Europa fecha espaço aéreo para aviões da FAB com destino a Moscou

Mapa do Mar Báltico e países bálticos
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O céu da Europa se fechou para o Brasil. Sem autorização para sobrevoar o espaço aéreo europeu, os aviões da Força Aérea Brasileira (FAB), que levavam a comitiva presidencial a Moscou, precisaram realizar um contorno logístico desgastante. O caso revela o peso geopolítico das sanções contra a Rússia e levanta dúvidas sobre os caminhos diplomáticos escolhidos pelo governo brasileiro.

Repercussão geopolítica do veto aéreo europeu ao Brasil

A negativa de sobrevoo por parte de diversos países europeus aos aviões da FAB não foi um episódio isolado, mas sim o reflexo direto de uma ação coordenada entre nações da OTAN, em consonância com as sanções impostas à Rússia desde a invasão da Ucrânia. Embora o Brasil não faça parte do conflito e tenha mantido postura oficialmente neutra, a decisão expôs os limites dessa neutralidade.

O veto, além de forçar uma rota alternativa mais longa e custosa, sinalizou que o simples fato de participar de um evento em território russo — no caso, as comemorações do Dia da Vitória — é interpretado por aliados ocidentais como alinhamento simbólico com o regime de Vladimir Putin. O gesto, mesmo silencioso, representa uma fricção diplomática delicada entre o Brasil e países europeus, justamente em um momento em que o governo brasileiro tenta se posicionar como mediador global.

O custo político da viagem em meio à crise interna brasileira

Internamente, a viagem também encontrou resistência. Em paralelo à missão internacional, o Brasil vive uma grave crise de corrupção envolvendo desvios bilionários no INSS, com forte repercussão na opinião pública. A ida de uma comitiva presidencial a Moscou, com todos os custos logísticos e simbólicos envolvidos, foi vista por setores da sociedade como inoportuna e politicamente desastrosa.

A falta de um posicionamento claro do Itamaraty ou da FAB sobre o veto europeu gerou ainda mais especulações e críticas. Parlamentares da oposição questionaram o impacto da visita na imagem do Brasil nos fóruns multilaterais, enquanto analistas de relações internacionais destacaram a falta de estratégia comunicacional para lidar com o episódio. Para muitos, o governo expôs o país a um duplo desgaste: diplomático externo e político interno.

Neutralidade em xeque: o Brasil entre a Rússia e o Ocidente

A crise reforça um dilema histórico da política externa brasileira: o desejo de manter relações equilibradas com diferentes polos de poder global, sem alinhar-se diretamente a blocos ideológicos. No entanto, a realidade da geopolítica contemporânea, marcada por sanções e rivalidades explícitas, impõe restrições práticas à neutralidade.

O episódio também lança luz sobre o conceito de “céus não neutros”, em que o tráfego aéreo passa a ser uma ferramenta geoestratégica. Se antes a diplomacia se fazia por gestos e discursos, hoje ela é confrontada por ações logísticas e operacionais, como o fechamento de espaço aéreo. O Brasil, ao buscar protagonismo internacional, enfrenta agora o desafio de sustentar sua posição de equidistância estratégica sem ser arrastado para o campo de forças de uma nova guerra fria.

Com informações do @TudoSobreDefesaOficial

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