Missão estratégica do ITA e IEAv mede radiação para proteger tripulantes e sistemas

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Em uma das missões científicas mais complexas do Brasil, pesquisadores do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e do Instituto de Estudos Avançados (IEAv) realizaram medições inéditas de radiação cósmica na Antártida. A bordo de aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB), os cientistas monitoraram a exposição a partículas ionizantes, com foco em segurança de tripulantes e confiabilidade de sistemas eletrônicos embarcados em voos de alta altitude e longas distâncias.
A missão PERIGEU e a simulação da radiação em altitudes extremas

Denominada PERIGEU (Pesquisa Estratégica de Radiação Ionizante em Grandes Extremos Ultra-Austrais), a missão teve como objetivo coletar dados precisos sobre a radiação cósmica enfrentada por aeronaves militares, principalmente nas zonas críticas como a transição entre a Anomalia Magnética do Atlântico Sul (AMAS) e a região polar.
A coleta envolveu instrumentos avançados capazes de registrar, em tempo real, a taxa de dose de radiação em diferentes altitudes e latitudes. O foco principal foi a validação da Radiation Environment Platform (REP), uma simulação computacional desenvolvida por pesquisadores do ITA e IEAv que modela o ambiente radioativo até 100 km de altitude. A missão teve apoio do CERN, que calibrava os instrumentos com aceleradores de partículas, permitindo simulações realistas de energia e impacto de radiação cósmica.
Radiação e saúde: impactos diretos em tripulações e a aplicação dos dados na medicina aeronáutica
Além da avaliação técnica de sistemas, a missão também concentrou esforços em entender os efeitos da radiação sobre o corpo humano. Para isso, foi utilizado um fantoma antropomórfico, equipamento que simula a composição e estrutura de um corpo humano real. Dosímetros foram posicionados em diferentes pontos do fantoma e no interior da aeronave para medir com precisão a distribuição das doses de radiação em órgãos específicos.

O estudo — que contou com o suporte do Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD) — permitirá aperfeiçoar os protocolos de proteção radiológica de tripulações, estimar riscos em voos de longa duração e contribuir com a medicina aeroespacial, principalmente para voos de altitudes elevadas, supersônicas ou hipersônicas, em que os níveis de radiação se intensificam de forma significativa.
Cooperação científica e soberania tecnológica: o papel do ITA, IEAv, CERN e Marinha no avanço da Defesa Nacional
A missão PERIGEU reflete um esforço coordenado entre academia, ciência aplicada, defesa e cooperação internacional. Envolvendo o ITA, o IEAv, o DCTA, o PROANTAR (coordenado pela Marinha do Brasil), o IRD e o CERN, a pesquisa representa um marco na autonomia científica brasileira em áreas sensíveis como defesa aeroespacial, clima espacial e segurança de voo.
A articulação entre essas instituições garante que o Brasil desenvolva capacidade independente para prever, mensurar e simular os efeitos da radiação cósmica sobre sistemas críticos. Essa soberania tecnológica é estratégica para manter a segurança de satélites, aeronaves, comunicações e missões futuras de defesa — especialmente em um cenário global onde a competição por dados de alta complexidade científica e uso dual (civil e militar) cresce aceleradamente.
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