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Em uma sala estratégica no coração da Ilha do Governador, no Rio de Janeiro, oficiais de diferentes nações se reúnem com um propósito comum: tornar mais eficaz e seguro o emprego de uma das capacidades militares mais poderosas em missões de paz — a artilharia de campanha. Sob a coordenação da Marinha do Brasil, o workshop internacional promovido pela ONU marca um passo decisivo na elaboração de um manual operacional que será referência global.
Artilharia em operações de paz: precisão, poder e responsabilidade
O uso da artilharia em missões da ONU, embora incomum, tem se mostrado necessário em cenários de alta complexidade, como no leste da República Democrática do Congo. Em 2024, a Missão da ONU para Estabilização do país (MONUSCO) implantou uma unidade de artilharia de campanha, trazendo à tona questões sensíveis sobre comando, controle, seleção de alvos e uso proporcional da força.
Com o objetivo de preencher lacunas doutrinárias e assegurar o emprego responsável desses meios, o Departamento de Operações de Paz da ONU iniciou a elaboração de um manual operacional para unidades de artilharia, a ser publicado até o final de 2025. O workshop realizado entre os dias 24 e 28 de março, no Centro de Operações de Paz e Humanitárias de Caráter Naval (COpPazNav), no Rio de Janeiro, representa a fase inicial desse processo.
O evento reúne militares especialistas da Marinha do Brasil e de nove países — Bangladesh, China, Gana, Marrocos, Nigéria, Paquistão, Uruguai, Zâmbia e Zimbábue — além de especialistas civis da ONU em logística, direitos humanos e direito internacional. A diversidade do grupo garante uma abordagem multidisciplinar e intercultural para a construção de um documento robusto, que servirá de referência para futuras operações.
Liderança brasileira e diplomacia militar
A escolha da Marinha do Brasil como anfitriã e coordenadora local do workshop reflete o prestígio da instituição no cenário internacional, em especial no contexto das operações de paz. Coube ao Capitão de Mar e Guerra (FN) Rodrigo Rodrigues Fonseca, atual Comandante do Batalhão de Combate Aéreo dos Fuzileiros Navais, a função de subcoordenador do grupo de trabalho, atuando ao lado do Brigadeiro Raymond Utsaha, do Exército da Nigéria, que lidera os trabalhos.
A condução do evento no COpPazNav, estrutura de excelência voltada à preparação de militares e civis para missões humanitárias e de paz, demonstra o alinhamento da Marinha com os princípios da ONU e com as diretrizes do Comandante da Força. Além de funcionar como um centro disseminador de doutrina, o COpPazNav projeta o Brasil como um ator relevante na diplomacia de defesa e na construção de normas internacionais.
O workshop também fortalece os laços multilaterais entre as Forças Armadas brasileiras e os países parceiros, reforçando a imagem do Brasil como nação comprometida com a paz e com a legalidade internacional, inclusive no uso criterioso de meios de força como a artilharia.
COpPazNav e o futuro da doutrina operacional
A realização do workshop em território nacional e sob coordenação da Marinha não apenas reforça o papel do Brasil na ONU, mas também amplia a visibilidade de instituições estratégicas como o Centro de Operações de Paz e Humanitárias de Caráter Naval. Criado com a missão de formar, organizar e difundir conhecimento técnico e tático sobre operações de paz, o COpPazNav consolida-se como um dos pilares doutrinários da Marinha do Brasil.
Ao final do evento, o grupo de trabalho entregará ao Escritório de Assuntos Militares da ONU uma primeira minuta do manual operacional, que passará por revisões técnicas e validações institucionais ao longo de 2025, até sua publicação oficial.
Mais do que um documento técnico, o manual representa um avanço na consolidação de princípios como legalidade, proporcionalidade e precisão no emprego da força armada. E o Brasil, por meio da Marinha, está na linha de frente dessa construção.
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