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Considerado um país pacífico no âmbito internacional, o Brasil tem uma trajetória histórica de envolvimento em missões de paz da Organização das Nações Unidas (ONU). Ao longo dos anos, o país esteve presente em diversos cenários de conflito e contribuiu com tropas e recursos para a manutenção da paz. Desde antes mesmo da criação da ONU, o Brasil já desempenhava um papel ativo em operações internacionais com o objetivo de estabilizar regiões devastadas por crises políticas e sociais.
As missões de paz da ONU são projetadas para ajudar países que enfrentam conflitos internos ou internacionais a encontrar soluções pacíficas, promovendo segurança e estabilidade. Desde a primeira operação em 1948, no Oriente Médio, a ONU já realizou mais de 70 missões de paz, sendo que mais de 50 delas contaram com a participação brasileira.
Quais são as missões de paz da ONU que o Brasil participou?
Confira agora as principais participações brasileiras em missões de paz da ONU:
UNEF I – Crise de Suez (1956)
A participação do Brasil em missões de paz da ONU começou oficialmente durante a Crise de Suez, em 1956. Após o conflito envolvendo Israel, França e Reino Unido contra o Egito, militares brasileiros foram destacados para supervisionar a retirada das forças israelenses da Península do Sinai, além de garantir a segurança da região. A guerra durou menos de uma semana, mas a missão de paz se estendeu por mais tempo, com as tropas da ONU, incluindo os brasileiros, monitorando a retirada dos invasores e garantindo o cumprimento do armistício.
UNEF I – Sinai e Faixa de Gaza (1957-1967)
Após a Crise de Suez, o Brasil permaneceu no Egito por uma década, contribuindo com um batalhão de aproximadamente 600 homens conhecido como o “Batalhão Suez”. Durante esse período, cerca de 6.300 militares brasileiros participaram da missão de manutenção da paz na região do Sinai e da Faixa de Gaza. No entanto, a missão encontrou dificuldades quando Israel retomou o conflito com o Egito em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias. A escalada de violência resultou na morte de um soldado brasileiro e na evacuação das forças de paz da ONU.
ONUC – Congo (1960-1964)
De 1960 a 1964, a Força Aérea Brasileira (FAB) teve um papel significativo na missão de paz no Congo, conhecida como ONUC. O Brasil enviou 179 militares, entre pilotos e tripulantes, que operaram helicópteros Sikorsky H-19 e aeronaves Douglas C-47. Esses militares foram responsáveis por missões de transporte e resgate, incluindo o corajoso salvamento de missionários e freiras sob fogo inimigo. A operação no Congo foi uma das mais perigosas enfrentadas por tropas brasileiras, mas destacou o compromisso do Brasil com a paz.
MINUSTAH – Haiti (2004-2017)
Possivelmente a missão de paz mais conhecida do Brasil, a MINUSTAH foi liderada pelo país durante 13 anos, de 2004 a 2017, e envolveu mais de 30 mil militares brasileiros. O objetivo principal da missão era estabilizar o Haiti após a queda do presidente Jean-Bertrand Aristide e conter a violência no país. Durante a operação, o Brasil foi a nação líder da força de paz, com papel fundamental na reconstrução do Haiti, especialmente após o devastador terremoto de 2010, que matou mais de 200 mil pessoas, incluindo 21 brasileiros. A atuação brasileira no Haiti é frequentemente lembrada como um exemplo de eficiência e empatia em missões de paz.
UNIFIL – Líbano (2011-2020)
A Marinha do Brasil também desempenhou um papel fundamental na Força-Tarefa Marítima da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL-MTF), que foi criada para monitorar as águas territoriais libanesas e impedir a entrada de armamentos ilegais. De 2011 a 2020, o Brasil assumiu o comando da UNIFIL-MTF, enviando seis navios e mais de 3.600 militares, realizando patrulhas navais e fiscalizando mais de 71 mil embarcações.
A missão foi singular, sendo a única operação de paz de caráter naval da ONU, e a Marinha do Brasil esteve à frente da liderança da força, contribuindo significativamente para a estabilidade na região. A última comissão brasileira foi realizada pela Fragata Independência (F44), que operou com outras marinhas, como as da Alemanha, Bangladesh, Grécia, Indonésia e Turquia. Durante essa missão, a fragata esteve no Líbano durante a explosão no porto de Beirute, em agosto de 2020, permanecendo no mar no momento da tragédia.
O Brasil encerrou sua participação na UNIFIL-MTF em dezembro de 2020, após a realização de 17 comissões e a conclusão de sua missão no Líbano, marcando o fim de quase uma década de contribuição brasileira para a paz e segurança no Mediterrâneo.
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