Novos laboratórios ampliarão estudos para fins medicinais, industriais e econômicos

Os espaços foram inaugurados em abril, em Arraial do Cabo (RJ)

Por Primeiro-Tenente (RM2-T) Luciana Santos de Almeida

Ampliar os estudos na área da Biotecnologia Marinha – utilização de substâncias de organismos vivos e sistemas biológicos –, que trarão soluções para combater doenças como câncer, recuperar áreas com derrame de óleo, produzir material industrial e produtos anti-incrustantes são os objetivos dos cinco laboratórios do Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM), inaugurados em abril deste ano.

Com eles, será possível criar produtos originados de substâncias de organismos vivos, que são testadas para diferentes aplicações. “Essas novas infraestruturas nos possibilitam desenvolver bioprodutos, que podem ser aplicados nas áreas ambiental, econômica e medicinal”, comemorou a pesquisadora do Departamento de Biotecnologia Marinha, Giselle Lopes, Doutora em Ciências Morfológicas e Pós-Doutora em Bioprospecção.

Para atuarem nesses laboratórios, o IEAPM dispõe de pesquisadores – civis e militares, mestres e doutores – que são especialistas em Genética, Biodiversidade, Produtos Naturais, Bioprospecção, Biologia Celular e Molecular, Morfologia, Cultivo de Organismos Marinhos, Bioincrustação e Bioinvasão. A doutora Giselle Lopes explica que, atualmente, os projetos do Departamento de Biotecnologia Marinha do IEAPM, chefiado pelo doutor Ricardo Coutinho, estão com foco no desenvolvimento de métodos inovadores para monitorar o impacto do derramamento de óleo no ambiente marinho e na área da saúde, além de descobrir como combater os fenômenos de bioincrustação e bioinvasão marinhas.

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“A bioinvasão marinha é a introdução de espécies marinhas exóticas, ou seja, provenientes de outras regiões. As espécies invasoras podem alterar a composição e o funcionamento dos ecossistemas locais, proliferando-se de forma desordenada e provocando impactos ecológicos e econômicos. Alguns exemplos de bioinvasores no Brasil são o Coral-Sol (Tubastrea coccínea) e o mexilhão dourado (Limnoperna fortunei)”, afirmou a pesquisadora.

Coral-Sol – Imagem: Ibama

Já a bioincrustação marinha consiste na fixação de organismos marinhos, como mexilhões e cracas em substratos naturais ou artificiais (rochas e corais, por exemplo). “Quando ocorre em substratos artificiais, como cascos de embarcações, píeres e plataformas de petróleo, a bioincrustação marinha causa prejuízos da ordem de bilhões de dólares ao ano, exigindo constantes docagens, inspeções e substituições de materiais. Além disso, cascos, lemes e hélices incrustados reduzem a capacidade de manobra das embarcações sendo, portanto, causa frequente de acidentes evitáveis”.

Quatro dos novos laboratórios (de Biotecnologia Celular; de Expressão Gênica; Experimental Marinho e o de Biofilme e Biorremediação) foram construídos com recursos parciais de editais do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) relacionados com o derramamento de óleo ocorrido em 2019. Já o laboratório móvel foi construído com recursos provenientes da Petrobrás, de uma parceria entre o Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello e o IEAPM no Projeto de Estudos Integrados sobre o Coral-Sol.

“Para desenvolver esse estudo foi necessário construir um sistema de aquários fechado, com fluxo contínuo de água proveniente da Baía da Guanabara, que será instalado na Diretoria de Hidrografia e Navegação para avaliar a sobrevivência do Coral-Sol. A Petrobrás apoiou o projeto com recursos financeiros e o IEAPM com infraestrutura e pessoal”, explicou o Diretor do Centro Tecnológico da Marinha no Rio de Janeiro, Contra-Almirante Alexandre de Vasconcelos Siciliano.

Laboratório de Expressão Gênica – Imagem: IEAPM

Em relação à pesquisa sobre o Coral-Sol, a Diretora do IEAPM, Doutora Eliane Gonzalez Rodriguez, destaca que é importante estudar a espécie por estar presente desde o litoral de Santa Catarina até o Ceará. “Sua espécie principal que ocorre no Brasil é a Tubastrea coccínea. Por conta dela, tem sido observado impacto nos ecossistemas como redução de espécies nativas, perda da biodiversidade e modificação dos habitats costeiros. Embora o Coral-Sol esteja entre as espécies invasoras mais estudadas do mundo, existem grandes lacunas no conhecimento, principalmente em relação aos seus impactos socioeconômicos e culturais, que precisam ser melhor avaliados”, ressalta.

Os novos laboratórios – de Expressão Gênica; Experimental Marinho; de Biofilme e Biorremediação; de Biotecnologia Celular; e o Móvel de Biotecnologia Marinha – são integrantes do Departamento de Biotecnologia Marinha do IEAPM, Instituição Científica, Tecnológica e de Inovação, ligado ao Centro Tecnológico da Marinha no Rio de Janeiro.

A Doutora Eliane conta que, antigamente, os Laboratórios de Genética Marinha do IEAPM eram utilizados majoritariamente para a identificação de espécies marinhas com base em sequências de DNA, área de estudo conhecida como taxonomia molecular e, agora, a infraestrutura foi expandida para possibilitar a manipulação de RNA.

Laboratório Móvel de Biotecnologia Marinha

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Marcelo Barros, com informações e imagens da Marinha do Brasil
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Assessoria de Comunicação (UNIALPHAVILLE), MBA em Jornalismo Digital (UNIALPHAVILLE), Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).

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