ONU escolhe militar do Exército Brasileiro para chefiar missão na RDC

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Em meio ao caos e à escalada da violência no leste da República Democrática do Congo, um brasileiro se prepara para enfrentar um dos desafios mais complexos da ONU. Ulisses de Mesquita Gomes foi nomeado como comandante da Monusco, a principal missão de paz no país, justamente quando a cidade estratégica de Goma cai nas mãos de rebeldes e organizações humanitárias denunciam um cenário desolador. Sua experiência em missões internacionais será crucial para lidar com a instabilidade crescente na região.
O desafio estratégico de liderar a Monusco
A Missão das Nações Unidas para a Estabilização na República Democrática do Congo (Monusco) tem um papel crucial na tentativa de restaurar a paz no país. Criada em 2010 para substituir a Monuc, a missão é uma das maiores operações de manutenção da paz da ONU, com cerca de 30 mil funcionários. Seu principal objetivo é proteger civis, apoiar instituições públicas e implementar reformas de governança e segurança.
No entanto, a missão enfrenta dificuldades significativas. A presença de mais de 100 grupos armados no leste do Congo torna a estabilidade um objetivo complexo. O avanço do grupo rebelde M23, que recentemente tomou a cidade de Goma, ilustra os desafios operacionais que a Monusco encontra. Além disso, há pressões políticas internas para que a ONU reduza sua presença no país, enquanto a população local, muitas vezes, expressa desconfiança em relação às forças de paz.
A nomeação de Ulisses Gomes para o cargo ocorre em um momento particularmente delicado. Ele precisará equilibrar a atuação militar com a diplomacia, buscando fortalecer a confiança na missão e negociar soluções políticas para o conflito. Sua vasta experiência em operações internacionais pode ser um diferencial para lidar com esse cenário complexo.
Ulisses Gomes: trajetória e experiência internacional
Com mais de 35 anos de experiência militar, Ulisses De Mesquita Gomes já desempenhou diversas funções estratégicas no Brasil e no exterior. Antes de assumir o comando da Monusco, ele atuava como chefe-adjunto do Comando Logístico do Exército. Também foi adido militar nos Estados Unidos e assessor de Defesa no Ministério de Assuntos Estratégicos do Brasil.
Sua vivência em operações de paz é extensa. Entre 2008 e 2009, ele participou da Minustah, a missão da ONU no Haiti liderada pelo Brasil. Além disso, ocupou cargos ligados à segurança e defesa na ONU, o que o torna um dos militares brasileiros mais experientes em operações internacionais.
A nomeação de Gomes reforça a tradição brasileira de participação em missões de paz. O Brasil já teve ao menos cinco militares à frente da Monusco desde 2010, o que evidencia a confiança da ONU na capacidade estratégica das Forças Armadas brasileiras. Sua liderança pode representar um importante reforço diplomático para o Brasil no cenário global.
O contexto do conflito na RDC e o papel da ONU
A República Democrática do Congo vive uma crise prolongada, alimentada por disputas políticas, rivalidades étnicas e interesses econômicos na exploração de recursos naturais. O grupo rebelde M23, formado por tutsis congoleses, retomou as atividades militares nos últimos anos e é acusado de receber apoio do governo de Ruanda, que nega qualquer envolvimento.
A recente tomada de Goma pelo M23 intensificou a instabilidade na região. Relatos de organizações humanitárias apontam para uma escalada da violência, com civis sendo mortos e deslocados. Diante desse cenário, a Monusco tem a difícil missão de conter os avanços rebeldes e proteger a população, ao mesmo tempo em que busca soluções diplomáticas para encerrar o conflito.
A ONU, no entanto, enfrenta desafios crescentes na região. O governo congolês já manifestou o desejo de reduzir gradativamente a presença da Monusco, alegando falta de eficácia na proteção da população. Além disso, a missão sofre com restrições operacionais e orçamentárias, o que limita suas ações no campo.
Com a chegada de Ulisses Gomes ao comando da Monusco, a expectativa é de que sua experiência possa contribuir para um reposicionamento estratégico da missão. O desafio será grande, mas sua trajetória demonstra que ele está preparado para enfrentar um dos conflitos mais complexos da atualidade.
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