Marinha salva pescadores à deriva em alto-mar no Amapá

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A vastidão do oceano e a incerteza do resgate marcaram os dias difíceis de três pescadores que ficaram à deriva na costa do Amapá. Após sucessivas falhas no motor do barco pesqueiro, a embarcação perdeu sua capacidade de navegação e ficou vulnerável em alto-mar. Para agravar a situação, um dos tripulantes, com problemas cardíacos, começou a apresentar dores no peito. O socorro veio pelo rádio, e a Marinha do Brasil, por meio do Navio-Patrulha “Bocaina”, realizou o resgate dos pescadores, garantindo sua segurança e rebocando a embarcação para o porto de Santana (AP).

O resgate em alto-mar: ação da Marinha e desafios da operação

O pedido de socorro foi feito via rádio UHF após o barco pesqueiro, que havia saído de Oiapoque (AP) rumo a Vigia (PA), sofrer sucessivas panes no motor. A primeira falha ocorreu no dia 28 de fevereiro, quando uma avaria no sistema de combustível deixou a embarcação sem propulsão. Após o reparo, a viagem foi retomada, mas, em 2 de março, um novo problema mecânico fez com que o barco ficasse novamente à deriva.

A bordo, a situação se agravava. Um dos tripulantes, de 52 anos, começou a sentir fortes dores no peito e dificuldades para se locomover. Com histórico de problemas cardíacos e sem acesso aos seus medicamentos, sua condição piorava a cada dia. Foi então que a tripulação decidiu pedir ajuda.

O Navio-Patrulha “Bocaina” foi acionado e suspendeu de Belém (PA) pouco antes da meia-noite do dia 3 de março. Após uma navegação de aproximadamente 30 horas, a embarcação foi localizada a cerca de 280 quilômetros da costa do Amapá. Durante a aproximação, o tripulante debilitado recebeu os primeiros atendimentos via teleconsulta, sob orientação do médico de bordo. Com a chegada da equipe de resgate, ele foi transferido para a enfermaria do navio, onde foi estabilizado. Enquanto isso, a embarcação pesqueira foi preparada para o reboque até o porto de Santana (AP), onde as autoridades marítimas assumiram o caso.

Segurança da navegação: os riscos de operar sem autorização

A embarcação resgatada possuía apenas 10,6 metros de comprimento e 2,70 metros de boca (largura), dimensões compatíveis apenas com a navegação em águas interiores. De acordo com a Capitania dos Portos do Amapá, o barco não possuía autorização para operar em alto-mar, colocando sua tripulação em risco.

Navegar sem a documentação exigida representa sérias ameaças à segurança da tripulação e dificulta o controle da Autoridade Marítima sobre as embarcações em trânsito. A falta de equipamentos adequados para longas viagens, somada à ausência de suporte técnico imediato, torna qualquer avaria um perigo iminente.

Diante da irregularidade, a Capitania dos Portos do Amapá instaurou um Inquérito de Acidentes e Fatos da Navegação (IAFN) para apurar as circunstâncias da ocorrência. O comandante do barco poderá ter seu certificado de habilitação suspenso por descumprir as normas de segurança estabelecidas pela Autoridade Marítima.

Esse caso reforça a necessidade da fiscalização e da conscientização sobre a importância do cumprimento das normas de navegação. Embarcações que operam sem autorização ou sem os equipamentos de segurança adequados colocam em risco não apenas seus tripulantes, mas também os recursos mobilizados para operações de resgate.

O Navio-Patrulha “Bocaina” e sua missão na Amazônia Azul

O Navio-Patrulha (NPa) “Bocaina” é uma das embarcações responsáveis pela segurança da navegação na região Norte do Brasil. Incorporado à Marinha do Brasil em 10 de julho de 1998, o navio é subordinado ao Comando do 4º Distrito Naval, operando nos estados do Amapá, Pará, Maranhão e Piauí.

Projetado para patrulha e fiscalização naval, o “Bocaina” tem 47,6 metros de comprimento, 10,5 metros de boca (largura) e 3,1 metros de calado (distância entre a quilha e a linha d’água). Ele é equipado com um canhão de 40mm e duas metralhadoras, permitindo sua atuação em missões de repressão a ilícitos e proteção do tráfego marítimo.

Além de operações de resgate, o “Bocaina” participa regularmente de ações contra crimes ambientais, pesca ilegal e navegação irregular. Sua atuação reforça a presença da Marinha do Brasil na Amazônia Azul, garantindo a segurança das águas jurisdicionais brasileiras e protegendo os interesses nacionais.

O resgate dos pescadores na costa do Amapá é mais um exemplo do compromisso da Marinha com a salvaguarda da vida humana no mar e a fiscalização das normas de navegação. Episódios como esse ressaltam a importância da prudência e do respeito às regras para evitar situações de risco que poderiam ser prevenidas.

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Marcelo Barros, com informações e imagens da Agência Marinha
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Assessoria de Comunicação (UNIALPHAVILLE), MBA em Jornalismo Digital (UNIALPHAVILLE), Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).

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