Recentemente analistas se mostraram preocupados quando a inteligência artificial se mostrou capaz de fazer poesia.[Imagem: CC0 Creative Commons/Pixabay]
Software cooperativo
Os programas de computador – nomeadamente aqueles incluídos no campo da inteligência artificial – podem bater os seres humanos nos jogos mais complicados, como xadrez e Go.
Mas será possível ensinar esses programas a cooperar, negociar e transigir para se chegar a uma posição comum – em vez de competir?
Parece que sim, e parece também que a “cooperação de máquina” não apenas é possível, como algumas vezes pode ser mais eficaz do que a busca de um acordo entre os seres humanos.
“O objetivo final é entendermos a matemática por trás da cooperação com as pessoas e quais atributos a inteligência artificial precisa para desenvolver habilidades sociais. A inteligência artificial precisa ser capaz de responder a nós [humanos] e articular o que está fazendo. Ela tem que ser capaz de interagir com outras pessoas,” defendeu Jacob Crandall, da Universidade Brigham Young, nos EUA.
Cooperação de máquina
Para demonstrar a capacidade das máquinas para chegarem a um acordo de benefícios mútuos, Crandall desenvolveu um algoritmo, chamado S#, e executou-o em uma série de jogos de dois jogadores para ver como esses dois jogadores cooperariam em certos relacionamentos – a equipe testou interações máquinas-máquina, humano-máquina e humano-humano.
Na maioria dos casos, os agentes de software programados com S# superaram os humanos na capacidade de chegar a acordos que beneficiassem ambas as partes.
“Dois humanos, se fossem honestos e leais um com o outro, teriam alcançado o mesmo desempenho das duas máquinas,” disse Crandall. “Ocorre que cerca de metade dos humanos mente em algum ponto. Então, essencialmente, este algoritmo em particular está aprendendo quais características morais são boas. Ele está programado para não mentir, e também aprende a manter a cooperação tão logo ela emerge”.
Inteligência artificial do bem
Os pesquisadores acreditam que essa demonstração inicial deverá ter implicações a longo prazo não apenas para as relações homem-máquina, tipicamente marcadas pela preocupação com os perigos que a inteligência artificial trará à humanidade, mas também para as relações humanas.
“Na sociedade, relacionamentos são desfeitos o tempo todo. Pessoas que eram amigas durante anos, de repente se tornam inimigas. Como as máquinas geralmente são melhores para alcançar esses acordos do que nós, elas podem nos ensinar a melhorar isso,” disse Crandall.
Os resultados também são importantes para aqueles preocupados com o modo como os humanos podem manter o controle final sobre a inteligência artificial, demonstrando que, no final das contas, se queremos robôs responsáveis, podemos começar com humanos responsáveis.
Bibliografia:

Cooperating with machines
Jacob W. Crandall, Mayada Oudah, Tennom, Fatimah Ishowo-Oloko, Sherief Abdallah, Jean-François Bonnefon, Manuel Cebrian, Azim Shariff, Michael A. Goodrich, Iyad Rahwan
Nature Communications
Vol.: 9, Article number: 233
DOI: 10.1038/s41467-017-02597-8

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Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).