Estudo revela superexploração do Aquífero Guarani e alerta para risco no abastecimento

© Valter Campanato/Agência Brasil

A superexploração do Aquífero Guarani está colocando em risco o abastecimento de água para milhões de pessoas e setores industriais. De acordo com uma pesquisa da Unesp, o aquífero tem enfrentado uma reposição de água abaixo do necessário, gerando preocupações, especialmente em regiões agrícolas do interior de São Paulo, que já sentem os impactos da redução dos níveis hídricos.

Superexploração do Aquífero Guarani: Impactos e Causas

O Aquífero Guarani, uma das maiores reservas de água doce subterrânea do mundo, enfrenta uma superexploração que tem causado redução significativa dos níveis de água, especialmente em áreas de alta demanda agrícola, como Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. A exploração excessiva para irrigação e abastecimento urbano, combinada com mudanças climáticas que afetam a distribuição de chuvas, tem impactado diretamente a reposição natural do aquífero, especialmente nas áreas de afloramento, onde a água da chuva é crucial para alimentar o reservatório.

Regiões que dependem fortemente do aquífero, como o oeste de São Paulo, têm registrado queda de dois a três metros nos níveis de poços próximos às áreas de afloramento. Grandes poços industriais, utilizados por empresas do agronegócio, mostram rebaixamentos de até 70 metros em apenas dez anos, agravando o problema. Pequenos produtores já sentem os impactos, precisando perfurar poços mais profundos e usar bombas mais potentes para captar a água.

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Pesquisa da Unesp: Resultados e Preocupações

A pesquisa da Universidade Estadual Paulista (Unesp) trouxe dados alarmantes sobre a recarga insuficiente do Aquífero Guarani. Utilizando monitoramento de isótopos de hidrogênio e oxigênio, os pesquisadores puderam identificar as áreas de superfície responsáveis pela alimentação do aquífero e constatar que a recarga está muito aquém do necessário. O estudo apontou rebaixamentos de até 100 metros em algumas regiões, uma queda significativa até mesmo para um aquífero com 450 metros de espessura, chegando a 1 quilômetro de profundidade em alguns pontos.

Além do impacto no agronegócio, a pesquisa mostrou que o rebaixamento dos níveis hídricos também afeta diretamente o abastecimento urbano, especialmente em cidades que dependem fortemente do aquífero. Apesar da gravidade da situação, a falta de políticas públicas eficazes e de um sistema de monitoramento em tempo real aumenta a vulnerabilidade da região.

Soluções e Desafios para a Gestão do Aquífero Guarani

O estudo da Unesp propôs algumas soluções para mitigar os impactos da superexploração do aquífero. Entre as medidas sugeridas está a implementação de um sistema de monitoramento em tempo quase real, que permitiria uma melhor gestão dos recursos hídricos subterrâneos e a criação de políticas mais eficazes de curto e médio prazo. Outra recomendação é consorciar o uso de água superficial com a água do aquífero, utilizando ambas de maneira integrada para reduzir a pressão sobre as reservas subterrâneas.

Além disso, os pesquisadores destacaram a necessidade de diferenciar o uso da água de acordo com sua qualidade. A água de melhor qualidade deveria ser destinada prioritariamente ao abastecimento público, enquanto a água de qualidade inferior poderia ser utilizada em setores como o agronegócio e a indústria. A gestão sustentável do aquífero é essencial para garantir a disponibilidade de água nas próximas décadas, especialmente em um cenário de mudanças climáticas e aumento da demanda por recursos hídricos.

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