Marinha promove inclusão com evento sobre o autismo

Sob o lema “Todo Dia é Dia do Autista”, o Museu Naval foi transformado em um espaço de acolhimento e diálogo sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA). A iniciativa da Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha (DPHDM) mobilizou instituições públicas e civis para promover a inclusão social, aproximando o público da causa autista com empatia, ciência e cultura.

Inclusão como estratégia institucional da Marinha

A Marinha do Brasil, por meio da DPHDM, tem ampliado seu papel para além das fronteiras do poder naval, assumindo responsabilidades sociais e educacionais com impacto nacional. Durante o evento, o Vice-Almirante (da Reserva) Gilberto Santos Kerr destacou a urgência de enxergar a neurodiversidade não como limitação, mas como potencial. “Estamos diante de perfis altamente analíticos, focados e criativos, com habilidades únicas para setores como ciência de dados, engenharia e criptografia”, afirmou o oficial.

A iniciativa representa um avanço na construção de ambientes institucionais mais acessíveis, onde a tecnologia assistiva, o design universal e a formação continuada de servidores convergem para garantir o pleno exercício da cidadania por pessoas com TEA. A Marinha tem buscado parcerias com universidades e centros especializados para ampliar o escopo dessa agenda inclusiva em todas as suas frentes — operacionais, administrativas e culturais.

Empatia, escuta e protagonismo das famílias

Mais do que promover informação, o evento foi um encontro de afetos, realidades e descobertas. A Capitão de Corveta Renata da Rocha Pereira, que também é mãe de uma criança autista, coordenou cada etapa com uma sensibilidade visivelmente moldada por sua experiência pessoal. “Foi uma felicidade sem igual poder unir meu papel de mãe atípica ao de militar comprometida com a transformação social”, declarou.

Durante as atividades, crianças interagiram com exposições, ouviram música ao vivo e participaram de oficinas criativas. Profissionais de saúde, direito e educação apresentaram estudos de caso e boas práticas de inclusão escolar, acompanhamento terapêutico e garantia de direitos civis. A ação ainda contou com a participação de entidades como a APTEA, a Federação das APAEs do Estado do RJ, a UERJ, o PROCON-RJ e a Secretaria de Defesa do Consumidor, demonstrando o engajamento multissetorial em torno da causa.

Museu Naval: história, educação e transformação social

Ao abrir suas portas para essa ação inédita, o Museu Naval mostrou por que vem se consolidando como um dos mais importantes centros de educação patrimonial do país. Segundo o Vice-Almirante Kerr, o espaço tem a “obrigação de transformar a vida de quem passa por ele”. A Divisão de Educação em Museus foi responsável por adaptar os ambientes, garantindo acolhimento sensorial e acessibilidade comunicacional aos visitantes neurodivergentes.

Eventos como esse confirmam que o poder naval moderno vai além da força bruta: ele também se manifesta na capacidade de dialogar com a sociedade, de reconhecer suas demandas e de afirmar, por meio da cultura, o compromisso com uma Defesa Nacional mais humana, plural e integrada.