No dia 22 de agosto, sábado, o Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN) completa 68 anos de história. A instituição, atualmente vinculada à Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), autarquia do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), é a referência em pesquisa e desenvolvimento do uso pacífico da tecnologia nuclear em Minas Gerais.

Nos siga no Instagram, Telegram ou no Whatsapp e fique atualizado com as últimas notícias de nossas forças armadas e indústria da defesa.

Localizado em Belo Horizonte, atualmente o CDTN atua nas áreas de minerais e materiais, saúde, meio ambiente e reatores. O Centro se destaca nas aplicações de tratamento de rejeitos radioativos, monitoração ambiental, metrologia das radiações, otimização de processos de extração e purificação mineral, nanotecnologia, integridade estrutural e no gerenciamento do envelhecimento de componentes mecânicos de instalações de grande porte.

O CDTN ainda se sobressai na produção de radiofármacos, para aplicações em tomografia por emissão de pósitrons (PET), medicamentos extremamente importantes para a medicina nuclear, realizada pela Unidade de Pesquisa e Produção de Radiofármacos (UPPR). Também conta com os serviços do Laboratório de Irradiação Gama (LIG), equipado com uma fonte de Cobalto-60, dentre os quais destaca-se o tratamento de alimentos, esterilização de produtos médicos e farmacêuticos e tratamento de sangue e hemoderivados. Além disso, a instituição atua na coordenação técnica de projetos nacionais da área, como o do Repositório Nacional de Rejeitos de Baixo e Médio Níveis de Radiação (RBMN).

História

O Centro foi criado em 1952, por um grupo de professores da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), liderados por Francisco de Assis Magalhães Gomes, sob o nome de Instituto de Pesquisas Radioativas (IPR). Inicialmente a instituição pesquisava ocorrências de minerais radioativos, estudos em física e química nuclear, metalurgia e materiais de interesse nuclear. Já em 1960, adquirido pelo Governo de Minas Gerais, foi instalado o reator de pesquisa TRIGA IPR-R1, ferramenta pioneira nos estudos nucleares do país.

CDTN Reator Triga Placa de Inauguracao
Placa de inauguração do reator nuclear TRIGA IPR – Foto: Acervo/CDTN

Em 1965, o IPR passa a integrar o Plano Nacional de Energia Nuclear com o convênio entre UFMG e Cnen. Logo em 1972, o instituto se separa da UFMG e é transferido para a Companhia Brasileira de Energia Nuclear (CBTN). Dois anos após ser transferido para a CBTN, em 1974, o Centro foi incorporado pela companhia estatal Empresas Nucleares Brasileiras S.A. – Nuclebrás.

O IPR passou a se denominar CDTN no ano de 1977, com a missão de absorver a tecnologia nuclear que seria transferida no âmbito do Acordo Brasil-Alemanha (1974-1988). Na época, a instituição atuou na prospecção de urânio, licenciamento das instalações de mineração, beneficiamento de urânio e na fabricação de elementos combustíveis, além do treinamento de operadores de reatores para a Usina Nuclear de Angra 1.

Onze anos depois, em 1988, a Nuclebrás foi extinta e o CDTN passou a fazer parte da Cnen, vínculo esse que perdura até os dias de hoje. Já no início do século XXI, se destaca a implementação do Programa de Pós-Graduação em Ciências e Tecnologia das Radiações, Minerais e Materiais do CDTN, reconhecido pela Capes, e que já formou mais de 280 mestres e cerca de 60 doutores na área de Ciência e Tecnologia das Radiações, Minerais e Materiais.

Pandemia

Durante a pandemia ocasionada pela Covid-19, causada pelo vírus SARS-CoV-2, assim como o resto do mundo, o CDTN precisou lidar com um cenário de desafios. O primeiro deles foi o estabelecimento do trabalho remoto para grande parte de seus servidores e colaboradores e a instauração de um comitê para a definição de medidas de segurança para os trabalhadores dos serviços essenciais.

Hoje, as atividades essenciais que se mantiveram em regime presencial são os serviços prestados pelo LIG, a produção de radiofármacos, o atendimento a emergências radiológicas, e o recebimento de rejeitos radioativos.

Como uma instituição à serviço da sociedade, o CDTN também está engajado nas ações de combate à doença. Ainda no início da pandemia, a instituição doou cerca de 2.500 Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para os profissionais da saúde de Belo Horizonte (MG), além de produzir máscaras de proteção através de sua impressora 3D. O LIG irradiou kits de teste para o coronavírus, com fins de esterilização e fez pesquisas sobre o reaproveitamento de máscaras de proteção do tipo N95, utilizando radiação.

O CDTN também tem se engajado por meio da pesquisa científica. Em colaboração com o Instituto de Ciências Biológicas (ICB/UFMG), a instituição lidera um estudo de monitoramento do vírus em aerossóis atmosféricos em Belo Horizonte (MG). Utilizando diferentes formas de coleta de partículas pequenas contidas no ar da cidade, os pesquisadores do CDTN coletaram materiais, posteriormente analisados, a fim de entender melhor a rota de contaminação do coronavírus pelo ar, onde e como a contaminação é mais gerada, até que distância o vírus pode ser propagado, em que quantidade, e como evitar essa contaminação.

É nesse cenário que o CDTN completa 68 anos de existência, reforçando seu papel enquanto uma instituição pública de pesquisa e desenvolvimento a favor da sociedade brasileira, em especial, a nível regional, junto aos mineiros.

O diretor do CDTN, Luiz Ladeira, parabenizou os servidores e colaboradores que têm trabalhado para construir o Centro todos os dias. “Eu me orgulho de ter compartilhado com essa Instituição, 50 dos meus 72 anos de vida, pois essa é a minha casa, a nossa casa”, declarou Ladeira.

Fonte: Assessoria de Comunicação Social do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN/Cnen)

Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).