Nossa atenção é seletiva e tendemos a dar maior atenção àquilo que afeta diretamente nossas emoções e, seguindo o pensamento de Silvam Tomkins onde “A emoção é o centro da experiência humana“, nossas emoções podem tanto conduzir nossa percepção a um acontecimento que possa nos afetar positiva ou negativamente, quanto desviar nossa atenção de situações e estímulos que venham a ser difíceis de lidar.

Efeito Avestruz consiste na tendência a ignorar informações potencialmente ruins, a fim de evitar o desconforto psicológico decorrente.

Se você já evitou abrir a fatura do cartão de crédito com medo de lidar com os valores de gastos extrapolados, adiou uma consulta médica por medo dos resultados ou mesmo saiu mais cedo do trabalho para evitar ter de apresentar um novo projeto, então você já viveu o efeito avestruz.

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Imagem: Domínio público

Ao melhor estilo “o pior cego é aquele que não quer ver” o efeito avestruz traz grandes prejuízos a nossa vida. A estratégia de que quanto menos soubermos do problema, menor ele será para nós, não funciona na prática.

Ao se recusar a encarar possíveis problemas, normalmente acontece um efeito de bola de neve, em que os prejuízos se acumulam e as dificuldades se tornam mais difíceis de serem solucionada.

O efeito avestruz e a mentira

Em nossas turmas no curso “O Corpo e a Mentira“, onde nos propomos a ensinar a detecção da conduta dissimulativa através da análise do comportamento não verbal, sempre iniciamos com a seguinte pergunta:

Vocês realmente querem saber quando alguém à sua frente pode estar mentindo?

Na maior parte das vezes, não queremos.

O psicólogo Aldert Vrij, pesquisador da University of Portsmouth,  lista em seu livro “Detecting Lies and Deceit” as principais razões pelas quais evitamos perceber a mentira, muitas vezes deixando de investigar indícios de que claramente estamos sendo enganados:

1 – A mentira pode ser muito mais agradável do que a verdade

Imagine receber diversos elogios por um bom trabalho realizado. Quem se daria ao trabalho de perceber se tais elogios são verdadeiros, sendo receber tais cumprimentos tão bom para nossa auto estima? Para que estragar tudo?

2 – A verdade pode trazer consequências ruins

Uma esposa que descobre que seu marido está tendo um caso e decide acusá-lo pode ver seu casamento desfeito, o que causaria grande prejuízo a sua vida e seus filhos. Temendo tais consequências muitas pessoas optam por não investigar indícios de desonestidade.

3 – Saber a verdade nos obriga a nos posicionar frente a mentira, e a maioria não sabe o que fazer com a verdade

Imagine descobrir que seu anfitrião mentiu  ao lhe dizer que era bem vindo em sua casa. Como proceder? O que fazer a respeito?

 

Tirando a cabeça do buraco

Antes de desejar perceber a desonestidade nas pessoas, entenda que existe um sistema interno que tenta nos preservar das consequências da verdade. Por muitas vezes, viramos o rosto e achamos melhor não saber.

Nosso psiquismo fará de tudo para manter a homeostase em que nos encontramos e preservar nosso atual estado e espírito, mesmo que isso signifique voltar nossa atenção para longe de uma informação dolorosa, mas necessária.

Listei abaixo algumas simples atitudes e mudanças de postura que ajudarão você, a evitar o efeito Avestruz:

 

  • Perceba as tarefas e atitudes que ao iniciar sente desconforto e tende a abandonar. Reflita sobre a razão deste desconforto, ele pode ser uma atitude de evitação.
  • Entenda que adiar consequências potencialmente negativas apenas as fortalece, o esforço que fará ao lidar com o que foi evitado no futuro será muito maior
  • Ao suspeitar de uma mentira, busque todos os motivos que possui para acreditar nela, estes motivos que trazem conforto e desviam sua atenção podem nublar sua percepção
  • Confie em sua intuição. Intuição é um conceito científico onde seu processamento cortical consciente ainda não assimilou o que seus sentidos captaram e outras regiões do cérebro concluíram. Se sentir que há algo errado, investigue.

Jamais esqueça que evitar o efeito avestruz não significa se concentrar profundamente em cada preocupação, e sim dar a ela a atenção necessária de acordo com seu impacto em sua vida, assim como dar a resolução a estas questões de acordo com a devida urgência que pedem.

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Referências

Vrij. A. Detecting Lies and Deceit: Pitfalls and Opportunities (2008).
Chichester, UK: John Wiley & Sons Ltd

A Vrij. A. Detecting lies and deceit: The psychology of lying and the implications for professional practice(2000). Chichester, UK: John Wiley & Sons Ltd

Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).