Mar impulsiona R$ 2 tri ao ano, mas segue invisível para o Brasil

Recifes no litoral norte de Maceió
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Um país com quase 8 mil km de costa e dependente da logística marítima desconhece sua própria força oceânica. Essa é a conclusão de uma pesquisa reveladora sobre o desconhecimento da economia azul, que mesmo representando bilhões em recursos e empregos, é ignorada por 87% dos brasileiros que vivem no litoral, segundo dados da Fundação Grupo Boticário e da Unifesp.

O que é economia do mar e quais setores ela abrange

A economia do mar, também chamada de economia azul, engloba todas as atividades econômicas que dependem direta ou indiretamente dos recursos marinhos e do ambiente costeiro. Isso inclui desde a pesca e aquicultura, passando pela indústria naval, transporte marítimo, turismo costeiro, até a exploração de petróleo e gás offshore e a geração de energia renovável no mar.

No Brasil, o impacto é imenso: o setor marítimo movimenta cerca de R$ 2 trilhões anuais, é responsável por 95% do escoamento das exportações, 80% da produção de gás natural e 45% do pescado nacional. Ainda assim, a pesquisa revelou que apenas 1% da população conhece bem os termos associados à economia do mar, e que 25% dos entrevistados não souberam indicar nenhuma atividade relacionada ao oceano.

A economia azul vai além da exploração: propõe um uso sustentável e regenerativo dos mares, promovendo equilíbrio entre desenvolvimento e preservação ambiental. Este conceito é central para políticas contemporâneas de segurança alimentar, resiliência climática e inovação tecnológica na costa.

Desconexão entre população e litoral: um problema cultural e educacional

Mesmo em cidades litorâneas, o desconhecimento sobre a importância econômica dos oceanos é alarmante. No litoral brasileiro, 87% das pessoas afirmaram não saber o que significa economia do mar, segundo a pesquisa. Esse dado expõe uma falha educacional e cultural profunda, que desvaloriza o mar como ativo estratégico e como elemento da identidade nacional.

Esse cenário afeta diretamente a cidadania marítima: sem saber que sua economia e qualidade de vida dependem dos mares, a população tende a não cobrar políticas públicas eficazes de preservação, infraestrutura portuária ou incentivo à economia costeira. Falta também conexão entre o mar e temas como sustentabilidade, inovação e soberania energética, o que compromete o engajamento em ações como a Década do Oceano da ONU.

A ausência do oceano nos currículos escolares, nos meios de comunicação e até no debate político contribui para essa invisibilidade. Reverter esse quadro exige educação ambiental oceânica, políticas públicas voltadas à alfabetização azul e maior presença do tema em espaços estratégicos de decisão e mídia.

Por que o Brasil precisa entender e valorizar sua economia marítima

Com uma área marítima superior à terrestre, conhecida como Amazônia Azul, o Brasil detém um dos maiores patrimônios oceânicos do planeta. Valorizar a economia do mar é, portanto, uma questão de soberania nacional. Essa valorização passa pelo reconhecimento do papel do oceano na segurança energética, na logística internacional, na geração de empregos e na sustentabilidade ambiental.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) projeta que, até 2030, a economia ligada aos oceanos poderá movimentar US$ 3 trilhões no mundo. O Brasil, se quiser ser protagonista nesse cenário, precisa integrar a cultura oceânica às suas políticas de desenvolvimento, defesa e educação.

Ao entender melhor sua economia marítima, o país fortalece também a capacidade de proteger seus recursos, responder a crises climáticas, inovar em tecnologia náutica e criar uma nova geração de profissionais qualificados para o setor. Valorizar o mar é valorizar o futuro — e o Brasil não pode mais ignorar esse horizonte.

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Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).

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