Boeing é condenada a pagar US$ 150 milhões à Embraer após disputa

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Após mais de quatro anos de uma disputa acirrada, a Corte Arbitral de Nova York decidiu que a Boeing deve pagar US$ 150 milhões (aproximadamente R$ 833 milhões) à Embraer pelo rompimento do acordo de fusão entre as duas empresas. A decisão, que não cobre o total do investimento feito pela fabricante brasileira no negócio, encerra uma disputa que deixou prejuízos e mágoas para ambos os lados.
Detalhes do Acordo e Rompimento
O acordo entre a Boeing e a Embraer, anunciado em 2017, envolvia a aquisição da linha de aviação comercial da empresa brasileira por US$ 4,2 bilhões, valor que, em cifras atuais, chegaria a US$ 5,2 bilhões (R$ 29 bilhões). A Boeing teria uma participação de 80% no novo negócio, enquanto a Embraer manteria os 20% restantes, juntamente com suas divisões de defesa e aviação executiva. A expectativa era que a fusão fortaleceria a competitividade das duas empresas no mercado global.
No entanto, em 2020, a Boeing cancelou unilateralmente o acordo, alegando que a Embraer não havia cumprido todos os requisitos da fusão. Esse rompimento levou a Embraer a buscar reparações pelos investimentos realizados na preparação para a fusão, que totalizavam cerca de R$ 980 milhões. A disputa foi levada à Corte Arbitral de Nova York, um fórum comumente utilizado para disputas internacionais desse tipo. A decisão final da corte, determinando o pagamento de US$ 150 milhões à Embraer, reconheceu o direito da brasileira à compensação, mas não abrangeu totalmente os custos envolvidos no processo de fusão.
Reação do Mercado e Impacto Financeiro
A decisão da Corte Arbitral de Nova York gerou uma reação imediata no mercado financeiro. As ações da Embraer fecharam com uma queda de 5,3% após o anúncio, refletindo a decepção dos investidores com o valor da indenização. Os analistas esperavam que a Embraer pudesse obter uma compensação maior, considerando os investimentos e os prejuízos relatados no processo de fusão. Além disso, o valor de US$ 150 milhões ainda estará sujeito à incidência de impostos, o que diminuirá ainda mais o montante final que a Embraer irá receber.
Para a Boeing, o impacto financeiro foi menos significativo, com suas ações caindo apenas 1,55%. No entanto, a empresa enfrenta uma série de desafios, incluindo a crise reputacional após os problemas com o modelo 737 MAX e uma greve que afetou suas operações. Apesar do acordo ter chegado ao fim, a relação entre as duas empresas continua complexa, com a Boeing afirmando estar satisfeita por encerrar a disputa e manter um relacionamento de longa data com a indústria aeroespacial brasileira.
Desdobramentos Futuros e Contexto Setorial
O fim da disputa entre a Boeing e a Embraer ocorre em um momento delicado para a indústria aeroespacial, que foi duramente impactada pela pandemia e pelos problemas enfrentados por ambas as empresas. A Boeing, além de lidar com as repercussões da crise do 737 MAX, enfrenta desafios como greves e questões de qualidade em outros modelos de aeronaves. Apesar disso, a gigante americana permanece como uma das maiores empresas do setor, ao lado da Airbus, mantendo um olhar estratégico para investimentos futuros, inclusive no Brasil.
Para a Embraer, a decisão arbitral traz um encerramento para uma fase conturbada, permitindo que a empresa possa focar em sua recuperação e inovação. A fabricante brasileira, que fechou 2023 com lucro de R$ 164 milhões e uma carteira de encomendas de R$ 103 bilhões, busca agora concentrar esforços em áreas como a aviação executiva e defesa, além de explorar novos horizontes, como o desenvolvimento de combustíveis sustentáveis. A Boeing, por sua vez, demonstrou interesse em investir no Brasil como um centro mundial para a produção de combustíveis SAF, aproveitando a experiência do país em biocombustíveis.
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