Exército analisa desafios climáticos para a segurança regional

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As mudanças climáticas e seus impactos sobre a Defesa Nacional foram tema da I Jornada de Estudos Estratégicos do Comando Militar do Nordeste, realizada nesta quarta-feira (2) em Recife. O evento contou com a presença de autoridades civis, militares, pesquisadores e representantes do setor produtivo, reunidos para refletir sobre as ameaças ambientais e a necessidade de estratégias de mitigação.

Ameaças climáticas e seus impactos na segurança e defesa

O avanço das mudanças climáticas já é percebido nas rotinas das Forças Armadas, sobretudo em regiões vulneráveis como o Nordeste. Aumento de eventos extremos, como secas severas, enchentes e elevação do nível do mar, afeta diretamente a logística militar, o acesso a comunidades isoladas, a manutenção de infraestruturas estratégicas e a capacidade de resposta a desastres.

Durante o evento, o Coronel da Reserva Helder Guimarães, assessor ambiental do CMNE, explicou que os riscos não são apenas humanitários, mas também geopolíticos. O estresse hídrico e a degradação ambiental podem desencadear fluxos migratórios, comprometer a segurança alimentar e gerar instabilidade social — cenários que demandam preparação estratégica do aparato de defesa.

O Exército tem buscado integrar variáveis climáticas em seus estudos e planejamentos operacionais, considerando fatores como resiliência energética, proteção de ativos costeiros e suporte a populações afetadas. A Jornada serviu como espaço de diálogo sobre como adaptar as capacidades militares a esse novo ambiente de ameaças não convencionais.

Papel da tríplice hélice nas estratégias de mitigação

A tríplice hélice — formada por governo, setor produtivo e academia — foi amplamente mencionada como essencial para formular respostas integradas às mudanças climáticas. A Secretária de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco, Dra. Ana Luiza Ferreira, destacou o papel de governos locais na promoção de políticas de adaptação, citando o arquipélago de Fernando de Noronha como um laboratório vivo de iniciativas sustentáveis e de resiliência.

O setor acadêmico, representado por instituições como o Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), contribuiu com dados sobre impactos na agricultura, abastecimento de água e uso do solo, reforçando a necessidade de uma abordagem multissetorial. Já o setor privado, por meio de nomes como o engenheiro Thomas Kiss, do Pacto Global da ONU, abordou soluções tecnológicas e compromissos ESG como caminhos para a adaptação.

O debate mostrou que é possível e necessário estabelecer sinergia entre Defesa e desenvolvimento sustentável, criando uma base mais sólida para ações de prevenção e resposta coordenada frente aos desafios climáticos no semiárido e nas áreas costeiras do Nordeste.

Cultura de Defesa e estudos estratégicos em pauta

A realização da Jornada de Estudos Estratégicos marca um avanço importante na integração entre a Defesa Nacional e temas ambientais, fortalecendo a chamada cultura de defesa entre civis e militares. Ao abordar o clima como fator de risco estratégico, o Comando Militar do Nordeste (CMNE) amplia o escopo dos debates que tradicionalmente envolvem a segurança nacional.

O evento também cumpre o papel de formar e informar lideranças regionais sobre o impacto das mudanças climáticas em áreas como infraestrutura crítica, abastecimento e deslocamento populacional. Com isso, o Exército reafirma seu compromisso não apenas com a proteção da soberania, mas com a segurança humana e ambiental do povo brasileiro.

Ao estimular a produção de conhecimento e a formação de redes de cooperação técnica, o Núcleo de Estudos Estratégicos do CMNE fortalece sua posição como um centro de reflexão estratégica, demonstrando que a Defesa é, hoje, um campo onde se discutem também os futuros possíveis do planeta.

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Marcelo Barros, com informações e imagens do Exército Brasileiro
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Assessoria de Comunicação (UNIALPHAVILLE), MBA em Jornalismo Digital (UNIALPHAVILLE), Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).

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