e possíveis, de acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

No entanto, o processo de licenciamento ambiental para exploração na região tem enfrentado desafios. O Ibama negou a autorização para a perfuração no bloco FZA-M-59, alegando a necessidade de estudos estratégicos adicionais e preocupações com o impacto sobre comunidades indígenas e fauna marinha.

A Petrobras tem defendido que a exploração dessa área é fundamental para reduzir a dependência do Brasil de petróleo importado no horizonte de dez anos. Segundo a estatal, o país precisa conhecer melhor o potencial energético dessa região para garantir sua segurança energética e seu desenvolvimento econômico sustentável.

Tempo de Resposta e Plano de Emergência Ambiental

Um dos principais pontos de atenção para o Ibama ao avaliar pedidos de licenciamento na margem equatorial é o tempo de resposta em caso de vazamentos ou acidentes ambientais.

Atualmente, a Petrobras estima que um animal impactado em uma ocorrência poderia ser transportado para o CRD de Belém em um prazo entre 22 e 31 horas, dependendo das condições climáticas e do tipo de embarcação utilizada. Esse tempo foi considerado excessivo pelo Ibama, levando a Petrobras a investir na construção do CRD de Oiapoque, que reduzirá esse intervalo para aproximadamente 12 horas.

Além das instalações fixas, o plano de emergência da Petrobras conta com:

  • Duas embarcações dedicadas ao resgate e transporte de animais afetados.
  • Um helicóptero para acelerar deslocamentos em situações críticas.
  • Veículos terrestres especializados para movimentação em áreas costeiras.

A gerente geral de Segurança, Meio Ambiente e Saúde da Petrobras, Daniele Lomba, explicou que os CRDs são uma última linha de defesa dentro de um plano de contingência robusto, que inclui barreiras preventivas, monitoramento constante e ações de resposta imediata para evitar que vazamentos afetem a fauna marinha.

Perspectivas e Compromisso Ambiental

A construção e operação dos Centros de Reabilitação e Despetrolização de Fauna representam um avanço significativo nas práticas de segurança ambiental da Petrobras. Além de cumprir as exigências do Ibama, esses centros reforçam a responsabilidade da estatal com o meio ambiente e com as comunidades que dependem dos ecossistemas costeiros para sua subsistência.

A Petrobras segue aguardando uma resposta definitiva do Ibama sobre a autorização para a exploração no bloco FZA-M-59. Enquanto isso, os investimentos continuam, tanto em infraestrutura física quanto em tecnologia de monitoramento ambiental.

A margem equatorial representa uma oportunidade histórica para o Brasil equilibrar crescimento econômico, segurança energética e preservação ambiental. O desafio, agora, é garantir que essas operações sejam conduzidas com o máximo de segurança, transparência e responsabilidade socioambiental.

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