Conheça as principais Missões de Paz da ONU que contaram com a participação do Brasil

Foto: Jorge Cardoso / Ministério da Defesa
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Considerado um país pacífico no âmbito internacional, o Brasil tem uma trajetória histórica de envolvimento em missões de paz da Organização das Nações Unidas (ONU). Ao longo dos anos, o país esteve presente em diversos cenários de conflito e contribuiu com tropas e recursos para a manutenção da paz. Desde antes mesmo da criação da ONU, o Brasil já desempenhava um papel ativo em operações internacionais com o objetivo de estabilizar regiões devastadas por crises políticas e sociais.

As missões de paz da ONU são projetadas para ajudar países que enfrentam conflitos internos ou internacionais a encontrar soluções pacíficas, promovendo segurança e estabilidade. Desde a primeira operação em 1948, no Oriente Médio, a ONU já realizou mais de 70 missões de paz, sendo que mais de 50 delas contaram com a participação brasileira.

Quais são as missões de paz da ONU que o Brasil participou?

Confira agora as principais participações brasileiras em missões de paz da ONU:

UNEF I – Crise de Suez (1956)

Foto: ONU

A participação do Brasil em missões de paz da ONU começou oficialmente durante a Crise de Suez, em 1956. Após o conflito envolvendo Israel, França e Reino Unido contra o Egito, militares brasileiros foram destacados para supervisionar a retirada das forças israelenses da Península do Sinai, além de garantir a segurança da região. A guerra durou menos de uma semana, mas a missão de paz se estendeu por mais tempo, com as tropas da ONU, incluindo os brasileiros, monitorando a retirada dos invasores e garantindo o cumprimento do armistício.

UNEF I – Sinai e Faixa de Gaza (1957-1967)

Foto: ONU

Após a Crise de Suez, o Brasil permaneceu no Egito por uma década, contribuindo com um batalhão de aproximadamente 600 homens conhecido como o “Batalhão Suez”. Durante esse período, cerca de 6.300 militares brasileiros participaram da missão de manutenção da paz na região do Sinai e da Faixa de Gaza. No entanto, a missão encontrou dificuldades quando Israel retomou o conflito com o Egito em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias. A escalada de violência resultou na morte de um soldado brasileiro e na evacuação das forças de paz da ONU.

ONUC – Congo (1960-1964)

Foto: Pressens Bild – sverigesradio.se, Domínio público

De 1960 a 1964, a Força Aérea Brasileira (FAB) teve um papel significativo na missão de paz no Congo, conhecida como ONUC. O Brasil enviou 179 militares, entre pilotos e tripulantes, que operaram helicópteros Sikorsky H-19 e aeronaves Douglas C-47. Esses militares foram responsáveis por missões de transporte e resgate, incluindo o corajoso salvamento de missionários e freiras sob fogo inimigo. A operação no Congo foi uma das mais perigosas enfrentadas por tropas brasileiras, mas destacou o compromisso do Brasil com a paz.

MINUSTAH – Haiti (2004-2017)

Foto: UN/MINUSTAH/Jesús Serrano Redondo

Possivelmente a missão de paz mais conhecida do Brasil, a MINUSTAH foi liderada pelo país durante 13 anos, de 2004 a 2017, e envolveu mais de 30 mil militares brasileiros. O objetivo principal da missão era estabilizar o Haiti após a queda do presidente Jean-Bertrand Aristide e conter a violência no país. Durante a operação, o Brasil foi a nação líder da força de paz, com papel fundamental na reconstrução do Haiti, especialmente após o devastador terremoto de 2010, que matou mais de 200 mil pessoas, incluindo 21 brasileiros. A atuação brasileira no Haiti é frequentemente lembrada como um exemplo de eficiência e empatia em missões de paz.

UNIFIL – Líbano (2011-2020)

Foto: ONU

A Marinha do Brasil também desempenhou um papel fundamental na Força-Tarefa Marítima da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL-MTF), que foi criada para monitorar as águas territoriais libanesas e impedir a entrada de armamentos ilegais. De 2011 a 2020, o Brasil assumiu o comando da UNIFIL-MTF, enviando seis navios e mais de 3.600 militares, realizando patrulhas navais e fiscalizando mais de 71 mil embarcações.

A missão foi singular, sendo a única operação de paz de caráter naval da ONU, e a Marinha do Brasil esteve à frente da liderança da força, contribuindo significativamente para a estabilidade na região. A última comissão brasileira foi realizada pela Fragata Independência (F44), que operou com outras marinhas, como as da Alemanha, Bangladesh, Grécia, Indonésia e Turquia. Durante essa missão, a fragata esteve no Líbano durante a explosão no porto de Beirute, em agosto de 2020, permanecendo no mar no momento da tragédia.

O Brasil encerrou sua participação na UNIFIL-MTF em dezembro de 2020, após a realização de 17 comissões e a conclusão de sua missão no Líbano, marcando o fim de quase uma década de contribuição brasileira para a paz e segurança no Mediterrâneo.

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Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).

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