Pesquisadora da Marinha vence prêmio com estudo sobre câncer

Mulher, mãe, cientista e servidora da Marinha do Brasil: a Dra. Giselle Pinto de Faria Lopes acaba de conquistar, pela segunda vez, o prêmio “Soberania Pela Ciência”, um dos mais prestigiados da pesquisa científica vinculada à Defesa. O reconhecimento veio pelo estudo sobre o uso de algas marinhas no combate ao câncer, revelando o imenso potencial biotecnológico do oceano na saúde humana. A premiação consagra duas décadas de dedicação à ciência e à soberania nacional.

Bioprospecção marinha e oncologia: como as algas podem combater o câncer

A pesquisa da Dra. Giselle se destaca por seu ineditismo ao explorar algas marinhas como fonte de compostos bioativos com potencial anticâncer. Sua atuação no Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM), vinculado à Marinha do Brasil, permite a investigação de ambientes marinhos estratégicos sob uma ótica científica e tecnológica voltada à saúde e à defesa nacional.

Os projetos liderados por ela — “Superalimento” e “Antídoto Natural Marinho” — aplicam modelos celulares 3D e avançadas técnicas de bioengenharia para estudar o impacto de substâncias extraídas de algas na prevenção de doenças e neutralização de agentes biológicos e químicos. Ao aliar biotecnologia marinha à oncologia, a pesquisadora propõe alternativas terapêuticas que podem futuramente reduzir os efeitos colaterais da quimioterapia e ampliar o arsenal de medicamentos oncológicos.

A premiação reconhece não apenas a inovação, mas também o rigor metodológico e a aplicabilidade prática do trabalho, que integra saúde pública, ciência de ponta e interesse estratégico nacional.

Mulheres na ciência e na Defesa: a trajetória de superação da Dra. Giselle

A trajetória de Giselle é marcada por persistência e paixão pela ciência. Formada em Biomedicina pela UFRJ, ela acumulou 20 anos de experiência no Instituto Nacional de Câncer (INCA) antes de integrar o IEAPM, em 2018. Desde o início, enfrentou as dificuldades comuns à carreira científica no Brasil: escassez de vagas, cortes de financiamento e a árdua concorrência nos concursos públicos — fez mais de vinte até alcançar sua atual posição.

Além de cientista, é mãe, esposa e educadora, conciliando os múltiplos papéis com determinação. Seu companheiro, também pesquisador e coautor do estudo, é figura fundamental no diálogo entre cultura científica e cultura militar, incentivando seu protagonismo em uma área ainda pouco ocupada por mulheres.

Inspirada pelos pais e pelo cotidiano acadêmico, a Dra. Giselle se tornou um símbolo de resiliência feminina na ciência, atuando com excelência em um campo onde ainda há barreiras culturais e estruturais a serem superadas.

O mar como fonte de cura: ciência, soberania e saúde pública unidas

O reconhecimento da Dra. Giselle ocorre num momento em que o Brasil precisa, mais do que nunca, integrar ciência e soberania. Os oceanos são considerados a próxima fronteira da inovação tecnológica, especialmente para países com extensa costa marítima e biodiversidade única, como o Brasil. Pesquisar os produtos naturais marinhos é investir em saúde, economia azul e independência científica.

A bioprospecção oncológica, foco da Dra. Giselle, aponta caminhos para o desenvolvimento de tratamentos acessíveis, sustentáveis e baseados em recursos nacionais. É também uma resposta estratégica aos interesses da família naval, já que o câncer está entre as doenças mais incidentes entre militares e seus familiares.

Ao premiar pela segunda vez a pesquisadora com o troféu “Soberania Pela Ciência”, a Marinha do Brasil envia uma mensagem clara: apoiar a ciência é proteger o futuro. É valorizar o que temos de mais precioso — nossos recursos naturais e os profissionais que se dedicam, com coragem e competência, a transformá-los em soluções para a humanidade.