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Tecnologias Quânticas e IA: Como o Exército Brasileiro se Prepara para a Guerra do Futuro

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Diante das rápidas mudanças tecnológicas que estão revolucionando a guerra moderna, o Exército Brasileiro, por meio do Instituto Militar de Engenharia (IME), tem investido em tecnologias de ponta como computação quântica, inteligência artificial e manufatura aditiva. Em palestra no IV Encontro da Rede Nordeste de Estudos Estratégicos e Inovação (IV ERENEEI), o Gen Div Eng Mil Juraci Ferreira Galdino destacou os avanços nesses campos e a importância de parcerias com o setor produtivo e acadêmico para garantir que o Brasil esteja preparado para os desafios da “Guerra do Futuro”, em um cenário de crescente competição tecnológica global.

Computação Quântica: A Nova Fronteira da Defesa

A computação quântica é uma das tecnologias emergentes mais promissoras e transformadoras no campo militar. O Exército Brasileiro tem acompanhado de perto esses avanços e investido em projetos que buscam explorar todo o potencial desta inovação. A computação quântica tem a capacidade de revolucionar a segurança cibernética, principalmente em relação à criptografia, permitindo que códigos complexos sejam quebrados em uma fração de tempo comparado aos sistemas convencionais. Essa capacidade coloca em risco até mesmo as comunicações mais protegidas.

Além disso, o uso de sensores e comunicações quânticas é outro pilar essencial no desenvolvimento de novas capacidades militares. Sensores quânticos, por exemplo, são capazes de detectar submarinos nucleares com alta precisão, uma vantagem estratégica em operações marítimas. Nesse contexto, o Exército Brasileiro, por meio do IME, está criando o Centro Avançado de Tecnologias Quânticas, previsto para inauguração em 2025. Esse centro será responsável por coordenar as pesquisas e testar tecnologias em áreas como sensores, comunicação e computação quântica, consolidando o Brasil como um competidor relevante nesse campo emergente.

Inteligência Artificial no Campo de Batalha

A inteligência artificial (IA) já é uma realidade no campo militar e promete transformar as operações de guerra moderna. O Exército Brasileiro, ciente dessa mudança, tem direcionado seus esforços para integrar a IA em diversos sistemas, como drones e operações de logística. Uma das aplicações mais promissoras é o uso de enxames de drones, compostos por equipamentos de baixo custo e pequenas cargas úteis, que podem executar missões de reconhecimento e até ofensivas. Esses drones são equipados com sensores que coletam dados em tempo real, processados por algoritmos de IA, permitindo que os comandantes tenham uma visão clara do campo de batalha e tomem decisões informadas com rapidez.

Esses sistemas podem, por exemplo, identificar ameaças, reconstruir imagens em 3D e até transmitir dados críticos diretamente para os soldados no terreno, através de tecnologias de realidade aumentada. Um projeto em andamento envolve a parceria entre o IME, universidades brasileiras e empresas como a Xmobots, que está desenvolvendo drones para uso militar. Além disso, as universidades, como a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), colaboram no desenvolvimento de algoritmos de IA para processamento de dados de drones, demonstrando a importância das parcerias entre academia e defesa.

Manufatura Aditiva: O Futuro da Logística Militar

Outro aspecto revolucionário na “Guerra do Futuro” é a manufatura aditiva, também conhecida como impressão 3D, que está transformando a maneira como o Exército planeja suas operações logísticas. Com a capacidade de produzir peças e componentes diretamente no teatro de operações, o Brasil busca reduzir sua dependência de fornecedores estrangeiros, um fator estratégico crucial para garantir sua soberania em situações de conflito.

No entanto, o maior desafio da manufatura aditiva é a dependência de insumos de alta tecnologia. Muitas impressoras 3D no mercado vêm pré-configuradas para utilizar materiais de fornecedores específicos, o que pode criar vulnerabilidades logísticas em tempos de guerra. O Exército Brasileiro tem se concentrado em projetos para desenvolver e produzir seus próprios insumos, como pós metálicos e materiais energéticos, o que garantiria a autossuficiência em termos de manutenção e reposição de equipamentos no campo de batalha. O Brasil possui uma vasta gama de matérias-primas, o que lhe confere uma vantagem estratégica no desenvolvimento dessa capacidade.

Parcerias Tecnológicas para o Futuro da Defesa

O sucesso dessas iniciativas depende fortemente de parcerias estratégicas entre o Exército, universidades e o setor produtivo. O IME tem sido um dos principais articuladores dessas parcerias, colaborando com centros de pesquisa em todo o Brasil para desenvolver tecnologias inovadoras. Um exemplo é a rede metropolitana quântica no Rio de Janeiro, que conecta universidades e centros de pesquisa com a finalidade de avançar os estudos em comunicações quânticas.

Essas parcerias permitem que o Brasil explore novas tecnologias e desenvolva soluções nacionais, reduzindo sua dependência de fornecedores internacionais.

O Brasil no Cenário da Guerra Tecnológica Global

Em termos de cenário global, o Brasil ainda enfrenta desafios para competir com as grandes potências tecnológicas, como China e Estados Unidos. A computação quântica, por exemplo, está em estágio avançado nesses países, com investimentos bilionários e centros de pesquisa dedicados. No entanto, a iniciativa do Exército Brasileiro de criar um centro de pesquisa em tecnologia quântica e suas parcerias estratégicas são passos fundamentais para reduzir o atraso e garantir que o país se mantenha competitivo.

Essas tecnologias são críticas não apenas para o desenvolvimento militar, mas também para a segurança nacional. O General Juraci Galdino destacou que as guerras futuras serão travadas não apenas com armas tradicionais, mas com algoritmos, dados e inteligência artificial. A revolução tecnológica também impactará profundamente o equilíbrio de poder no cenário internacional, tornando essencial para o Brasil investir em inovações que garantam sua soberania e capacidade de defesa.

Assista as palestras completas no segundo dia do IV Encontro da Rede Nordeste de Estudos Estratégicos e Inovação (IV ERENEEI)

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