Desde a antiguidade, os povos litorâneos, por necessidade ou curiosidade, se fizeram ao mar e foram se afastando cada vez mais de seus vilarejos. Até o sol se pôr, os navegantes primitivos orientavam-se por meio de marcas conspícuas do litoral; já durante a noite, era necessário que fogueiras fossem acesas sobre montes de pedras ou se elevassem fogaréus em braseiros com qualquer artefato possível. Ao longo dos séculos, as fogueiras evoluíram para as sofisticadas lanternas, fontes luminosas compostas por aparelhos dotados de refletores ou refratores de luz; quanto aos amontoados de pedras, converteram-se em elevadas torres de alvenaria, surgindo assim os faróis, a origem dos auxílios à navegação.

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O Brasil, em seu compromisso com a segurança da navegação e na busca pela excelência nessa área, participa dos trabalhos da Associação Internacional de Autoridades em Auxílios à Navegação Marítima e Faróis (IALA – International Association of Marine Aids to Navigation and Lighthouse Authorities), organização internacional responsável pela harmonização e padronização dos auxílios à navegação. É membro atuante em seu Conselho desde 1998 e ocupa, atualmente, o cargo de Vice-Presidente. Em 2023, sediará a 20a Conferência Internacional da IALA, na cidade do Rio de Janeiro, o maior evento a ser realizado na América Latina sobre a Segurança da Navegação.

Com o avanço tecnológico, os auxílios à navegação passaram a não mais se restringirem apenas aos tradicionais sinais visuais representados por boias, balizas, faroletes e faróis. São constituídos, também, por equipamentos, sistemas ou serviços, desenvolvidos e operados para o aumento da segurança e eficiência da navegação. Por isso, os auxílios eletrônicos passaram a ter grande importância, sobretudo o Serviço de Tráfego de Embarcações (VTS – Vessel Traffic Service), em funcionamento nos portos de Vitória/Tubarão e do Açu, e em fase de implantação no Porto do Rio de Janeiro. Isso provê capacidade de monitoramento atualizado do tráfego aquaviário, um dos elementos-chave para o moderno conceito de Navegação Aprimorada (e- Navigation), que contempla uma ampla gama de sistemas e serviços integrados, tornando o tráfego mais confiável, seguro e eficiente.

Ao longo de uma imensa costa de mais de 7.000 km e contando com cerca de 19.000 km de rios navegáveis, a rede de auxílios à navegação brasileira conta com 2 VTS; 24 respondedores radar (RACON); 1.578 sinais fixos, dentre os quais 206 faróis, 453 faroletes, 776 balizas e 143 placas; 13 radiofaróis; 10 estações de correção DGPS e uma DGNSS; além de 3.154 sinais flutuantes, divididos em 1.065 boias luminosas, 1.912 boias cegas e 177 boias articuladas. Dessa forma, por conta de sua relevante atuação relacionada à segurança do tráfego marítimo, a proteção do meio ambiente, contribuição ao desenvolvimento da Economia do Mar e a preservação do patrimônio histórico e cultural da humanidade, a IALA estabeleceu o dia 1o de julho como o Dia Internacional dos Auxílios à Navegação Marítima, com o intuito de chamar a atenção da sociedade para a importância desses temas.

Por fim, congratulo-me com os militares e servidores civis da Marinha do Brasil e com os setores da comunidade marítima e fluvial que labutam nessa atividade, pelo árduo trabalho desenvolvido, o que possibilita a contínua manutenção e o aprimoramento dos auxílios à navegação, sempre com resiliência e contínuo aperfeiçoamento técnico, sem jamais esquecer do legado histórico inerente à profissão de nossos faroleiros, denotado no trecho da Canção do Hidrógrafo:

“Se marcares, ao largo, o lampejo de um farol a mostrar o caminho,

saberás ser o nosso desejo que jamais tu navegues sozinho. (…)

Hidrografia! Hidrografia! Restará sempre muito o que fazer…”

 

RENATO GARCIA ARRUDA Vice-Almirante

Diretor

Marcelo Barros, com informações da Marinha do Brasil
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Assessoria de Comunicação (UNIALPHAVILLE), MBA em Jornalismo Digital (UNIALPHAVILLE), Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).