Exercício de paz: Marinha e ONU treinam militares para diálogos em zonas de conflito

Militares em treinamento na floresta.
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Entre os dias 28 de maio e 6 de junho, o Centro de Operações de Paz e Humanitárias de Caráter Naval, no Rio de Janeiro, foi palco de uma capacitação internacional que reforça o compromisso do Brasil com a segurança global. No encerramento do III Curso do Pelotão de Engajamento das Nações Unidas, 30 militares — incluindo estrangeiros de países como China, Reino Unido e Nigéria — participaram de um exercício que simulou uma negociação direta com um líder local, em cenário fictício de conflito.

Estrutura, conteúdo e certificação do III Curso do Pelotão de Engajamento da ONU

O III Curso do Pelotão de Engajamento das Nações Unidas foi estruturado em duas fases distintas. A primeira, realizada à distância entre 15 e 21 de maio, teve foco no conteúdo do Core Pre-deployment Training Materials, um conjunto de módulos obrigatórios para todos os militares, policiais e civis que integram missões de paz da ONU. Os temas abordaram direitos humanos, conduta e disciplina, proteção de civis e responsabilidades em ambiente operacional de paz.

A segunda fase, entre 28 de maio e 6 de junho, foi totalmente presencial no Rio de Janeiro e teve como ênfase o planejamento e execução de ações de engajamento civil-militar. Os alunos participaram de oficinas práticas sobre avaliação do terreno humano, mediação de conflitos locais e estratégias de construção de confiança com lideranças comunitárias.

Um dos pontos altos foi a presença de um Oficial do Setor de Treinamento do Quartel-General das Nações Unidas, que acompanhou todas as atividades com o objetivo de avaliar o curso para uma futura certificação oficial da ONU. A obtenção desse reconhecimento internacional será um marco importante para o Centro de Operações de Paz da Marinha, consolidando-o como referência na América Latina.

Intercâmbio cultural e cooperação internacional entre os militares

Equipe da Marinha do Brasil no evento CoPPazNav.

Além do rigor técnico, o curso promoveu uma rica troca cultural. Com 30 alunos de seis diferentes nacionalidades, o ambiente de instrução tornou-se um espaço de intercâmbio de experiências operacionais e perspectivas estratégicas sobre as missões da ONU.

Os 22 militares brasileiros dividiram sala e campo de treinamento com 2 chineses, 2 britânicos, 2 namibianos, 1 nigeriano e 1 militar de São Tomé e Príncipe. Essa diversidade fortaleceu o espírito de cooperação internacional, um dos pilares das operações de manutenção da paz.

Em depoimentos colhidos durante a formatura, vários alunos estrangeiros elogiaram a infraestrutura do Centro de Operações de Paz da Marinha, a qualidade técnica dos instrutores brasileiros e a abordagem prática adotada no curso, com ênfase em exercícios realistas de campo. A interação constante entre diferentes culturas militares também contribuiu para o desenvolvimento da capacidade de adaptação dos participantes em cenários multinacionais.

O papel do Brasil nas missões de paz da ONU e a importância do curso para a política de Defesa

O sucesso do III Curso do Pelotão de Engajamento das Nações Unidas reafirma o protagonismo brasileiro nas missões de paz da ONU, um campo no qual o país acumula mais de 70 anos de experiência. Desde as históricas missões no Haiti (MINUSTAH) e no Líbano (UNIFIL) até as recentes participações em Sudão do Sul e República Centro-Africana, o Brasil tem sido reconhecido por sua capacidade de formar militares com alto grau de preparo técnico e sensibilidade humanitária.

O curso também reforça os princípios da Política Nacional de Defesa e da Estratégia Nacional de Defesa, que estabelecem como prioridade a atuação ativa do Brasil em organismos multilaterais, ampliando sua influência internacional e contribuindo para a paz e a segurança globais.

Manter estruturas como o Centro de Operações de Paz e Humanitárias de Caráter Naval é fundamental para assegurar que as Forças Armadas Brasileiras continuem a desempenhar um papel relevante no cenário internacional. A busca pela certificação da ONU é um passo estratégico que fortalece a posição do Brasil como polo regional de treinamento em operações de paz, preparando militares brasileiros e estrangeiros para os desafios de um mundo cada vez mais interdependente e complexo.

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