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Brasil e EUA em exercício militar na Guiana elevam pressão sobre Venezuela

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Às vésperas de eleições simbólicas convocadas por Nicolás Maduro para o recém-criado estado da Guiana Essequiba, tropas de sete países americanos, incluindo Brasil e Estados Unidos, desembarcaram em Georgetown, capital da Guiana, para um exercício militar conjunto. O que oficialmente é um treinamento humanitário soa, para analistas, como um recado claro ao regime venezuelano sobre os riscos de agressão territorial à nação vizinha.

A estrutura do exercício Mecodex e a presença brasileira

Militares em evento internacional com bandeiras ao fundo.
Foto: Abel Harris/Office of the Prime Minister

A quarta edição do Mecanismo de Cooperação em Desastres (Mecodex), promovida pela Junta Interamericana de Defesa (JID), vinculada à Organização dos Estados Americanos (OEA), reuniu forças armadas de oito países: Brasil, EUA, Colômbia, Canadá, Espanha, México, Barbados e Suriname. Sediado em Georgetown, o exercício simulou cenários de catástrofes naturais, com foco em logística, resgate e assistência humanitária.

O Brasil foi representado pela Marinha e por membros da Defesa Civil, que destacaram a experiência recente em operações de resposta às enchentes no Rio Grande do Sul. Durante o exercício, o Comandante Leonel Mariano da Silva Junior, chefe do Estado-Maior da Divisão Litorânea, compartilhou dados e estratégias com os países parceiros, reforçando o papel do Brasil como liderança regional em operações cívico-militares.

Geopolítica e diplomacia de defesa: os sinais para Caracas

Apesar do viés humanitário declarado, a realização do Mecodex na Guiana tem peso simbólico significativo diante da disputa territorial pelo Essequibo, acirrada desde que a Venezuela aprovou em referendo a criação do estado de Guiana Essequiba, em dezembro de 2023. Em meio a ameaças, movimentações militares e declarações de Maduro, o exercício é interpretado como uma demonstração de força diplomática e dissuasão estratégica.

A escolha de Georgetown, foi decidida em uma votação da Junta Interamericana de Defesa (JID) em maio do ano passado, mas por decisão venezuelana coincidiu em ser às vésperas da eleição promovida por Caracas. Todo esse cenário é visto como um alerta regional: a integridade territorial da Guiana será defendida por uma coalizão internacional. Embora a Venezuela negue envolvimento direto nos ataques recentes à Guiana, analistas concordam que o Mecodex serviu para reforçar a legitimidade e o apoio multilateral ao governo guianense.

Brasil entre o pragmatismo diplomático e o compromisso com a soberania

A participação do Brasil levanta debate sobre sua tradicional política externa de não alinhamento com potências extrarregionais na América do Sul. Para críticos, como o professor Ronaldo Carmona, da Escola Superior de Guerra, o exercício pode ser lido como ingerência dos EUA no conflito, tensionando o equilíbrio regional. Para outros, como o próprio Comandante Leonel, a ação fortalece o intercâmbio de experiências e a integração regional em nome do bem comum.

Dentro da Estratégia Nacional de Defesa, o Brasil defende a cooperação multilateral em ações de caráter humanitário e de segurança coletiva. Ao integrar o Mecodex, o país reitera seu compromisso com a paz, mas também com a dissuasão inteligente. A operação é um lembrete de que, na política internacional, gestos táticos podem comunicar posições firmes sem disparar um tiro.

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