Marinha, Fiocruz e governo ampliam assistência a ribeirinhos no Pantanal

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Isoladas pela imensidão do Pantanal, as comunidades ribeirinhas muitas vezes dependem de iniciativas itinerantes para receber serviços básicos de saúde e assistência social. Em sua terceira edição, o Projeto “Navio”, realizado pela Marinha do Brasil, em parceria com a Fiocruz e órgãos estaduais de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, percorre o Tramo Sul do Rio Paraguai, levando atendimento médico e odontológico, distribuindo insumos essenciais e coletando dados epidemiológicos que ajudarão a fortalecer políticas públicas voltadas para a região.

O Projeto “Navio” e sua missão no Pantanal

Criado com o objetivo de levar assistência cívico-social e hospitalar às comunidades ribeirinhas do Rio Paraguai, o Projeto “Navio” representa um esforço conjunto para ampliar a presença do Estado em áreas de difícil acesso. A iniciativa, cujo nome significa Navegação Ampliada para Vigilância Intensiva e Otimizada, alia ações de saúde e pesquisa para melhorar a qualidade de vida dos ribeirinhos e estudar os impactos das mudanças ambientais na região.

Desde o dia 13 de janeiro, os navios da Marinha percorreram diversos pontos do Tramo Sul do Rio Paraguai, incluindo Porto Murtinho, Forte Coimbra, Porto Esperança e, mais recentemente, Porto Morrinho. Entre os dias 30 de janeiro e 1º de fevereiro, as equipes chegarão a Porto da Manga, consolidando um itinerário que cobre algumas das áreas mais isoladas do Pantanal Sul-Mato-Grossense.

A iniciativa é viabilizada pelo trabalho conjunto entre a Marinha do Brasil, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e as Secretarias de Saúde de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além do suporte da Secretaria de Assistência Social e dos Direitos Humanos de MS. Juntos, esses órgãos garantem não apenas atendimento médico e odontológico, mas também ações de vigilância em saúde, distribuição de insumos e suporte social para a população local.

Saúde e pesquisa: assistência médica e vigilância epidemiológica

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Ao longo da expedição, as equipes médicas e de pesquisadores da Fiocruz e das Secretarias de Saúde de MT e MS realizam uma série de ações voltadas para a saúde pública das comunidades ribeirinhas. Entre os serviços prestados, destacam-se consultas médicas, atendimentos odontológicos, vacinação e distribuição de medicamentos e kits de higiene.

Nos dias 18 e 19 de janeiro, por exemplo, a equipe esteve em Porto Murtinho (MS), onde foram realizados 162 atendimentos médicos, 600 procedimentos clínicos, 79 consultas odontológicas e 408 atendimentos odontológicos. Além disso, foram aplicadas 51 vacinas e distribuídos 332 kits odontológicos para os moradores.

Uma das inovações desta edição do projeto é a coleta de dados epidemiológicos e ambientais, permitindo uma análise mais ampla da saúde na região. As equipes estão coletando amostras de água, vetores de doenças e aves migratórias para identificar a presença de patógenos virais e avaliar como as mudanças climáticas impactam a saúde pública no Pantanal. Esse levantamento faz parte do conceito de Saúde Única, que estuda a interconexão entre a saúde humana, animal, vegetal e ambiental.

Além dos atendimentos médicos e da pesquisa epidemiológica, a equipe também realiza ações de assistência social. Durante a passagem por Porto Murtinho, militares da Marinha visitaram um lar de idosos e um orfanato, onde prestaram apoio hospitalar e entregaram doações.

O impacto social do projeto e sua continuidade

A cada nova edição, o Projeto “Navio” demonstra seu impacto positivo para as comunidades ribeirinhas do Pantanal. Além de levar assistência imediata à população, a iniciativa busca criar um banco de dados epidemiológicos, permitindo que políticas públicas mais eficazes sejam implementadas para a região.

O retorno às mesmas localidades em diferentes edições do projeto permite acompanhar a evolução das condições de saúde e os impactos ambientais ao longo do tempo. “Ao voltarmos à região, conseguimos avaliar a incidência de doenças infecciosas de um ano para outro e a relação com as alterações climáticas”, explicou o pesquisador da Fiocruz, Dr. Luiz Carlos Junior Alcantara.

Outro aspecto relevante é o envolvimento cada vez maior das comunidades locais. “Nesta edição, encontramos a comunidade muito mais envolvida no projeto, possibilitando o fortalecimento das ações que estamos fazendo”, afirmou a Secretária Adjunta de Saúde de MS, Crhistinne Cavalheiro Maymone Gonçalves.

O reconhecimento da importância do Projeto “Navio” extrapolou os limites do Pantanal. A iniciativa conquistou o segundo lugar na 28ª edição do Concurso de Inovação no Setor Público, promovido pela Escola Nacional de Administração Pública (ENAP). O prêmio reforça a relevância do projeto para a gestão pública eficiente e para a ampliação do acesso a serviços essenciais em regiões isoladas.

Com o avanço das ações no Tramo Sul do Rio Paraguai, a expectativa é que o projeto continue a atender mais comunidades e gerar dados fundamentais para a formulação de políticas públicas. O Comandante do 6º Distrito Naval, Contra-Almirante Alexandre Amendoeira Nunes, destacou o compromisso da Marinha com a iniciativa: “Estamos prontos para continuar contribuindo com os meios logísticos e operacionais necessários. Sabemos que os resultados destes estudos beneficiarão a saúde dos moradores das comunidades ribeirinhas e ampliarão o conhecimento sobre os impactos das mudanças climáticas na nossa região.”

À medida que o Projeto “Navio” avança, ele reafirma o papel fundamental da Marinha do Brasil na promoção da saúde, da cidadania e da pesquisa científica, garantindo que os ribeirinhos do Pantanal tenham acesso a um futuro mais saudável e sustentável.

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