Entre aquelas empresas que têm até três tecnologias integradas aos processos, 54% já registram, atualmente, um lucro igual ou maior que o período pré-pandemia

Encarado por muitos executivos como custo ou um item de baixa prioridade, o investimento na indústria 4.0 é revertido em lucratividade, melhores perspectivas e maior capacidade de adaptação do negócio em um cenário adverso como o da pandemia de coronavírus. É o que mostra pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) encomendada ao Instituto FSB Pesquisa. O cruzamento de dados de empresas que adotaram tecnologia da indústria 4.0 com as demais revela que as integrantes do primeiro grupo se saíram melhor da crise.

Entre aquelas que têm até três tecnologias integradas aos processos, 54% já registram, atualmente, um lucro igual ou maior que o período pré-pandemia. O índice cai para 47% nos negócios que ainda não se adequaram à modernidade. A lucratividade já é maior em 29% das empresas industriais que adotaram quatro ou mais tecnologias, percentual quase igual aos 28% entre quem adotou entre uma e três tecnologias e acima dos 25% entre quem não adotou nenhum recurso previsto na chamada indústria 4.0.

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As perspectivas para 2021 também são mais promissoras para as indústrias 4.0. Para 63% dos executivos que atuam nesses negócios, o faturamento deve aumentar no próximo ano. No outro grupo, o índice é quatro pontos percentuais menor (59%). Com lucro mantido ou elevado e perspectivas positivas, um percentual representativo de empresas consegue até aumentar o número de colaboradores em um ano desafiador como o de 2020.

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Três em cada 10 indústrias que adotaram ao menos três tecnologias 4.0 aumentaram o quadro funcionários na comparação com o mês imediatamente anterior à pandemia: fevereiro. Entre as outras, o índice cai para 22%.

Falta de recurso é a principal barreira para a expansão da indústria 4.0 no Brasil

O levantamento também abordou quais as principais barreiras para a expansão da indústria 4.0 no Brasil.  A falta de recursos é o maior obstáculo para a inovação ou incorporação de tecnologias para 35% dos executivos. Em segundo lugar, apontado por 24% das lideranças empresariais como a principal barreira, ficou o alto custo aliado à dificuldade de acesso ao crédito.

“O reforço às linhas de crédito voltadas à inovação, pesquisa e desenvolvimento é fundamental para o Brasil avançar e diminuir a distância que existe atualmente em relação aos mercados mais desenvolvidos em indústria 4.0. Esse é um passo decisivo para o país ampliar a sua competitividade no mercado global”, comentou o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.

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A pesquisa revela ainda que a ampla maioria das pequenas, médias e grandes empresas industriais brasileiras (74%) já adotaram ao menos uma tecnologia 4.0. Pouco mais de um terço do total (35%) está em um nível mais avançado, tendo implementado ao menos três diferentes tipos de tecnologia. A mais comum é a computação em nuvem, presente em 52% das empresas, seguida por sensores (36%) e softwares de gestão avançada de produção (33%). A tecnologia 4.0 menos presente é o big data, adotado por apenas 6% das empresas.

Para empresários, o Brasil tem menos políticas públicas para indústria 4.0 que a média mundial

Para a maioria dos executivos brasileiros (52%), a própria empresa está atrasada em relação até ao cenário nacional. Praticamente três em cada quatro industriais (73%) entendem que as políticas públicas de apoio e incentivo a investimentos para as empresas inovarem e adotarem novas tecnologias no Brasil é hoje menor que na média mundial.

Um dado sobre os movimentos feitos pelas empresas durante a pandemia reforça que quanto mais tecnologias das indústrias 4.0 as empresas adotam, mas elas estão mais aptas a enfrentar adversidades como a pandemia do novo coronavírus. Entre aquelas que incorporaram quatro ou mais tecnologias, 71% afirmaram que inovaram na pandemia.

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Empresas com robótica avançada aumentaram mais o quadro de funcionários na pandemia

Um dado sobre o aumento no quadro de funcionários durante a pandemia chama a atenção. Entre as empresas que têm robótica avançada na sua produção, 37% aumentaram o número de empregados. No grupo daquelas com sistemas de conexão máquina-máquina e sensores, os percentuais são de 32% e 30%. O índice cai para 22% entre as indústrias que não adotaram tecnologias da indústria 4.0.

Big data e sistemas de conexão máquina-máquina impactam mais na lucratividade

A pesquisa revelou que as tecnologias da indústria 4.0 que mais impactam positivamente na lucratividade das empresas são os sistemas de conexão máquina-máquina, big data e inteligência artificial. Entre as empresas que adotaram as duas primeiras tecnologias, 32% lucram mais hoje que no pré-pandemia. No grupo daquelas que têm inteligência artificial, o índice é de 30%. Os percentuais são 7 e 5 pontos percentuais maiores que os registrados pelas empresas que não adotaram nenhuma tecnologia da indústria 4.0.

A pesquisa da CNI junto ao Instituto FSB Pesquisa entrevistou, por telefone, entre 23 de outubro e 12 de novembro de 2020, executivos de 509 empresas industriais, compondo amostra proporcional em relação ao quantitativo total de empresas do setor em todos os estados brasileiros. Dentro de cada estado, a amostra foi controlada por porte das empresas (pequena, média e grande) e setor de atividade. A margem de erro no total da amostra é de 4,3 pontos percentuais, com intervalo de confiança de 95%.

Baixe a íntegra da pesquisa

Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).