Cúpula dos Chefes de Estado do G20: A Segurança do Brasil sob o olhar global

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O G20 é o principal fórum de cooperação econômica internacional e desempenha um papel importante na definição e no reforço da arquitetura e da governança mundiais em todas as grandes questões econômicas internacionais e possuem presidência rotativa anual, onde o Brasil é o presidente no momento. O G20 que reúne as principais economias do mundo (19), além de dois blocos econômicos (União Africana e União Europeia) cria propostas e discute questões sobre temas de interesse global.

Neste ano de 2024, a cúpula dos líderes do G20 será realizada pela primeira vez no Brasil na capital fluminense nos dias 18 e 19 de novembro com a presença de Chefes de Estado, além de contar com uma grande programação paralela que teve início no último 14, como a Cúpula do G20 Social, Urban 20 e Aliança Global Festival.

Este artigo não tem o objetivo de entrar no mérito das ações e/ou definições que serão discutidas no G20, mas sim, destacar o grande esquema de segurança que o Brasil, em especial na cidade do Rio de Janeiro está montando para recepcionar os chefes de Estado e público em Geral.

São aguardadas cerca de 55 delegações de 40 países e de 15 organismos internacionais. Entre os confirmados, estão os líderes das duas maiores potências mundiais, os presidentes da China, Xi Jinping, que irá realizar sua primeira visita de Estado ao Brasil desde que Lula assumiu o terceiro mandato e dos Estados Unidos, Joe Biden, que se destaca por sua primeira e única viagem ao Brasil como presidente dos EUA, o presidente da França, Emmanuel Macron e o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, são outros destaques.

A maior parte dos líderes dos 19 países do grupo deve comparecer à reunião, apenas o presidente da Rússia, Vladmir Putin confirmou que não irá comparecer, algo já esperado. Vale destacar os membros do G20 representam cerca de 85% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, mais de 75% do comércio mundial e cerca de dois terços da população mundial.

O Brasil já possui experiências no planejamento e execução de grandes eventos, as quais deslocam um grande efetivo das forças de segurança dos mais diversos níveis e emprego de tecnologias para garantir a segurança de Chefes de Estados e público em geral. Podemos relembrar a Jornada Mundial da Juventude e Copa das Confederações FIFA (2013), Copa do Mundo FIFA (2014), Jogos Olímpicos e Paralímpicos (2016), sendo operações integradas de segurança gigantescas e que lograram êxito em todos os eventos. Vale destacar que as olimpíadas do Rio, foi a primeira que houve cooperação internacional de inteligência com cerca de 100 países.

A cúpula dos chefes de Estado (18 e 19/11) vai ocorrer no Museu de Arte Moderna (MAM), no Aterro do Flamengo, na altura da Glória e a Zona Portuária receberá os eventos paralelos. Dentro do Urban 20 (U20) vai contar com a presença de prefeitos e representantes de mais de 60 cidades do mundo.

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Reprodução: Centro de Operações Rio
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Reprodução: Centro de Operações Rio

Para o evento, a cidade do Rio de Janeiro adotou algumas medidas estratégicas para o G20, como a criação de um grande feriados (15 a 20 de novembro), onde os órgãos públicos e os bancos estão fechados. O objetivo é reduzir de certa forma, os deslocamentos nas ruas da cidade e facilitar o deslocamento dos líderes mundiais e suas comitivas, além de ajudar no planejamento das diversas reuniões paralelas que ocorrerão durante o evento.

O Aterro do Flamengo estará bloqueado entre os dias 17 e 19 para o deslocamento das comitivas, bem como a suspensão das áreas de lazer da orla para ajudar no trânsito. Outro ponto importante e estratégico é a interrupção das operações aéreas do Aeroporto Santos Dumont durante os dois dias da Cúpula.

Foi assinado no dia 08 de novembro o decreto de Garantia da Lei e da Ordem, a já conhecida GLO, que está válido entre os dias 14 e 21, cobrindo áreas específicas da cidade maravilhosa, autorizando os militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica a terem poder de polícia no que se refere à segurança das autoridades e comitivas presentes ao evento.

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Reprodução: Centro de Operações Rio

O Aterro do Flamengo constitui a área com o maior número de bloqueios na cidade. Nos dias 17, 18 e 19 de novembro, as vias serão totalmente interditadas ao trânsito, com a circulação restrita exclusivamente às comitivas das delegações e aos veículos relacionados ao evento.

O bloqueio no Aterro do Flamengo também se estende à circulação de pedestres na pista. Ao todo, serão implementados 35 pontos de interdição na região, abrangendo o trecho entre o Monumento a Estácio de Sá e o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio).

