Alerta: Forças armadas brasileiras se enfraquecem em meio a tensões globais

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A crescente instabilidade mundial acendeu alertas em todos os países — menos no Brasil. O Brasil, com fronteiras extensas, litoral estratégico e vastos recursos naturais, continua reduzindo investimentos em Defesa mesmo diante do colapso do sistema internacional. A negligência orçamentária de Brasília enfraquece as Forças Armadas e compromete a soberania nacional em um cenário de insegurança crescente.

O impacto dos cortes no orçamento da Defesa e nas capacidades operacionais

Em 2025, o Ministério da Defesa enfrentou o menor orçamento proporcional em mais de duas décadas, com bloqueios sistemáticos e contingenciamentos que atingem diretamente a capacidade operativa das Forças Armadas. Programas estratégicos como o PROSUB, o SISFRON e o desenvolvimento de novos caças Gripen NG foram desacelerados ou suspensos por falta de recursos. A manutenção de meios navais e terrestres foi reduzida ao mínimo necessário, enquanto exercícios militares conjuntos foram cancelados.

Essa escassez compromete a prontidão das tropas, o adestramento contínuo e a capacidade de resposta rápida a cenários de crise, internos ou externos. Unidades operacionais relatam falta de combustível, peças sobressalentes e munições, enquanto os efetivos são realocados de acordo com critérios emergenciais, e não estratégicos. A dissuasão nacional está enfraquecida, e, em um ambiente internacional instável, isso representa uma ameaça concreta à segurança e à soberania do Brasil.

A desconexão entre a percepção pública, a classe política e a realidade estratégica

Apesar da gravidade do cenário, Defesa Nacional raramente ocupa o centro do debate público. Grande parte da população brasileira desconhece o papel estratégico das Forças Armadas além de situações de emergência ou operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Essa desinformação favorece decisões políticas de curto prazo, que priorizam narrativas ideológicas em detrimento de investimentos estruturais e contínuos.

Um reflexo direto dessa desconexão foi a declaração recente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante encontro com o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, e o Comandante do Exército, General Tomás Paiva. Disse o presidente:

“Eu tive uma conversa muito longa com o ministro José Múcio e o General Tomás. E a sugestão que eu dei para ele é que daqui para frente todos os 70 mil recrutas que são convocados para as Forças Armadas todo ano — e a gente não tem guerra, portanto, não precisa preparar ninguém para a guerra porque a gente não vai querer guerra — que essa meninada seja preparada para enfrentar a questão climática.”

Ao propor que os recrutas sejam treinados para apagar fogo e combater mosquitos, e não para combate, o presidente reforça uma visão funcionalista e assistencialista das Forças Armadas, desconectada das necessidades reais de defesa nacional. Em um momento em que o mundo se reestrutura geopoliticamente, tal postura representa mais do que uma escolha administrativa — trata-se de uma renúncia à soberania estratégica do país.

Parlamentares e gestores do Executivo parecem tratar o orçamento da Defesa como moeda de ajuste fiscal, ignorando que a manutenção da paz, do comércio e da soberania territorial depende diretamente de uma força militar equipada e funcional. Enquanto países do G20 e da América do Sul aumentam seus gastos com Defesa em resposta ao novo contexto global, o Brasil age como se estivesse isolado de riscos externos, o que aprofunda o fosso entre realidade e planejamento.

Brasil vulnerável em um mundo instável: riscos, omissões e o preço da negligência

O contraste entre o Brasil e o restante do mundo é alarmante. Segundo dados do SIPRI (Instituto Internacional de Pesquisas para a Paz de Estocolmo), os gastos militares globais atingiram seu maior nível histórico em 2025, puxados por aumentos nos orçamentos de China, Índia, Polônia, Coreia do Sul e até Argentina. Em todos esses países, a Defesa passou a ser tratada como questão estratégica de Estado.

Enquanto isso, o Brasil segue desprotegido, sem plano de modernização integrado e com deficiências crônicas em vigilância de fronteiras, proteção cibernética e projeção naval. A ausência de uma política nacional de Defesa com respaldo político real e orçamento robusto é uma negligência com consequências que podem custar caro em um futuro próximo — especialmente diante de crises que envolvam recursos estratégicos, soberania territorial ou disputas internacionais.

O avanço da multipolaridade e a desorganização da ordem global demandam não apenas diplomacia, mas também capacidade de defesa compatível com o tamanho e as ambições do Brasil. Persistir na negligência orçamentária é mais do que um erro administrativo: é um risco existencial para a segurança nacional.

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Marcelo Barros
Jornalista (MTB 38082/RJ). Graduado em Sistemas de Informação pela Universidade Estácio de Sá (2009). Pós-graduado em Administração de Banco de Dados (UNESA), pós-graduado em Gestão da Tecnologia da Informação e Comunicação (UCAM) e MBA em Gestão de Projetos e Processos (UCAM). Atualmente é o vice-presidente do Instituto de Defesa Cibernética (www.idciber.org), editor-chefe do Defesa em Foco (www.defesaemfoco.com.br), revista eletrônica especializado em Defesa e Segurança, co-fundador do portal DCiber.org (www.dciber.org), especializado em Defesa Cibernética. Participo também como pesquisador voluntário no Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) da Escola de Guerra Naval (EGN) nos subgrupos de Cibersegurança, Internet das Coisas e Inteligência Artificial. Especializações em Inteligência e Contrainteligência na ABEIC, Ciclo de Estudos Estratégicos de Defesa na ESG, Curso Avançado em Jogos de Guerra, Curso de Extensão em Defesa Nacional na ESD, entre outros. Atuo também como responsável da parte da tecnologia da informação do Projeto Radar (www.projetoradar.com.br), do Grupo Economia do Mar (www.grupoeconomiadomar.com.br) e Observatório de Políticas do Mar (www.observatoriopoliticasmar.com.br) ; e sócio da Editora Alpheratz (www.alpheratz.com.br).

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