O olhar das mil jardas: A realidade do estresse pós-traumático na guerra

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Em meio às histórias dos campos de batalha, uma narrativa se destaca por sua revelação chocante sobre o trauma dos soldados. No início, aqueles que ignoravam ordens eram fuzilados por covardia. Com o tempo, percebeu-se que a causa não era covardia, mas uma condição profunda e angustiante que se manifestava sob o intenso estresse da guerra. Hoje, essa condição é conhecida como desordem de estresse pós-traumático agudo.

Impacto Psicológico nas Trincheiras e Batalhas

As condições extremas enfrentadas pelos soldados durante a Primeira Guerra Mundial contribuíram significativamente para o desenvolvimento de traumas psicológicos severos. Nas trincheiras, a tensão constante, o medo e a exposição contínua ao perigo criavam um ambiente propício ao surgimento de distúrbios mentais. Um exemplo marcante é a Batalha de Ypres, onde muitos soldados sofreram com a intensidade dos combates e as terríveis condições de vida.

Foto: Domínio Público

Entre as várias histórias contadas pelos veteranos, uma imagem permanece vívida: a de um soldado australiano em um hospital de campanha improvisado após a sangrenta Batalha de Ypres. Com a mão amputada, cercado por outros feridos, ele exibia um sorriso enquanto seu olhar estava perdido no nada. Esse comportamento, conhecido como “o olhar das mil jardas”, indicava uma dissociação mental, uma forma de a mente escapar dos horrores ao redor.

Os soldados, mesmo sob intenso fogo de artilharia, muitas vezes apresentavam um olhar vazio e distante, alheios ao perigo iminente. Esse comportamento não era um sinal de desobediência ou covardia, mas uma resposta natural ao trauma extremo. As autoridades militares da época começaram a reconhecer esse fenômeno, levando ao termo “shell-shock” para descrever a condição dos soldados afetados.

O Legado do “Olhar das Mil Jardas”

O reconhecimento e o estudo do “olhar das mil jardas” marcaram o início da compreensão moderna do estresse pós-traumático. Inicialmente chamado de “doença de guerra”, este termo evoluiu ao longo dos anos, refletindo uma melhor compreensão do impacto psicológico dos combates intensos. Hoje, a desordem de estresse pós-traumático (TEPT) é uma condição bem reconhecida, com critérios diagnósticos claros e tratamentos eficazes.

O legado do “olhar das mil jardas” continua a ser relevante, especialmente no contexto atual em que os militares e civis são expostos a situações traumáticas. O reconhecimento precoce e o tratamento adequado do TEPT são essenciais para ajudar os afetados a recuperar sua saúde mental e reintegrar-se à sociedade.

A imagem do soldado australiano com seu olhar perdido serve como um lembrete poderoso da resiliência humana e da necessidade de empatia e compreensão para aqueles que enfrentam traumas profundos. A história do “olhar das mil jardas” sublinha a importância de continuar a pesquisar e desenvolver estratégias de apoio para todos que sofrem as consequências psicológicas da guerra e de outras experiências traumáticas.

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Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).