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Por Daniel Henrique Candido, especialista em Recursos Naturais da Imagem Geosistemas.

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Quando tratamos de mineração, os valores são titânicos. As mineradoras são responsáveis pelo consumo de 7% do total de toda energia elétrica produzida no planeta. Ao longo do último ano, a produção somada das 40 maiores empresas de mineração do planeta totalizou o valor de 1,163 trilhão de dólares. Para efeitos comparativos, esse valor é superior ao PIB de importantes países como o México (com PIB nominal equivalente a U$ 1,040 trilhão), Holanda (U$ 886 milhões) ou Suíça (U$ 708 milhões).

Considerando tais dimensões, a indústria de mineração é tida como um dos pilares da economia mundial. Por lidar com a extração e processamento de elementos essenciais às atividades humanas, as empresas ligadas ao setor de mineração fazem parte de um seleto time de corporações capazes de ditar o ritmo do crescimento do PIB das nações privilegiadas pela presença de determinados minerais.

Recentes notícias têm demonstrado que a paz mundial se encontra ameaçada devido ataques realizados pela Rússia contra a Ucrânia, levando ao surgimento de um conflito bélico com consequências que ainda não são totalmente passiveis de serem mensuradas. Entretanto, considerando o cenário atual, já é possível fazermos um exercício para avaliarmos de que forma o setor de mineração brasileiro pode ser impactado pelo conflito que está se desenhando no leste europeu.

Um aspecto a ser considerado nesta análise está no fato de que a Rússia se posiciona como um dos grandes produtores mundiais em relação a diversos minerais. A produção de ouro do país o coloca entre os maiores produtores mundiais do metal precioso. 86% do ouro minerado na Europa tem origem russa. O país também possui significativa extração de carvão mineral, cobre e níquel. Também existem jazidas significativas de ferro, estanho e urânio, além de apresentar grandes reservas de combustíveis fósseis.

Outro ponto importante está no fato da Ucrânia ser detentora de uma das maiores jazidas de carvão mineral do mundo, contando com indústrias altamente desenvolvidas atuando na sua extração. Como ambos os países envolvidos nesta guerra são grandes produtores de insumos energéticos, como gás, carvão e petróleo, pode haver diminuição na disponibilidade destes materiais na Europa, levando a uma elevação dos custos da produção de energia.

Logo, baseado neste panorama, é possível afirmar que eventuais sanções econômicas estabelecidas à Rússia, em um primeiro momento, podem levar à elevação mundial no custo de combustíveis, energia e aumento no preço médio de diversos minérios devido à supressão na disponibilidade dessas commodities.

Em um cenário hipotético envolvendo o prolongamento na duração das sanções internacionais à economia russa, as indústrias dos demais países certamente intensificarão suas atividades com o objetivo de atender a demanda reprimida, estimulando assim um movimento de crescimento no setor para as indústrias localizadas fora da área de conflito.

Assim, em médio prazo, o setor de mineração de países distantes da zona de conflito, tais como Brasil, Canadá, Austrália, Chile, África do Sul, entre outros serão acionados para atender à necessidade mundial por minérios e insumos energéticos que outrora eram fornecidos pela Rússia. É importante que a mineração brasileira esteja preparada para atuar diante dessa situação, a qual certamente estimulará a concorrência internacional no mercado.

Para isso é preciso que se procedam significativos investimentos em tecnologias e sistemas computacionais capazes de apoiar eventual necessidade de súbito aumento da produção e intensificação nas atividades das empresas do setor, de forma que estejam aptas a agir instantaneamente assim que a demanda pelos minérios entrar neste movimento ascendente previsto.