O Brasil faz parte do grupo de países signatários do Tratado Antártico, um acordo que possibilita pesquisas científicas na região. Nos 40 anos de atividades do Brasil no Continente Gelado, a Força Aérea Brasileira (FAB) tem contribuído há 39 anos, por meio do apoio aéreo, para viabilizar a presença do Brasil, uma vez que as características geográficas e o clima extremo dificultam o acesso ao continente ártico e a entrega de suprimentos para a Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF).

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Pela primeira vez, o KC-390 Millennium da FAB, aeronave pilotada pelo Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Transporte (1°/1°GT) – Esquadrão Gordo, realizou o lançamento de carga.

FAB na Estação Antártica
i2263022592901247O Esquadrão Gordo, Unidade responsável por essa missão, transporta cargas, víveres, equipamentos, roupas e cartas para a estação. Isso ocorre em até dez viagens por ano. E, desde o início, somente o C-130 Hércules, uma das aeronaves da FAB, tinha condições de operar durante todo o ano na Antártica.

i2263022593409843A Chefe da seção de operações do Esquadrão Gordo, Major Joyce de Souza da Conceição, comenta a nova fase operacional, com o C-130 Hércules sendo substituído pelo KC-390 Millennium, nas missões futuras no Continente Antártico. “O cumprimento dessa missão hoje representa um marco para a FAB, um momento histórico para o Esquadrão. A aeronave C-130, durante 39 anos, cumpriu com excelência o programa antártico brasileiro e, no dia de hoje, cada integrante que faz parte dessa história pode sentir-se orgulhoso ao ver refletido no que foi feito o seu legado de abnegação, dedicação, profissionalismo”, relata a piloto.

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A missão, a bordo desta aeronave nova e moderna que integra a frota da FAB há três anos, teve início com a decolagem da Base Aérea do Galeão (BAGL), no Rio de Janeiro (RJ) no dia 30/06 às 8h23 (horário de Brasília) rumo a Estação Antártica, para apoiar a Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR).

Esquadrão Gordo na missão
i227114343009661O Esquadrão Gordo, responsável pela Missão de Ressuprimento Aéreo, utilizou o método CDS, (do inglês Container Delivery System), com o lançamento da carga acondicionada em oitos pacotes. Aproximadamente 2.000 quilos de suprimentos materiais foram enviados para os integrantes da Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF).

i2263022593308472“O KC-390 está sendo colocado à prova para poder lançar cargas  pelo CDS na Baía do Almirantado. “Na região, os ventos giram em torno de 100 km/h, isso é um desafio tanto para a tripulação quanto para o aparelho de pontaria, que precisa posicionar a aeronave na condição de lançamento, sem margem de erro, permitindo, assim, que o sistema faça o calculo correto, prevendo o lançamento da carga na zona estabelecida pela Marinha do Brasil. Nesse sentido, salienta-se que a altura do lançamento é entorno de 200 metros (600 pés) em uma velocidade de 150kt. Cerca de 270km/h”, explica o Comandante da Missão, Major Aviador Flávio Diniz Pereira.

Equipes envolvidas
i227117154306028Para o sucesso de toda missão, uma série de requisitos precisam ser checados. Dessa forma, em um ambiente totalmente diferente e diante de todo o desafio, diversos profissionais estiveram envolvidos. O Chefe da Estação Antártica Comandante Ferraz, Capitão de Fragata Alessandro Domingos Gurski, destacou a importância da chegada dos suprimentos, levados pela FAB. “ As maiores limitações na Estação são o afastamento da família e nossa alimentação. A primeira a gente consegue suprir com ligações, já a segunda, temos a limitação de alimentos frescos, frutas e verduras, mas isso é possível com a ajuda da Força Aérea Brasileira, nos voos de inverno. No verão, recebemos a ajuda dos navios da Marinha do Brasil vindos de Punta Arenas, assim conseguimos superar as dificuldades sem muitos problemas”, conta o militar.

i2263022592902629Neste processo, também há o envolvimento do Mestre de Cargas. Para o Sargento Daniel Carvalho no Peixoto de Barros, que atua como Loadmaster no Esquadrão Gordo, a responsabilidade para o cumprimento da missão é grande. “Um lançamento de carga a 200 metros do solo requer muita atenção dos tripulantes, principalmente dos Loadmasters, apesar de ser uma carga leve.  A partir do momento que abre a porta de carga e rampa, para o lançamento, a atenção tem que estar 100% no que vai acontecer. Aos tempos e movimentos, cada luz tem um procedimento e temos que estar muito atentos a isso; luz vermelha, luz amarela e, principalmente, luz verde, que é o momento em que a carga é solta, quando esperamos que tudo aconteça da melhor forma possível”, explica.

i2263022593009370Outra profissional que integrou a missão, foi a Instrutora Mecânica do KC-390 do 1°/1° GT,  Sargento Ivy Amaral da Costa. Para ela, integrar o grupo como a primeira mulher a estar, pela primeira vez, a bordo do novo avião de transporte da FAB no Continente Artártico, foi uma satisfação pessoal e profissional. “A aeronave no clima frio precisa de alguns cuidados, como remoção e estoque de alguns componentes  para que se possa ter confiabilidade  de que nas próximas operações esses equipamentos irão funcionar. Ser a primeira mulher instrutora mecânica é motivo de honra. Agradeço  a confiança dos meus superiores para atingir essa meta, abrindo, com isso, as portas para as próximas que virão”, finaliza.

Estação Comandante Ferraz
i227313311903242A EACF é uma base antártica pertencente ao Brasil e está localizada na Ilha do Rei George, cerca de 130 quilômetros da Península Antártica, na baía do Almirantado, sendo considerada uma das maiores estações de pesquisa da Antártica. A estrutura conta com 17 laboratórios para o estudo de várias áreas como: medicina, química, microbiologia, oceanografia e meteorologia.

No inverno, período em que o mar está congelado, o acesso torna-se ainda mais difícil, sendo necessário realizar lançamento aéreo de cargas para possibilitar o abastecimento de medicamentos, equipamentos e mantimentos que suprem a EACF. A base antártica, mantida pela Marinha do Brasil (MB), desenvolve diversos estudos, denotando a prioridade do PROANTAR para as atividades científicas.

Fotos: Sargento Müller Marin/ Cecomsaer e Capitão de Fragata Gurski/ EACF

Marcelo Barros, com informações da Agência Força Aérea
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Assessoria de Comunicação (UNIALPHAVILLE), MBA em Jornalismo Digital (UNIALPHAVILLE), Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).