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Reprodução: Centro de Operações Rio

Naturalmente, a área onde ocorrerão os eventos do G20 estará sujeita a um rigoroso controle de acesso, com pontos de entrada supervisionados pelas forças de segurança. Adicionalmente, as ações de diversos órgãos públicos estarão integradas no Centro de Operações Rio, que realizará monitoramentos por meio de um amplo sistema de vigilância, composto por 5 mil câmeras instaladas pela cidade. Durante o evento, será implementado um reforço de 83 novas câmeras, além da utilização de múltiplas tecnologias de segurança para aprimorar o monitoramento e a proteção da área. A rede municipal contará ainda com um incremento de 50% na força de trabalho nos plantões.

Para seu entendimento leitor, a Segurança é realizada por níveis. Imaginemos uma cebola. A autoridade, no caso, os Chefes de Estado ou outra autoridade é o núcleo da cebola. Para atingir o núcleo, é necessário vencer todos os níveis para alcançá-lo. Cada camada possui uma função específica, tendo a maioria das camadas “invisíveis”, que são os serviços de planejamento, inteligência e contra inteligência, bem como monitoramento.

Conforme fala do diretor da Polícia Federal na último quinta-feira, “No G20, já trabalhamos com um nível de segurança mais elevado possível pelo nível das autoridades estrangeiras”. Desde o início dos eventos paralelos, a capital fluminense conta com pelo menos 26 mil agentes de segurança (Forças Armadas, Força Nacional de Segurança, Policiais Federais, Estaduais, Guarda Municipal, bem como Agência de Inteligência), que por óbvio, não saberemos o efetivo empregado de fato, além de cada delegação irá trazer sua própria equipe de segurança privada, que já atua em agendas dos Chefes de Estado.

Já é possível observar a presença de tanques e veículos blindados nas áreas que sediarão a cúpula e por onde circularão os chefes de Estado, bem como navios de guerra ao longo da Orla. A partir de domingo, será implementado o controle do espaço aéreo do Rio de Janeiro, com a criação de zonas de sobrevoo reservado, restrito e proibido.

Adicionalmente, equipes especializadas estão em operação com o objetivo de assegurar a proteção dos chefes de Estado e das delegações, além de atuar em atividades de inteligência voltadas à mitigação de riscos de ataques terroristas e cibernéticos. Destaca-se, nesse contexto, a atuação da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), que se dedicará ao monitoramento de eventos críticos relacionados às reuniões com a presença dos presidentes. O plano de segurança brasileiro inclui ações de inteligência voltadas à prevenção de ataques terroristas e cibernéticos, bem como ao enfrentamento de ameaças químicas, biológicas, radiológicas e nucleares.

O G20 no Brasil está proporcionado o maior esquema de segurança do país desde os jogos olímpicos, RIO 2016.

Claro que cada país possuem classificações de risco (Alta, média e baixo), possuindo esquemas de segurança direcionados. Este tipo de evento, com certeza traz curiosidade e exemplos a serem seguidos acerca de segurança de autoridade e segurança institucional. A delegação dos Estados Unidos traz galões de água e comida para o presidente, além de uma quantidade significativa de equipamentos, contando com helicóptero e carro próprio para o deslocamento do presidente.

A China de Xi Jinping solicitou todos que todos os 400 quartos de hotel onde a delegação estará instalada passassem por varreduras, além da faixa de praia próxima ao hotel ser restrita à membros da delegação, segurança feita pelos fuzileiros navais brasileiros e uma embarcação da Marinha do Brasil próxima. Vale destacar que o presidente da China, Xi Jinping, estará no dia 20, em Brasília para uma agenda de trabalho com presidente brasileiro. Outro ponto de segurança da China que chama a atenção, agora em Brasília, é a reserva de 400 suítes do complexo hoteleiro que ficaram alojados, sendo os trabalhadores do local dispensados e os serviços serão realizados exclusivamente por funcionários contratados pelo governo chinês.

Com certeza, o último evento ocorrido em Brasília, com a explosão de bombas na Praça dos Três Poderes no último dia 13, chamou de certa forma, atenção quanto a segurança durantes os eventos do G20, sobretudo acerca da segurança dos Chefes de Estado e ainda, a preocupação de ataques terroristas, tendo como alvo algum chefe de Estado ou até mesmo em locais de grande aglomeração, mas como abordado, este será o maior evento de segurança em território nacional, tendo o maior grau de atenção quanto a Segurança e Defesa do país, em especial na capital fluminense, e ao final deste evento de planejamento e segurança, o Brasil irá demonstrar novamente ao mundo sua capacidade de receber grandes eventos com a presença de Chefes de Estado.

“A Segurança e Defesa é um tema sensível e que trabalha nas sombras; uma possível falha e/ ou mau planejamento pode ocasionar em um desastre. Se a “segurança invisível” aparecer é porque algo não está bem”. Fabrício Robson de Oliveira (2022).

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