Visão do Porto do Rio de Janeiro em uma interface de carta náutica eletrônica

Primeiro-Tenente (RM2-T) Camila Marques de Almeida

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No final do ano de 2021, o Centro de Hidrografia e Navegação do Norte (CHN-4) publicou, pela primeira vez, uma Carta Náutica Eletrônica da Região Amazônica, atendendo ao Plano de Readequação dos Setores de Hidrografia e Cartografia, proposto pela Diretoria de Hidrografia e Navegação. O intuito é descentralizar a produção cartográfica que ficava a cargo, exclusivamente, do Centro de Hidrografia da Marinha (CHM), em Niterói (RJ).

O levantamento de dados na Região Amazônica é um grande desafio, segundo o Diretor do CHN-4, Capitão de Fragata Andérmisson Claudino da Silva Moura. De acordo com ele, independentemente do formato da carta, a área de encontro entre a Amazônia Verde com a Amazônia Azul é uma simbiose de desafios para qualquer hidrógrafo. “Para cada período de cheia, há uma variação, em média, de dez metros no nível dos rios. Todo ano, têm transformações no leito do Rio Amazonas. Ilhas que existiam em determinado momento sofrem mudanças de posição. A cartografia é atualizada com frequência e na versão eletrônica esse processo é mais prático para os navegantes”.

Desde 2008, o Brasil distribui de modo sistemático e oficial as cartas náuticas eletrônicas. Atualmente, são mais de 600 cartas em papel e mais de 200 cartas eletrônicas vetoriais, sendo que as principais vias navegáveis do País já estão cartografadas.

De acordo com a Convenção Internacional para Salvaguarda da Vida Humana no Mar, a partir de 2018 se tornou uma exigência os navios de grande porte utilizarem carta eletrônica. A partir dessa determinação, o Brasil passou por avanços tecnológicos de equipamentos e na produção cartográfica. A tendência agora é seguir o padrão internacional de uso das cartas digitais, que já são utilizadas em outros países.

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Laboratório da Seção de Cartografia na CHN-4

A importância das cartas náuticas

A carta náutica é amplamente utilizada e possui uma finalidade específica: a segurança da navegação. Ela é considerada um documento oficial, elaborado para os navegantes, seja no formato analógico ou digital. Os levantamentos são realizados nos oceanos, mares, baías, rios, canais, lagos, lagoas, ou qualquer outra massa d’água navegável.

No Brasil, a Diretoria de Hidrografia e Navegação, na qualidade de serviço hidrográfico brasileiro, mantém atualizadas todas as cartas náuticas das Águas Jurisdicionais Brasileiras. As normas técnicas para construção de uma carta náutica são ditadas pela Organização Hidrográfica Internacional.

De acordo com o Encarregado da Seção de Novas Edições do Centro de Hidrografia da Marinha, Capitão de Corveta (EN) Christopher Florentino, esse documento apresenta diversas informações, dentre elas as profundidades, perigos e outras indicações necessárias à segurança da navegação. “Pense no trajeto terrestre, por mais que haja um obstáculo, normalmente esses são visíveis. O ambiente marinho guarda muitos detalhes do relevo que não são tão óbvios. A carta náutica apresenta ao navegante, de forma simples, os perigos submersos, invisíveis aos olhos de quem conduz a embarcação e fornece um conhecimento necessário para uma navegação segura”.

A Base de Hidrografia da Marinha em Niterói é a Organização Militar responsável pela impressão das cartas náuticas em papel. Já a venda e distribuição são realizadas pela Empresa Gerencial de Projetos Navais.

As cartas náuticas eletrônicas são disponibilizadas, exclusivamente, por intermédio de distribuidores internacionais dos Centros de Coordenação Regional, operado pelo Serviço Hidrográfico do Reino Unido. Já as cartas náuticas raster (imagem digitalizada de uma carta em papel) estão disponibilizadas gratuitamente para download.

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A imagem a esquerda trata-se de uma ENC e lado direito um modelo de raster
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Exemplo de carta náutica no papel do Porto do Rio de Janeiro
Marcelo Barros, com informações da Marinha do Brasil
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Assessoria de Comunicação (UNIALPHAVILLE), MBA em Jornalismo Digital (UNIALPHAVILLE), Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).