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O mar não perdoa quem não o respeita. Aleixo Belov aprendeu isso cedo, e talvez por isso tenha se tornado um dos navegadores mais respeitados do país. Em um evento marcado por emoção e reconhecimento, a Marinha do Brasil prestou homenagem a esse veterano dos oceanos. A cerimônia, realizada no Museu Naval, resgatou a história de um homem que deu cinco voltas ao mundo e segue navegando — agora também na história da Marinha.
Uma vida em travessia: Belov e as voltas ao mundo
Aleixo Belov não aprendeu a navegar em grandes academias, mas nas águas da vida. Nascido na Ucrânia e naturalizado brasileiro, chegou ainda criança ao Brasil, fugindo com a família da guerra. Na Bahia, encontrou abrigo, formação e, acima de tudo, um chamado: o mar.
Formado em Engenharia Civil, Belov projetou e construiu seus próprios veleiros. O primeiro, o lendário “Três Marias”, foi erguido no quintal de casa. Com ele, realizou três voltas ao mundo sozinho, enfrentando tempestades, geleiras, desertos e calmarias com o mesmo espírito obstinado de quem transforma paixão em missão.
Na fase seguinte de sua vida náutica, construiu o Veleiro Escola “Fraternidade”, maior e mais robusto, com o objetivo claro de ensinar navegação a bordo. Com ele, completou mais duas voltas ao mundo — dessa vez com jovens aprendizes, democratizando o conhecimento e abrindo as velas para novas gerações.
Museu Naval: o mar encontra a memória
A cerimônia organizada pela Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha (DPHDM) reuniu militares, civis, estudantes e admiradores da arte de navegar. O ponto alto do evento foi a exibição do premiado curta-metragem “Belov: Uma Vida no Mar”, dirigido por Thiago Abubakir, que traz uma narrativa poética e documental sobre a jornada do homenageado.

Além da projeção, houve também sessão de autógrafos do primeiro volume de sua trilogia autobiográfica, intitulada “Uma Vida Inteira de Amor ao Mar”, e a inauguração de uma exposição com itens originais do Museu do Mar Aleixo Belov, fundado por ele em Salvador. A mostra incluiu mapas de viagem, equipamentos de bordo e registros históricos das expedições.
“O objetivo de trazer o Aleixo é dar mais visibilidade àquele que é um dos grandes navegadores do nosso país”, afirmou o Vice-Almirante Gilberto Santos Kerr, Diretor do Museu Naval.
Legado educativo e reconhecimento nacional
Para Belov, navegar nunca foi só deslocar-se entre pontos no mapa. Foi, acima de tudo, um processo de aprendizagem e transformação pessoal. “Depois de três viagens, percebi que precisava passar adiante tudo o que aprendi. O ‘Fraternidade’ foi construído para isso: formar pessoas, partilhar o mar”, contou ele, emocionado.
O projeto permitiu que mais de 60 jovens brasileiros embarcassem em jornadas de formação e autoconhecimento, incluindo passagens por lugares remotos como a Antártica e a Passagem Noroeste, uma das rotas marítimas mais difíceis do planeta.
Em 2012, sua trajetória foi reconhecida com a Medalha e o Título de Cavaleiro da Ordem do Mérito Naval, uma das mais altas distinções da Marinha. E, agora, aos 82 anos, ele se prepara para uma nova jornada — desta vez, rumo às águas geladas da Sibéria.
“Não estou encontrando nada que me apaixone em terra. Estou com saudades do mar e vou voltar”, declarou, com a serenidade de quem sabe que o oceano é seu verdadeiro lar.
Um navegador, um educador, um brasileiro do mar
A homenagem no Museu Naval consagra Aleixo Belov como símbolo vivo da arte de navegar, mas também como figura inspiradora para um Brasil que ainda redescobre seus próprios heróis civis. Sua história une coragem, resiliência, amor ao conhecimento e compromisso com a educação.
Belov não é apenas um navegador que desafiou os oceanos. É um homem que transformou o mar em sala de aula, o veleiro em cátedra e sua vida em lição. E é por isso que sua trajetória agora faz parte, oficialmente, da memória institucional da Marinha do Brasil.
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