A quantidade de doutoras tituladas a cada ano cresceu 61% de 2013 a 2019, último com dados fechados e compilados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). O número passou de 8.315 para 13.419 na série histórica analisada, e sempre esteve à frente do de homens, que foi de 7.336 para 11.013 no mesmo período.
O trabalho das mulheres tituladas nesses anos contribui para a busca de soluções de demandas da sociedade. É o caso de Bianca Peres, doutora em Microbiologia desde 2017 pela Universidade de São Paulo (USP), com estudos financiados pela CAPES. Bolsista da Fundação também no mestrado e de novo no pós-doutorado, a cientista integra a equipe da USP que tenta adaptar medicamentos usados no combate a outras doenças para tratar a COVID-19.
Em relação à vida acadêmica, Bianca diz ser difícil balancear as longas horas no laboratório com a maternidade. Mas enfatiza: “Não imagino minha vida sem ciência, mesmo que futuramente não esteja mais envolvida nessa parte prática. Sempre estarei envolvida, seja fazendo divulgação, seja dando aula.”
A presença feminina também é relevante para a propriedade intelectual da ciência nacional. O número de patentes registradas com participação de mulheres registrou crescimento de 682% em seis anos. Foram 335 em 2013 e 2.621 em 2019. Diferentemente dos títulos, porém, a quantidade ficou abaixo em relação aos homens — 497 em 2013 e 3.346 em 2019.
Única representante do Brasil entre os 23 vencedores do prêmio Cientista do Ano 2020, a bioquímica Angela Wyse participou do registro de patente de um jogo eletrônico educacional em 2016, o “Web-game educacional para ensino e aprendizagem de ciências”. O game leva conhecimentos básicos de química em perguntas de “certo ou errado” para crianças da educação básica responderem no computador. O conteúdo engloba átomos e moléculas, e serve para ajudar a fixar os ensinamentos.
Angela Wyse dá aulas em dois programas de pós-graduação (PPGs): em Bioquímica e em Educação em Ciências, ambos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O trabalho que resultou na patente foi originado na disciplina “Conectando o PPG em Bioquímica à educação básica”. Nela os estudantes devem desenvolver projetos para levar para escolas da periferia de Porto Alegre (RS).
A professora da UFRGS lembra que o caminho até a educação superior começa na infância. “Devemos estimular as meninas a ter brinquedos que estimulem a criatividade assim como os meninos. É um processo que, em minha visão, estimulará a presença cada vez maior das mulheres na ciência”, diz Wyse.
Segundo Heloísa Hollnagel, diretora de Relações Internacionais da CAPES, os aumentos do número de doutoras e do de registro de patentes com participação feminina demonstram a força das mulheres na ciência. “Fico feliz em ver que vinte anos depois do meu doutorado, hoje temos mais mulheres tituladas e com números expressivos na produção de artigos científicos de impacto. Essa produção de conhecimento com o nível cada dia mais relevante, resulta em mais registros de patentes, estimulando a colaboração internacional e a obtenção de fomento externo”, diz.
O Dia Internacional da Mulher, data comemorativa oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1970, simboliza a luta histórica das mulheres para terem as condições de trabalho equiparadas às dos homens. Celebrado a cada 8 de março, serve para protestar contra a desigualdade salarial, o machismo e a violência.
Por Redação CCS/CAPES
Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).