Bolsas de sangue irradiadas pelo LIG | Foto: Antônio Santiago/CDTN

Inaugurado no dia 3 de dezembro de 2002, o Laboratório de Irradiação Gama (LIG) do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN) surgiu a partir da necessidade de uma instalação no Brasil que demonstrasse o funcionamento da tecnologia da irradiação gama em alimentos. Atualmente, o laboratório é usado para fins de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, prestação de serviços à comunidade e formação de pessoal especializado.

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A irradiação gama é uma irradiação eletromagnética, que possui a mesma natureza física da luz visível, do microondas e dos aparelhos utilizados para raio-x. No entanto, sua maior capacidade de transferir energia aos materiais  com os quais interage faz com a irradiação gama tenha uma infinidade de aplicações. A esterilização de insumos para a indústria farmacêutica, materiais para implantes e SWABs, por exemplo, é possível uma vez que a irradiação gama inviabiliza a reprodução de microorganismos (bactérias ou fungos) no material irradiado. Já a irradiação gama de bolsas de sangue funciona de modo a impedir que haja uma incompatibilidade tecidual entre o/a doador/a e receptor/a. A irradiação de bolsas de sangue é realizada em 25 Gy, enquanto os insumos farmacêuticos, materiais para implante e SWABs em até 12 kGy. As doses são estabelecidas por estudos de causa e efeito feito no próprio Laboratório.

No campo da prestação de serviços à comunidade, o LIG atua na irradiação de produtos médicos, farmacêuticos, veterinários e de hemocomponentes, como bolsas de sangue e plasma. As vantagens de irradiação gama incluem a esterilização sem contato ou manipulação dos itens. O laboratório também teve forte atuação na pandemia de Covid-19 ao realizar esterilização de instrumentos para coleta de amostras clínicas (SWABs) e estudo sobre a esterilização das máscaras do tipo N95 em período de escassez do Equipamento de Proteção Individual. No campo da pesquisa e inovação, o LIG é uma das grandes instalações do Brasil utilizadas para estudos voltados à irradiação de alimentos, além de ter potencializado, em 2021, uma técnica nuclear para controle de pragas agrícolas sem o uso de pesticidas.

Até o mês de maio de 2022, o LIG já atuou na irradiação de 7.525 bolsas de sangue e de cerca de 1.400 materiais da indústria farmacêutica, tendo esterilizado, também neste mesmo período, cerca de 7 mil SWABs. Em 2021, o número de SWABs esterilizados foi de mais de 214 mil, o que reforça a importância do laboratório na atuação contra a Covid-19 no Brasil; além da irradiação de 18.823 bolsas de sangue. Além destas atividades, o laboratório também irradia gemas com o objetivo de atribuir maior valor e melhorar sua uniformidade. Em 2021, foram irradiadas mais de 22 toneladas de pedras preciosas.

Para a realização dessas atividades, o LIG conta com um irradiador com exposição panorâmica e equipado com fonte de Cobalto-60 armazenada a seco. Os produtos expostos à irradiação são colocados sobre mesas giratórias localizadas ao redor da fonte. A distância pode ser variada, permitindo uma ampla variedade  de taxas de doses e a irradiação simultânea de produtos em doses diferentes. A atividade máxima do irradiador é de 2.200 TBq.

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Mesa giratória com fonte de Cobalto-60 ao centro | Foto: Antônio Santiago/CDTN

Para o diretor do CDTN, Luiz Ladeira, o LIG está entre as grandes instalações laboratoriais do Centro. Apesar de atual diretor, Ladeira foi chefe do Laboratório de Irradiação Gama durante quatro anos. Segundo ele, “O LIG  demonstra para a comunidade e para o setor produtivo que a irradiação é uma importante tecnologia nuclear. Ambos, LIG e CDTN, desenvolvem pesquisas e atividades que colocam a área nuclear a serviço das pessoas, e por isso é uma alegria podermos compartilhar esta data comemorativa que une os 20 anos do LIG e os 70 anos de atuação do Centro”, avalia.

Fonte: CDTN