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Durante a Guerra dos Seis Dias, o Brasil enfrentou um dos momentos mais tensos de sua participação na Força de Emergência das Nações Unidas. Em 1967, cercados pelo avanço das tropas israelenses e sob bombardeios intensos, os militares do Batalhão Suez tiveram que abandonar suas posições na Faixa de Gaza. A operação de retirada, coordenada pelo navio Soares Dutra, destacou a resiliência dos soldados brasileiros e seu compromisso com a missão internacional.
O Papel do Batalhão Suez na UNEF
A criação da Força de Emergência das Nações Unidas (UNEF) em 1956 trouxe um novo modelo de intervenção para manter a paz em áreas de conflito, e o Brasil teve um papel significativo nessa missão. O Batalhão Suez, como ficou conhecido o contingente brasileiro, foi destacado para atuar na Faixa de Gaza, patrulhando a fronteira entre Israel e Egito. Além do patrulhamento, os soldados brasileiros se engajaram em atividades de assistência social, distribuindo água e suprimentos para as famílias palestinas em condições precárias.
Os brasileiros conquistaram o respeito dos habitantes locais, conhecidos como “arabiques”, e de outros contingentes internacionais, graças à sua eficiência e simpatia. A extensão de suas responsabilidades era maior do que a de outros países na UNEF, e mesmo com menos recursos, os brasileiros sempre cumpriram suas missões. O reconhecimento por seu trabalho veio em diversas ocasiões, incluindo a entrega de medalhas pelo comandante da força, que destacou o comprometimento dos soldados do Brasil.
A Retirada Emergencial durante a Guerra dos Seis Dias
A explosão da Guerra dos Seis Dias, em junho de 1967, colocou o Batalhão Suez em uma situação de extrema vulnerabilidade. O presidente egípcio Gamal Abdel Nasser exigiu a retirada das forças da UNEF do território egípcio, deixando os soldados brasileiros expostos no campo de batalha. O avanço rápido das tropas israelenses e os bombardeios intensos tornaram a evacuação uma operação crítica.
O navio Soares Dutra foi mobilizado para resgatar o contingente brasileiro, mas a retirada não foi simples. No Campo Rafah, onde estavam concentrados, os militares enfrentaram fogo cruzado e passaram dias rastejando para evitar serem atingidos. Entre as perdas, destacou-se o cabo-enfermeiro Adalberto Ilha de Macedo, que foi atingido por uma bala perdida e não resistiu aos ferimentos. A operação de evacuação destacou a resiliência dos soldados, que conseguiram deixar a região com segurança, apesar das circunstâncias adversas.
Memórias de Sacrifício e Heroísmo
O retorno dos militares ao Brasil foi marcado por um misto de alívio e amargura. Embora tivessem sobrevivido a uma situação extrema, o encerramento abrupto da missão deixou a sensação de que o trabalho não pôde ser concluído. No Brasil, os soldados foram recebidos como heróis, mas carregavam as marcas físicas e emocionais da guerra.
Histórias de bravura marcaram essa retirada. O capelão do contingente, Monsenhor João Pheeney, enfrentou bombardeios para resguardar objetos sagrados da capela improvisada em Gaza. O esforço coletivo para proteger a vida e a integridade da tropa mostrou a determinação dos brasileiros em honrar sua missão, mesmo nas condições mais adversas.
O legado do Batalhão Suez permanece vivo na história militar brasileira. A experiência acumulada em missões internacionais contribuiu para o desenvolvimento de doutrinas de paz e mostrou ao mundo a capacidade de nossos militares em cenários de alta complexidade.
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